domingo, 31 de maio de 2015

Ana Carolina, Seu Jorge - É Isso Aí (The Blower's Daughter)

Futuro e nós

Joana de Ângelis
Desconheces a programática futuro a respeito da tua vida.
Numa longa viagem, o caminho apresenta paisagem sempre diversa.
A visão da linha reta faculta uma previsão de sucessos; no entanto, uma curva, à frente, oferece aspectos surpreendentes, inesperados.
A experiência resulta sempre da vivência de um fato.
O progresso decorre das experiências bem sucedidas.
Como não deve temer o futuro, não te cabes o direito de subestimá-lo.
Tuas forças, tuas conquistas.
Tentame vencido, é passo à frente.
O futuro é uma incógnita para todos nós.
Aplica a bênção da saúde, hoje, na realização do bem e na construção correta do porvir.
Juventude, paz de espírito, saúde constituem tesouros de valor incalculável para a elevação moral do homem, de cuja utilização prestarás conta.
Enquanto és depositário desses recursos, outros lhes lamentam a escassez ou lhes padecem a ausência.
Agora sorris e o teu próximo chora.
Reparte o teu júbilo, diminuindo-lhe a carência. Talvez, se não agires com acerto, amanhã sejas tu quem se encontre a chorar, e ele, liberado, esteja a sorrir.
As provações e testemunhos aferem a qualidade e a correção moral do homem idealista.
O cristão não foge à regra. Pelo contrário: é convidado a ensinar pelo exemplo, demonstrando a validade dos conceitos esposados, na sua áspera vivência.
Bendize a alegria, mas não descartes a possibilidade das lágrimas.
Como não seria justo sofrer por antecipação, não será lógico acreditar-se imune à dor.
            Não obstante Jesus soubesse do sofrimento que experimentaria no supremo testemunho da soledade, pelo abandono dos amigos; na cruz, para autenticar a excelência da Sua Doutrina; na resignação e confiança absolutas em Deus, para confirmar a herança divina de que se fazia depositário, sorriu com as criancinhas, amou a Natureza e os homens, espalhou o otimismo e a saúde, preparando-se, porém, para o sublime holocausto de amor com o qual, até hoje, é o herói silencioso e triunfante dos séculos.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Ah! Os Relógios


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios…

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são…

( Mario Quintana )
(poema do livro A Cor do Invisível. 2a. edição. São Paulo: Globo, 2005. p.96.)

sábado, 23 de maio de 2015

Hoje é Tempo de Ser Feliz!


A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver. 

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes. 

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe... 

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!" 

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura. 

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos! 

Infelicidade, talvez seja o contrário. 

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã! 

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas. 

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores... 

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa. 

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam... 

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem... 

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena... 

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade... 

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo. 

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo. 

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz. 

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida. 

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito... 

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..." 

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões. 

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma. 

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu para duvidar... (?)
    Padre Fábio de Melo

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Mudar é preciso!


As mudanças fazem parte da vida. Ir para uma nova cidade, decidir por uma carreira internacional, mudar de profissão, de estado civil, de emprego, de casa, de vida.

Existem as mudanças desejadas e também as imprevistas. Independente do jeito que for as novas situações nos levam a buscar diferentes formas de adaptação e nos dá a oportunidade de ampliar nossas experiências e amadurecer.

Ás vezes a vontade de mudar existe, é legítima, mas o indivíduo se vê paralisado frente às transformações que deseja realizar.

Isso é muito comum ocorrer ao longo do processo terapêutico. À medida que o sujeito começa a se perceber e se conhecer melhor, ganha autonomia e tem vontade de reformular para melhor algumas áreas da vida.

No entanto, deixar um estado conhecido para atingir um novo traz consigo aspectos desafiadores.

Junto com a vontade da mudança surgem também as sensações de medo e insegurança. Será que vale a pena? Será que eu consigo? Essas indagações são naturais e é importante estar atento, para evitar possíveis boicotes e, assim, conseguir realizar as mudanças desejadas.

Vontade, coragem e estratégia

O anseio de mudar é importante, pois serve como motivador e encorajador para realizar as ações necessárias. Para isso, é fundamental ter um bom planejamento. Refletir, ponderar, criar estratégias e prazos é essencial para alcançar aquilo que se quer.

Alguns aspectos nesse processo merecem uma atenção especial. Abaixo estão alguns deles:

– Toda mudança leva a algum tipo de perda. É preciso colocar isso em perspectiva. Para morar em uma nova cidade, por exemplo, é preciso perder o conforto do ambiente conhecido. As perdas são naturais e positivas em certa medida, fazem parte do movimento da vida e são necessárias para que novas situações possam de fato acontecer.

– Por mais que haja planejamento e estratégias de ação, por mais que haja vontade, existe um elemento essencial para fazer a passagem da situação antiga para a nova: Coragem! Essa capacidade de enfrentamento dos desafios é essencial para abrir o caminho e chegar onde é preciso. A coragem junto à fé, de que a mudança é o melhor caminho a seguir, é o que sustenta a travessia. Quando abrimos mão da situação segura e estamos construindo uma nova, as dúvidas tendem a surgir intensamente: Será que fiz certo? Será que vou dar conta? Isso acontece porque a situação nova ainda está se formando, não é possível colher frutos ainda, é preciso investir tempo, energia e esperar com coragem e fé.

– Mudar deve atender o anseio de levar o sujeito para uma realidade mais condizente com aquilo que traz sentido para a sua vida e consequentemente mais satisfação e alegria, mas isso não quer dizer que não haverão dificuldades. Problemas existirão sempre, o que muda é a condição emocional da pessoa. Quando se faz uma escolha em direção a uma nova situação e a mudança é concretizada, a sensação de realização traz contentamento e a pessoa tende a se tornar mais tolerante perante as adversidades e mais capaz de superar os próprios desafios.

A essência

Uma vez li uma frase que me chamou a atenção e cabe bem nesse momento: “É importante não perder de vista as coisas que te encantam, pois ali há um pouco da tua essência”

Quanto mais nos distanciamos daquilo que nos encanta em função do que é puramente conveniente, mais a vida perde seu sentido. Ás vezes não percebemos esse distanciamento e quando nos damos conta estamos muito longe daquilo que nos traz alegria. Nesse momento a semente de uma transformação é plantada e é importante olhar para ela com coragem e avaliar se é a hora de iniciar uma transição com todos os desafios e satisfações que essa mudança irá trazer.

por Marcela Pimenta Pavan
CRP 05/41841
 marcelapimentapavan@gmail.com

terça-feira, 12 de maio de 2015

A Garça Velha


 Fábula de Monteiro Lobato

Certa garça nascera, crescera e sempre vivera à margem duma lagoa de águas turvas, muito rica em peixes. Mas o tempo corria e ela envelhecia. Seus músculos cada vez mais emperrados, os olhos cansados – com que dificuldade ela pescava!

– Estou mal de sorte, e se não topo com um viveiro de peixes em águas bem límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo feliz em que meus olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa…

E de pé num pé só, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que lhe ocorreu uma idéia.

– Caranguejo, venha cá! – disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta do seu buraco.

– Às ordens. Que deseja?

– Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O dono das terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu esvaziamento e o ajudarem a apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça! Não vai escapar nem um miserável guaru.

O caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la aos peixes.

Grande rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às tontas, sem saberem como agir. E vieram para a beira d’água.

– Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre da grande calamidade.

– Um conselho?

E a matreira fingiu refletir. Depois respondeu.

– Só vejo um caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca.

– Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço?

– Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a peixaria inteira no meu bico.

Não havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre – e a garça os mudou a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenininho, de águas sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los até o fim da vida.

Ninguém acredite em conselho de inimig
o. (e nem de alguns  "amigos")

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Não Olhe Pra Trás


Capital Inicial

Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito

Se o que é errado ficou certo
As coisas são como elas são
Se a inteligência ficou cega
De tanta informação

Se não faz sentido, discorde comigo
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe prá trás

Você quer encontrar a solução
Sem ter nenhum problema
Insistir em se preocupar demais
Cada escolha é um dilema

Como sempre estou
Mais do seu lado que você
Siga em frente em linha reta
E não procure o que perder

Se não faz sentido, discorde comigo
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe prá trás

domingo, 10 de maio de 2015

FLORBELA ESPANCA - AMAR - Narração Miguel Falabela

Desculpa

Usamos comumente o termo "desculpa" quando queremos nos redimir perante alguém a quem causamos algum dano ou prejuízo. É a atitude de quem se conscientizou de ter ofendido, contrariado ou aborrecido outrem. Em outras palavras, quem pede desculpa quer dizer: retira a culpa que há em mim, pois me sinto responsável pelo mal que te causei. 

No entanto, existem indivíduos que, a cada momento e de forma irrefletida, fazem uso da palavra "desculpa". Repetem-na sistematicamente durante anos e anos, porém continuam perpetuando os mesmos erros e agressões.

Solicitam mil desculpas, mas nunca se soltam das amarras das atitudes desastrosas. Pedem com insistência compadecimento e paciência, e jamais renovam seus comportamentos; continuam atormentando a vida alheia.

Acostumaram-se a pedir desculpas como se essa palavra fosse uma "varinha de condão" que desfizesse de um instante para outro, num passe de mágica, todas as mágoas e perdas, afrontas e injúrias, sensações desagradáveis, desgostos e aborrecimentos causados pelos agravos e indelicadezas que cometeram.

São criaturas que vulgarizaram o termo "desculpa" e o empregam de modo automático, repetindo mensagens contidas num "livro de regras" ou de etiqueta. Não se conscientizaram de sua imaturidade, visto que não perceberam nem reconheceram ainda como concretos os atos e as atitudes inadequados que reproduzem quase todos os dias nos seus mais diversos relacionamentos. Reincidem nos mesmos erros de forma compulsiva, como se possuíssem uma imposição interna irresistível que as levasse a comportar-se sempre da mesma maneira.

É essencial diferenciar a "desculpa social" da "desculpa conscientizada". A primeira simplesmente atravessa as barreiras da boca de forma impensada; pode ser uma manobra ardilosa ou um pretexto para evitar dificuldades futuras diante de situações difíceis. A pessoa recorre a subterfúgios ou estratagemas para conseguir algo. A segunda sai do "coração conscientizado", da alma verdadeiramente arrependida. "O homem bom, do bom tesouro do coração tira o que é bom..." 

Desculpar pode ser o início de um novo tempo de convívio respeitoso, mas também pode ser um eterno jogo psicológico em que apenas se amortecem o desrespeito, a brutalidade e o golpe da ofensa. 

"(...) Aquele que pede a Deus o perdão de suas faltas não o obtém senão mudando de conduta. As boas ações são as melhores preces, porque os atos valem mais que as palavras." 

"Há mais felicidade em dar que em receber" , ensina-nos a narrativa evangélica. Realmente a pessoa que doa sabe, por experiência própria, que é mais feliz quando dá do que quando recebe. 

Não exijamos dos outros aquilo que eles ainda não nos podem dar. O ato de perdoar ou o de desculpar verdadeiramente requer amadurecimento e crescimento espiritual e, por conseqüência, certo grau de evolução. 

Perdoar ou desculpar alguém é bom e saudável, mas viver desculpando indefinidamente os erros alheios pode ser muito perigoso. As emoções enterradas e não verbalizadas se manifestarão de forma negativa em outras situações e com diferentes pessoas em nosso dia-a-dia. Em vez de permitir que alguém nos use e magoe de forma obstinada, estabeleçamos limites e aprendamos a validar nossa dignidade pessoal, desenvolvendo a arte de amar a nós mesmos, para que possamos amar plenamente os outros.

de Hammed
Trecho do livro Os Prazeres da Alma

sábado, 9 de maio de 2015

Poeira ou folha levada




Mário Quintana

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

terça-feira, 5 de maio de 2015

Um pássaro no dedo...


Como sentimos tanta dificuldade de nos desapegarmos de tudo! Esquecemos que um dia ou a qualquer momento teremos que deixar tudo e seguir adiante levando apenas as conquistas guardadas no coração. Precisamos nos preparar para nossa partida e para aceitar a partida dos outros, que sempre são levados pela vida ou pela morte. 

Quando precisamos partir e temos tempo para nos preparamos para isso é que vemos o tamanho do nosso apego. Reduzir a bagagem é difícil. A bagagem das coisas materiais ainda conseguimos nos desfazer jogando fora um pouco disso ou doando um pouco daquilo, mas as coisas do coração são difíceis de jogar fora e se resolvemos doá-las elas se multiplicam em nós.


Rubem Alves diz que "Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar". Eu digo que a vida é este pássaro que em um momento está pousado aqui e em outro momento está pousado lá, mas, às vezes, de tanto tempo pousado no mesmo lugar esquece que a qualquer momento pode alçar um novo voo. E é com essa impermanência que temos que lidar na hora das mudanças, pequenas ou grandes, na hora da partida, na hora de dizer adeus e se desapegar.

Enfim, precisamos aprender a dizer adeus a nossa maravilhosa zona de conforto.

Áurea Ribeiro

Pois é...


"Somos insignificantes. Por mais que você programe sua vida, a qualquer momento tudo pode mudar."

Airton Senna

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Moça do Sonho



De Chico Buarque e Edu Lobo
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver um lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás 
Se eu pudesse encontrar, meu amor
Não voltava
Jamais

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Dificuldade em expressar sentimentos

Patrícia Costa
Psicóloga
Muitas são as pessoas que apresentam dificuldades em expressar seus sentimentos e ao não verbalizar suas emoções e dores acabam sofrendo em silêncio. Temos então a alexitimia, caracterizada como um distúrbio afetivo atribuído a pessoas que possuem personalidade caracterizada pela incapacidade em reconhecer e expressar adequadamente as emoções e sentimentos através da linguagem.

Entretanto, é preciso distinguir quem sofre deste distúrbio de quem não consegue expressar o que sente como um mecanismo de defesa. Em muitos casos o que acontece é que a pessoa foi alvo de muitas críticas ou não recebeu a devida atenção aos sentimentos quando criança, portanto, quando adulto precisará aprender a lidar com seus afetos e a maneira como expressá-los.

É importante ressaltar que a dificuldade de se expressar emocionalmente e reagir com afeto pode acarretar uma série de problemas, com prejuízos cognitivos, afetivos e sociais para o indivíduo. Há ainda outra área que poderá sofrer prejuízos, como adoecer com maior frequência e de maneira mais grave.

Com a dificuldade de comunicar em palavras os pensamentos e sentimentos surgem as doenças psicossomáticas, ou seja, é a forma inconsciente de manifestarmos nosso sofrimento por meio de sintomas, como insônia, ansiedade, afecções dermatologias, respiratórias, gastrintestinais, entre outros. Os sintomas são muitas vezes expressões simbólicas que revelam segredos emocionais e se trabalhados adequadamente, permitirá que a pessoas reorganize sua vida.

Falar dos próprios sentimentos pode ser uma tarefa muito complexa para algumas pessoas, trazendo sensação de desconforto, vulnerabilidade e medo de machucar o outro ou a si próprio. Todavia, as intervenções psicológicas têm mostrado grandes avanços na medida em que estimula a troca, favorece a construção de diálogos e relações mais espontâneas por meio do autoconhecimento e da autotransformação.

Fonte: http://www.patriciacostapsicologa.com.br/#!Dificuldade-em-expressar-sentimentos/c1n2h/ AE30A939-6D1E-46C8-BF00-B8A85E7C09FC