segunda-feira, 29 de setembro de 2014

"É horrível assistir à agonia de uma esperança."
Simone de Beauvoir

É horrível sentir a agonia de uma esperança.

domingo, 28 de setembro de 2014

Ao final de nossas longas andanças

 "Ao final de nossas longas andanças, chegamos finalmente ao lugar. E o vemos então pela primeira vez. Para isso caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde partimos. E quando chegamos é surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto. Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice, de saudade."

Rubem Alves

sábado, 27 de setembro de 2014

Tem olhos hipnóticos...


Aceitação


Quando precisamos aceitar uma circunstância que não foi planejada, o primeiro impulso que temos é o de ser resistente à nova situação.
É difícil aceitar as perdas materiais ou afetivas, a dificuldade financeira, a doença, a humilhação, as traições.
A nossa tendência natural é resistir e combater tudo o que nos contraria e que nos gera sofrimento.
Agindo assim, estaremos prolongando a situação. Resistir nos mantém presos ao problema, muitas vezes perpetuando-o e tornando tudo mais complicado e pesado.
Em outras ocasiões, nossa reação é a de negação do problema e, por vezes, nos entregamos a desequilíbrios emocionais como revolta, tristeza, culpa e indignação.
Todas essas reações são destrutivas e desagregadoras.
Quando não aceitamos, nos tornamos amargos e insatisfeitos. Esses padrões mentais e emocionais criam mais dificuldades e nos impedem de enxergar as soluções.
Pode parecer que quando nos resignamos diante de uma situação difícil, estamos desistindo de lutar e sendo fracos.
Mas não. Apenas significa que entendemos que a existência terrestre tem uma finalidade e que a vida é regida pela lei de ação e reação; que a luta deve ser encarada com serenidade e fé.
Na verdade, se tivermos a verdadeira intenção de enfrentar com equilíbrio e sensatez as grandes mudanças que a vida nos apresenta, devemos começar admitindo a nova situação.
A aceitação é um ato de força interior que desconhecemos. Ela vem acompanhada de sabedoria e humildade, e nos impulsiona para a luta.
É detentora de um poder transformador que só quem já experimentou pode avaliar.
Existem inúmeras situações na vida que não estão sob o nosso controle. Resta-nos então acatá-las.
É fundamental entender que esse posicionamento não significa desistir, mas sim manter-se lúcido e otimista no momento necessário.
No instante em que aceitamos, apaga-se a ilusão de situações que foram criadas por nós mesmos e as soluções surgem naturalmente.
Aceitar é exercitar a fé. É expandir a consciência para encontrar respostas, soluções e alívio. É manter uma atitude saudável diante da vida.
É nos entregarmos confiantes ao que a vida tem a nos oferecer.
*   *   *
Estamos nesta vida pela misericórdia de Deus, que nos concedeu nova oportunidade de renascimento no corpo físico.
Os sentimentos de amargura, desespero e revolta, que permeiam nossa existência, são frutos das próprias dificuldades em lidar com os problemas.
Lembremos que todas as dores são transitórias.
Quando elas nos alcançarem, as aceitemos com serenidade e resignação. Olhemos para elas como mecanismos da Lei Universal que o Pai utiliza para que possamos crescer em direção a Ele.
Busquemos, desse modo, as fontes profundas do amor a que se reporta Jesus que o viveu, e o amor nos dirá como nos devemos comportar perante a vida, no crescimento e avanço para Deus.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Aceitação, de autoria desconhecida e com parágrafo final do cap. 20, do livro Terapêutica de emergência, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

domingo, 21 de setembro de 2014

Aflições


Os aflitos classificam-se em variadas expressões.
Temos aqueles que choram por se sentirem inibidos para a extensão do mal...
Há quem se torture por não conseguir vingar-se.
Existem os que se declaram infelizes com a prosperidade do próximo e se enfurecem com a possibilidade de lhes ultrapassar o progresso econômico ou espiritual.
Aparecem aqueles que se afirmam desditosos por não poderem competir com o luxo de quem se confia à extravagância e à loucura.
Surgem muitos em lágrimas de inveja e despeito, à frente dos vizinhos, interessados na educação e na melhoria de vida.
Há quem se revolte contra as bênçãos do trabalho e vocifera em desfavor da ordem que lhe assegura as vantagens da disciplina.
Muitos exibem chagas de inconformação, ante o sofrimento que eles próprios improvisaram.
Há infinitos gêneros de aflição no vasto caminho da vida.
E, por isso, nem todos os aflitos podem ser aquinhoados com a glória da bem-aventurança.
A palavra do Cristo se dirige àqueles que fizeram da dor um instrumento para a elevação de si mesmos, assim como o artista se vale da pedra, a fim de burilar a obra prima da estatuária.
Acautela-te, se conservas alguma aflição particular.
A angústia, muitas vezes, pode ser antecâmara do desequilíbrio.
Converte o teu problema ou a tua mágoa em motivo de superação das próprias fraquezas, à maneira do lidador que aproveita o obstáculo para atingir os seus mais altos objetivos, e então terás convertido as inquietações do mundo em bem-aventuranças para a felicidade sem fim.
 
(De “Instrumentos do tempo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

sábado, 20 de setembro de 2014

Calúnia e difamação



Quem nunca sofreu com calúnia, difamação, inveja?
Calúnia e difamação são frutos de mentes e corações distantes do amor e do bem. São as armas prediletas para atacar as pessoas de bem. Pessoas más inventam, aumentam, distorcem e fazem tudo para tentar sujar a imagem de seus desafetos.
Essa prática é mais comum do que imaginamos. A fofoca é um exemplo. Raramente uma fofoca é fiel à realidade, vem sempre associada à maldade e à inveja.

Como lidar com estas situações?
- Se as pessoas para as quais forem ditas calúnias a seu respeito, conhecem bem você, não faça nada. O caluniador está passado seu próprio atestado de mau caráter.
- Quanto às pessoas que não conhecem você tão bem, explique-se somente àquelas que merecem sua consideração e estão diretamente envolvidas com você.
- No trabalho, justifique-se somente com as pessoas às quais você responde hierarquicamente e amigos verdadeiros. Esclareça as calúnias. Mantenha tudo na esfera profissional, trate dos fatos, não das pessoas caluniadoras.

E lembre-se:
1. Nada do que disserem a seu respeito poderá diminuir o seu real valor. Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem que você permita.
2. O tempo é o maior aliado da verdade. Nenhuma mentira, calúnia ou difamação resiste à ação do tempo!
3. Sua melhor resposta é sua história de vida. Pratique a virtude, faça o bem. Nada poderá destruir esse patrimônio.
desconheço a autoria

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A tranquilidade das ovelhas



A noite estava escura, céu sem estrelas.De vez em quando ouvia-se o uivo de um lobo bem longe, misturado com o barulho do vento. As crianças reunidas na tenda do Mestre Benjamin estavam com medo.Mestre Benjamim sentiu o medo nos seus olhos.Foi então que uma delas perguntou: 

- Mestre Benjamim, há um jeito de não ter medo? Medo é tão ruim! 

Mestre Benjamim respondeu: 

- Há sim... E ficou quieto. Veio então a outra pergunta: 

-E qual é esse jeito?

 -É muito fácil. É só pensar como as ovelhas pensam... 

-Mas como é que vou saber o que as ovelhas estão pensando?

 Mestre Benjamim respondeu:

 -Quando durante a noite, as ovelhas estão deitadas na pastagem, os lobos estão à espreita. E eles uivam. As ovelhas têm medo. Mas aí, misturado ao uivo dos lobos, elas ouvem a música mansa de uma flauta. É o pastor que cuida delas e não dorme nunca. Ouvindo a música da flauta elas pensam:

Há um pastor que me protege. Ele me leva aos lugares de grama verde E sabe onde estão as fontes de águas límpidas. Uma brisa fresca refresca a minha alma. Durante o dia ele me pega no colo e me conduz por trilhas amenas. Mesmo quando tenho de passar pelo vale escuro da morte eu não tenho medo. A sua mão e o seu cajado me tranqüilizam. Enquanto os lobos uivam, ele me dá o que comer. Passa óleo perfumado na minha cabeça para curar minhas feridas. E me dá água fresca para sarar o meu cansaço. Com ele não terei medo, eternamente...(Salmo 23, paráfrase)

Mestre Benjamim parou de falar.Os olhos de todas as crianças estavam nele. Foi então que uma delas levantou a mão e perguntou:

 -E os lobos? Eles vão embora? Eles morrem?

 -Os lobos continuam a uivar. E continuam a ser perigosos. O pastor não consegue espantar todos eles. E por vezes eles atacam e matam. Mas as ovelhas, ouvindo a música da flauta do pastor dormem sem medo, não porque não haja mais perigo, mas a despeito do perigo. Não há jeito de acabar com o perigo. Mas há um jeito de acabar com o medo. Coragem é isso: dormir sem medo a despeito do perigo... 

As crianças voltaram para suas tendas e dormiram sem medo, pensando nos pensamentos das ovelhas. De vez em quando, lá fora, ouvia-se o uivo de um lobo faminto. Desde então, tornou-se costume contar ovelhinhas para dormir. 

Do livro Perguntaram-me se Acredito em Deus - de Rubem Alves

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Alef a verdade original

O novo livro de Sophie psicografado pela médium Elizabeth Pereira. Com a mesma qualidade dos outros  já publicados. Excelente na estrutura e consistente nos conteúdos. 
Neste primoroso romance histórico, Sophie nos traz informações significativas sobre a extraordinária civilização egípcia, que dominou o mundo antigo por mais de três mil anos. Em companhia de Haemon sábio conselheiro do faraó Hakor, do guerreiro Proteu de Mileto e da impetuosa Kyia, somos transportados às areias escaldantes do deserto recortado pelo Nilo, em busca de um enigma perdido. A chave para encontrar um tesouro pelo qual muitos deram a vida. Uma história envolvente e emocionante que remonta aos primórdios da nossa civilização.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Reencarnação


Quando cara é bom ele nos encanta até defendendo um ponto de vista contrário ao nosso. Vejam esse  texto de Rubem Alves sobre reencarnação. Que coisa linda!

Uma amiga querida, ex-aluna, kardecista, me disse com um tom carinhoso que eu ficaria melhor se abandonasse a minha incredulidade e acreditasse na reencarnação. Com a reencarnação tudo se explicaria. O universo é lógico, tudo se encaixa, parece bordado, a gente vê o lado avesso, mas tem o direito que a gente não vê, tudo que parece ser desarmonia do lado de cá é harmonia do lado de lá. A certeza disso apazigua a alma. A gente sofre com resignação. O final feliz está sempre garantido.

Aí tive de esclarecer o equívoco sobre a minha religião.

“Pois saiba você que eu acredito muito na reencarnação. Faz muito tempo anunciei a minha conversão num artigo de nome esquisito: ‘oãçanracneeR’. Reencarnação ao contrário: não de trás para adiante, de diante para trás. O futuro não me interessa. Eu nunca o vivi, por isso não posso amá-lo. Não quero ir para o céu: o tempo infinito deve ser um tédio insuportável. E o mais terrível é não ter saída. O céu me dá claustrofobia. Além do que não quero evoluir. Muitas coisas não podem e não devem evoluir.: canto de sabiá, vermelho do sol poente, cheiro de café fresquinho, os poemas de Cecília Meireles, ipês floridos, a sonata Appassionata de Beethoven, uma jabuticaba madura…

O que seria uma jabuticaba evoluída? Uma jabuticaba cúbica? Uma jabuticabeira florida e perfumada e, depois, coberta de esferas negras brilhantes e túrgidas, aquele “toc” que a jabuticaba faz quando a gente morde – esse objeto é perfeito, divino, sem passado e sem futuro, presente puro destinado à eternidade. Não posso imaginar que alguma evolução lhe possa ser acrescentada.

O que eu quero não é evoluir. O que eu quero é viver de novo o passado que vivi, com muito mais intensidade, sem os sentimentos de culpa com que minha religião aprisionou o meu corpo, as minhas idéias e os meus sentimentos… Tenho tristeza pelos pecados que não cometi… Eram pecados tão inocentes… Estou até desconfiado de que Deus está me castigando, ele está me castigando porque eu não pequei o tanto que ele queria que eu pecasse. Tentei ser mais espiritual que o próprio Deus e ele ficou bravo comigo… Não acreditei na advertência de Lutero, escrevendo a Melanchton: “Deus não salva falsos pecadores. Seja um pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda…” Meu pecado foi pecar com timidez… Tive medo de gozar a vida… Assim, quando são poucas as jabuticabas na minha tigela, rezo o meu Pai-Nosso herético – ou erótico: “O prazer nosso de cada dia dá-nos hoje…”. 

(in ALVES, Rubem – Do universo à jabuticaba – Planeta- 2010 p. 136/137)

sábado, 6 de setembro de 2014

A inveja e o desejo de ser especial

 
Regis Mesquita
O menino olhava pela janela os outros meninos jogando futebol na rua. Ele estava com inveja deles. O que o incomodava é que eles não o chamavam para brincar.

Seu anjo da guarda resolveu conversar com ele, sobre esta situação.

- Meu filho, por que você está com tanta inveja. Você quer brincar com eles? Eu resolvo este problema para você.

O menino olhou para ele e disse: - não quero brincar com eles. Não gosto das coisas que eles gostam e eles não gostam do que eu gosto. Brincar com eles é chato.

- Por que a inveja, então?

- Porque eles não me chamam para brincar. Se eles me chamassem, eu não ia brincar.

O anjo olhou para o menino com dó. – você quer que eles te chamem só para dizer não. Já que eles não te chamam, você fica envenenando seu coração com a inveja. Péssima escolha!

- Eu não sei como parar com isto.

- Você sofre porque antes desejou ser especial. Ou seja, você não quer ser amigo das outras crianças, mas quer que elas venham até aqui atrás de você. A inveja é sempre precedida da decisão de se sentir especial - é o ganho que a inveja proporciona. A dificuldade de abrir mão da inveja é voltar a ser humilde, ou seja, deixar querer ser especial.

O anjo levantou voo com suas quatro asas e sumiu rumo ao céu. O menino ficou parado, pensando.

Moral da história: quando você observa de pertinho um invejoso descobre que a inveja caminha de mãos dadas com o orgulho.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A melancolia


FRANÇOIS DE GENÉVE
Bordeaux

Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos infelizes.

Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantém cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.

E se, no curso dessa prova, no cumprimento de vossa tarefa, virdes tombarem sobre vós os cuidados, as inquietações e os pesares, sede fortes e corajosos para os suportar. Enfrentai-os decisivamente, pois são de curta duração e devem conduzir-vos junto aos amigos que chorais, que se alegrarão com a vossa chegada e vos estenderão os braços, para vos conduzirem a um lugar onde não têm acesso às amarguras terrenas.