domingo, 30 de junho de 2013

A Escolha de Sofia - outra relíquia


Outro dia, tive a oportunidade de encontrar o livro A Escolha de Sofia de Wylliam Styron. Com a releitura do livro lembrei  da época em que assisti o filme e de como a história de Sofia tinha mexido comigo naquele tempo. Sofia era uma polonesa, não judia, que tinha sido apanhada pelos nazistas juntamente com seus dois filhos e, no momento de fazerem a triagem para encaminhá-los para o campo de concentração, por ela não ser judia, os nazistas lhe deram o direito de escolher, entre os seus dois filhos, apenas um para ir de imediato para as câmaras de gás. Meryl  Streep, mas bela do que nunca, fez uma cena inesquecível. Uma cena para ser lembrada em todos os nossos momentos de grandes escolhas, é claro que escolhas  numa escala infinitamente menor. Seis anos depois de ter assistido esse filme, aos 28 anos, eu tive que fazer uma escolha bem difícil. Eu tinha que escolher entre cuidar daqueles que estavam sob minha responsabilidade ou cuidar da minha própria vida, construindo minha própria família, porque, na ocasião, não havia um meio termo. Naquele momento eu lembrei muito de Sofia e também em outros momentos de escolhas difíceis pelas quais passei depois. O filme é muito fiel a história contada no livro, mas o livro é muito mais intenso, mais  completo, principalmente se lido após ter assistido o filme, porque a beleza de Meryl Streep vem a nossa mente sempre que nos deparamos com Sofia no livro.

Sinopse do filme:
Com brilhante interpretação de Meryl Streep, A Escolha de Sofia é um filme denso, emocionante. Sofia (Streep) é uma polonesa que sobreviveu aos horrores de um campo de concentração nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Agora, ela tenta reconstruir sua vida nos Estados Unidos. Passa a viver entre o amor inconstante da Nathan (Kevin Kline), que lhe devolve a vontade de viver, e a devoção do amigo Stingo (Peter MacNicol), mas ainda é atormentada pelo fantasma da escolha que foi obrigada a fazer em Auschwitz. Um filme grandioso, com Meryl Streep numa de suas atuações mais marcantes, vencedora do Oscar® de Melhor Atriz.
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Última Ceia - curiosidade

 
No tempo de Jesus já era universal o uso das pessoas se reclinarem para comer.
 Em regra, somente três pessoas se acomodavam em cada leito, mas ocasionalmente quatro, e até cinco.
Os leitos estavam providos de almofadas, sobre as quais se firmava o cotovelo esquerdo, ficando livre o braço direito.
 
Do livro: Estamos Prontos - Hammed - Médium: Francisco do Espírito Santo Neto

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os onze sinais de paz interior


Medite em cada um deles e sinta a força que emana de seu coração:

 1. Perda de interesse em conflito;

 2. Ataques frequentes de sorrir;

 3. Esmagadores ataques frequentes de apreciação;

 4. Perda de desejo de julgar os outros;

 5. Capacidade inconfundível de apreciar cada momento;

 6. Tendência a pensar e agir espontaneamente ao invés de medo baseado na experiência do passado;

 7. Perda de interesse em interpretar as ações dos outros;

 8. Perda da capacidade de se preocupar (um sintoma grave);

 9. Sentimentos satisfeitos de conexão para com o outro e da natureza;

 10. Aumentando a susceptibilidade a amor prorrogado por outros, bem como uma incontrolável vontade de estendê-lo;

 11. Tendência crescente para deixar as coisas acontecerem ao invés de fazer as coisas acontecerem.

Desconheço a autoria.
Imagem retirada do SITE: http://anahataespaoterapeutico.blogspot.com.br/2013/01/transformando-doenca-e-o-sofrimento.html

Transitoriedade


 Certa vez, uma pequena onda do oceano percebeu que ela não era igual às outras ondas e disse:

- Como sofro! Sou pequena, e vejo tantas ondas maiores e mais poderosas do que eu! Sou na verdade desprezível e feia, sem força e inútil...

 Outra onda do oceano lhe escutou e disse:

- Tu sofres porque não percebes a transitoriedade das formas, e não enxergas tua natureza original. Anseias egoisticamente por aquilo que não és, e mergulhas em autopiedade!

- Mas, - replicou a pequena onda - se não sou realmente uma pequena onda, o que sou?

- Ser onda é temporário e relativo. Não és onda, és água!

- Água? E o que é água?

- Usar palavras para descrevê-la não vai levar-te à compreensão. Contemples a transitoriedade à tua volta, tenhas coragem de reconhecer esta transitoriedade em ti mesma. Tua essência é água, e quando finalmente vivenciares isso,  deixarás de sofrer com tua egóica insatisfação...

Recebi  de Claire Gobert – desconheço a autoria

sábado, 22 de junho de 2013

Despedida

Martha Medeiros
Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo.

Imagem retirada do site: http://www.essaseoutras.xpg.com.br/diferenca-entre-sentimentoemocao-e-razao-ser-emocional-ou-racional/

Minha alma tem pressa


Rubem Alves

Contei meus anos e descobri
Que terei menos tempo para viver do que já tive até agora...
Tenho muito mais passado do que futuro...
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas...
As primeiras, ele chupou displicentemente...
Mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço...

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades...
Inquieto-me com os invejosos tentando destruir quem eles admiram.
Cobiçando seus lugares, talento e sorte...
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas.
As pessoas não debatem conteúdo, apenas rótulos...
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
Quero a essência.... Minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana...muito humana...
Que não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade....

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Encerrando Ciclos


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?

Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?

A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
                                                                Gloria Hurtado
   (Nota: o texto Encerrando Ciclos não é de Fernando Pessoa ou de Paulo Coelho)
 Texto retirado do site: http://pensador.uol.com.br/encerrando_ciclos/
Imagem retirada do site: http://blogdaroxana.blogspot.com.br/2009/07/fadas-sao-elementais-do-ar-cuidam-da.html

sábado, 15 de junho de 2013

Quando eu for somente um sonho


Por PARAMAHANSA YOGANANDA
 
Venho para falar Dele a todos,
De como guardá-Lo no peito
E da disciplina que atrai Sua graça.
A ti, que me pediste
Guiar-te à presença do meu Bem-amado,
Com minha silenciosa mente te advertirei,
Ou falarei contigo, através de um doce e expressivo olhar,
Sussurrarei baixinho com a voz do meu amor,
Ou te alertarei em voz alta quanto te afastares Dele.
Mas quando eu me tornar apenas uma lembrança
Ou imagem mental, ou voz silenciosa,
Quando nenhum apelo terrestre revelar
Meu paradeiro no espaço insondável,
Quando nenhuma leve súplica ou ordem severa
Trouxer de mim uma resposta,
Sorrirei na tua mente quando estiveres certo,
E quando errares,  chorarei através de meus olhos,
Fitando-te veladamente na escuridão.
E chorarei através de teus olhos talvez;
E murmurarei através de tua consciência,
E raciocinarei contigo usando da tua razão,
E amarei todos através do teu amor.
Quando não mais puderes me falar,
Lê meus "Sussurros da Eternidade";
Por meio deles, falarei contigo eternamente.
Incógnito, caminharei a teu lado
Protegendo-te com braços invisíveis.
E assim que conheceres o meu Bem-amado
E ouvires a Sua voz no silêncio,
Reconhecer-me-ás novamente, mais tangível
Do que me conheceste na Terra.
Mas quando eu for somente um sonho para ti,
Voltarei  para te lembrar que também não passas
De um sonho do meu Bem-amado Celestial.
E quando souberes que és um sonho, como eu agora sei,
Estaremos despertos Nele para sempre.

domingo, 9 de junho de 2013

A Última Estação


Morte de Liev Tolstói, um dos maiores escritores de todos os tempos, foi precedida de momentos conturbados. Em A ÚLTIMA ESTAÇÃO, Jay Parini apresenta um olhar fascinante sobre um gênio torturado por seus ideais nos últimos momentos de sua vida.No ano de 1910, o autor de Guerra e Paz e Anna Karenina é o escritor mais famoso de toda a Rússia e um dos mais lidos em todo o mundo. Mas o sucesso tem seu preço. À beira de completar 82 anos, frustrado pela contradição entre a doutrina de pobreza e castidade que pregava e a realidade de sua própria riqueza material e da vida de luxos que leva por insistência da esposa, ele arquiteta uma fuga dramática. Em outubro daquele ano, o escritor toma a decisão de abandonar tudo, inclusive a mulher e os treze filhos, deixando sua casa para viajar na companhia de amigos. Mas a saúde frágil o trai e ele é obrigado a interromper a jornada. Doente demais para seguir viagem, ele acaba na estação ferroviária de Astapova, acreditando que morrerá; sozinho. Jornalistas acampam em volta do local esperando notícias do maior escritor da Rússia. Baseado nos diários deixados por amigos, familiares e pelo próprio Tolstói, Jay Parini recria o último ano da vida do grande vulto das letras russas até aos derradeiros momentos que se seguem à sua dramática e desesperada fuga de casa. Verdade e ficção são primorosamente combinadas nas vozes daqueles mais próximos a ele, e a tensão entre a exagerada esposa Sofia Andrêievna – com quem Tolstói mantém uma relação tempestuosa – e o dedicado discípulo Tchertkov torna este romance histórico hipnotizante. Retrato excepcional e envolvente da mente brilhante e da alma do mestre da literatura russa, A ÚLTIMA ESTAÇÃO é indispensável para todos que almejam conhecer Liev Tolstoi – o homem e o escritor. O romance deu origem ao filme estrelado por Helen Mirren,  Cristopher  Plummer e James McAvoy, com estréia prevista ainda para 2009.

 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sintomas de Saudade


Marisa Monte

Eu só quero que você saiba
Que eu estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você e como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor, eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem

Eu só quero que você caiba
No meu colo, porque eu te adoro cada vez mais
Eu só quero que você siga para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você e como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor, eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem

Eu só quero que você saiba
Que eu estou pensando em você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem
Que eu te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Envelhecer

 

Albert Camus
Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.
A idade madura é aquela
na qual ainda se é jovem,
porém com muito mais esforço.
O que mais me atormenta
em relação às tolices de minha juventude,
não é havê-las cometido…
é sim não poder voltar a cometê-las.
Envelhecer é passar da paixão
para a compaixão. 
Muitas pessoas não chegam aos oitenta
porque perdem muito tempo
tentando ficar nos quarenta.
Aos vinte anos reina o desejo,
aos trinta reina a razão,
aos quarenta o juízo.
O que não é belo aos vinte,
forte aos trinta,
rico aos quarenta,
nem sábio aos cinquenta,
nunca será nem belo,
nem forte,
nem rico,
nem sábio…
Quando se passa dos sessenta,
são poucas as coisas que nos parecem absurdas.
Os jovens pensam que os velhos são bobos;
os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem
é voltar a encontrar a serenidade
como aquela que se usufruía
quando se era menino.
Nada passa mais depressa que os anos.
Quando era jovem dizia:
“verás quando tiver cinquenta anos”.
Tenho cinquenta anos
e não estou vendo nada.
Nos olhos dos jovens arde a chama,
nos olhos dos velhos brilha a luz.
A iniciativa da juventude
vale tanto quanto a experiência dos velhos. 
Sempre há um menino em todos os homens.
A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupo,
os adultos em pares
e os velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem em sua juventude
e feliz é quem foi sábio em sua velhice.
Todos desejamos chegar à velhice
e todos negamos que tenhamos chegado.
Não entendo isso dos anos:
que, todavia, é bom vivê-los, mas
não tê-los.”


sábado, 1 de junho de 2013


Linda M. Ellis
 
Leio sobre um homem que se pôs de pé para falar

No enterro de uma amiga.

Referiu-se sobras datas em seu tumulo

Do principio  -  ao fim.

 

Percebeu que primeiro vinha a data do nascimento

E falou da data seguinte com lagrimas,

Mas disse que o que mais importava

Era o travessão entre aqueles anos.

 

Porque o travessão representa todo o tempo

Que ela passou viva na terra...

E agora só  aqueles que a amaram

Sabem o que vale aquele pequeno sinal.

 

Porque não importa o que possuímos:

Os carros... A casa... O dinheiro.

Importa como vivemos e amamos

E o que fizemos no espaço do travessão.

 

Pense então nisso longamente, intensamente...

Há coisas que você gostaria de mudar?

Porque nunca sabemos o tempo que nos resta.

(podemos estar na metade do travessão).

 

Se pudéssemos apenas diminuir o ritmo

Para avaliar o que é verdadeiro e autêntico

 E tentássemos sempre compreender

Como os outros se sentem.

 

E termos menos rapidez na raiva,

E demostrarmos mais apreço

E amarmos as pessoas da nossa vida

Como nunca amamos antes.

 

Se tratarmos uns aos outros com respeito,

E sorrirmos com mais frequência...

Lembrando-nos que este travessão especial

Pode durar só mais um instante,

 

Assim quando lerem seu louvor,

E o que fez na vida for revisto...

Você sentiria orgulho daquilo que fosse dito

Sobre como viveu seu travessão?

O último poema

Manoel Bandeira
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.