sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Manjedoura e Coração - Reflexões acerca do nascimento de Jesus

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Novamente, a noite natalina se anuncia nos convidando às profundas e necessárias reflexões acerca do nascimento de Jesus.
As cidades se enfeitam e o mundo ocidental comemora o aniversário do homem de Nazaré.
Há pouco mais de dois mil anos, o céu da Palestina se iluminou com a passagem da estrela anunciando a chegada do Salvador.
Israel aguardava a chegada do Messias que viria ao mundo conquistar e demonstrar o poder temporal.
Roma seria subjugada e, de força opressora, passaria à condição de oprimida.
Entendiam os hebreus que um Messias de verdade ocuparia um trono na Terra.
O Império Romano, por certo, transformar-se-ia em um novo império, agora hebraico para servir aos judeus.
Não obstante, fosse essa a crença alimentada pelos hebreus, o reino que se anunciava não era desse mundo.
Belchior, Baltazar e Gaspar seguiram a estrela de Belém e testemunharam que o Rei dos Reis iniciava seu reinado em uma manjedoura.
Era noite de natal!
Para a humanidade o começo de um novo tempo. A era do amor, do perdão e da paz.
Hoje, se anuncia novamente o natal. E a estrela de Belém iluminará o céu de nossas esperanças, nos convidando a renascer.
O tempo é de renascimento. E é importante observar o que o exemplo de Jesus nos ensina:
A humildade é a grande riqueza!
O trabalho é o bem maior!
A família é a fortaleza espiritual para os nossos corações.
É natal!
Somos os convidados imortais, presentes na ceia de ontem e de hoje.
Cumpre aprendermos a renascer na manjedoura de cada dia.
No instante da prova, busquemos a manjedoura da paciência.
Quando a dor nos visitar, fortaleçamo-nos na manjedoura do trabalho.
A humildade é abrigo seguro, onde o espírito se fortalece nas provas e desafios de cada dia.
É natal!
O menino Jesus nasceu e solicita o colo do nosso coração, a fim de crescer em nossa alma.
Paz na Terra aos espíritos de boa vontade!

Mensagem do espírito Frei Luiz, recebida pelo médium Adeilson Salles.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Aquilo que incomoda o coração tem que ser removido hoje.


Aquilo que incomoda o coração tem que ser removido hoje. Se a gente não joga fora hoje, a gente corre o risco de amanhã, quando tiver outra coisa nos incomodando, juntar com a que incomodou ontem. E vai juntando, isso é residual. Tristeza é residual, vai ficando acumulada, então a gente precisa cuidar. Jogar fora e recomeçar.


No silêncio do coração, há um lugar que não sabe fazer nada. É lá que nos descobrimos em nosso primeiro significado. É ele também o nosso lado mais sedutor. É ele que faz com que as pessoas se apaixonem por nós. É justamente por isso que ele tem que ser bem descoberto, de maneira que, quando façamos o que quer que seja, tudo o que fizermos tenha as marcas do que somos.


É simples. Medicina muita gente faz, mas é no exercício da profissão que cada pessoa se mostra em sua intimidade mais profunda. Aí mora a diferença. Muitos Fazem a mesma faculdade, mas se encontram de maneira diferente com o conhecimento que recebem. Realizo tudo a partir de minha particularidade. Sou único, ainda que imitado por muitos.


A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver. Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes.


Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe...


Padre Fábio de Melo




sábado, 19 de novembro de 2016

Devoção

Ame-O, fale com Ele a cada segundo de sua vida, em atividade e em silêncio, com sentimento de profunda oração, com o desejo incessante de seu coração; e você verá a tela da ilusão se dissolver. Ele, que está brincando de esconde-esconde na beleza de flores, nas almas, nas paixões nobres, nos sonhos, virá adiante e dirá: "Você e Eu temos estado separados por muito tempo, porque Eu desejei que você Me desse o seu amor com toda boa vontade. Você é feito à Minha imagem, e eu quis ver se você usaria sua liberdade para Me dar o seu amor".

Paramahansa Yogananda, "A Eterna Busca do Homem"

Diário Espiritual - 1996
Um pensamento inspirador para cada dia
Tradução não oficial do livro Spiritual Diary

VIVEMOS UM MOMENTO HISTÓRICO DA TRANSIÇÃO PARA A LUZ

 (BEZERRA DE MENEZES - DIVALDO FRANCO)

Filhas e filhos do coração, abençoe-nos o Senhor proporcionando-nos a sua paz!

Lentamente as sombras da ignorância planetária cedem lugar às claridades luminíferas que descem da Erraticidade Superior para apontar o rumo da plenitude.

O incomparável Mestre Galileu apresentou o futuro da Humanidade assinalado pelo desequilíbrio da criatura que perderia a diretriz de segurança e, para diminuir-lhe a dor, acenou-lhe com a chegada do Consolador.

Nem todos hão entendido o significado do Consolador que foi prometido e confundem-no com o solucionador dos problemas humanos por eles próprios conquistados.

A função do Espiritismo é libertar a consciência da sua sombra, o coração das amarras emocionais negativas.

Não é pretensão dos Espíritos Nobres solucionar os problemas que dizem respeito às criaturas da indumentária carnal. Iluminá-las interiormente para compreender a causalidade de toda e qualquer ocorrência eis a finalidade precípua da Revelação Kardequiana.

Vive-se o momento histórico da transição para a luz e, abandonar-se a sombra acolhedora e perturbadora ao mesmo tempo para a conquista da claridade do dia de paz, é tarefa difícil e surgem as Parcas profetizando tragédias, abominações e desgraças como se esse estágio se devesse caracterizar pelo desconforto e pela aflição.

O objetivo essencial é de espancar as trevas íntimas que predominam em a natureza humana e vós tendes compreendido o papel que deveis exercer em nome da fulgurante Mensagem de Jesus, esclarecida pelos pensamentos espíritas.

Sabeis que vos encontrais entre atormentados e sofredores, sofredores e atormentados que, de alguma forma, somos quase todos nós.

É nosso dever precípuo apoiar-nos na paciência e na misericórdia, filhas diletas da compaixão, para melhor atendermos o desespero que grassa e alentarmos com esperança aqueles que ainda não conseguiram sair do desespero.

Amanhece novo dia de paz.

Já trabalhais em favor dos postulados maiores deixando de lado os interesses egóicos da Casa, da pessoa, para vos preocupardes com a Causa, a comunidade. Esse é o desejo de Jesus Cristo que não tergiversou em imolar-se por amor a todos.

Permaneceis fiéis servidores do Bem porque nunca vos faltarão o indispensável concurso do Mundo Maior.

Buscai conectar-vos com as esferas da vida e recebereis as diretrizes traçadas para o bom combate que deve iniciar-se no ádito do coração.

É certo que nessa batalha do homem velho, abrindo espaço para o ser novo, provareis solidão, dificuldade, incompreensão e amargura. Mas, entre os dois caminhos para o Reino de Deus, definidos na estrada larga da ilusão e na estrada estreita da luta sacrificial, este último pode ser encontrado na Via Crucis que Ele cruzou a sós e, na etapa final sob a ajuda daquele que foi posto a socorrê-lO. E o outro é o caminho da Umbria, em que, aquele ícone que perseverava no amor compreendeu que era dando e dando-se que poderia abrir espaço no coração para Jesus.

Meditemos juntos nessas duas estradas, a do Gólgota e a do Monte Subásio, e procuremos viver como se fossem aqueles os dias de hoje, porquanto, de alguma forma, são muito parecidos.

Na primeira etapa, Jesus veio quando Roma dominava a Terra conhecida e Israel, que esperava no ginete feroz das batalhas o grande conquistador Messias, não poderia aceitar o homem de Nazaré que cavalgava a Verdade para espalhá-la pela Terra e, por isso, não O recebeu até hoje, esperando a glória terrestre fictícia e de rápida, ligeira manifestação de prazer.

Tampouco aqueles primeiros servidores, que a tudo renunciaram para viverem Jesus, experimentaram, ainda durante a vida do seráfico, a desunião, a presunção humana, a ousadia de tentar modificar as regras da renúncia e do abandono do prazer em favor da glória celestial.

Jesus, na cruz, adquiriu as asas para o Infinito e Francisco, também crucificado com os estigmas, pode colocar as asas da ternura e da compaixão para seguir o seu Mestre.

Tende bom ânimo!

Não penseis que o Espiritismo veio solucionar aquilo que cada um de nós deve cuidar de fazer, mas nos ajudou a solucionar sim, pelo conforto moral, pelas palavras iluminativas, pelos conteúdos libertadores, tudo o que significa dor e angústia, libertando-nos do magnetismo terrestre para fruir as infinitas glórias da Imortalidade.

Já conheceis a Doutrina, já sentis o breve e agradável hálito do amanhecer da Imortalidade.

Vivei de tal forma que estejais assinalados pelas cicatrizes dos testemunhos que são as condecorações únicas pelas quais o cristão deve lutar por consegui-las.

Neste Encontro em que vos reunistes, cheios de dúvidas, dificuldades e incertezas, concluis a etapa final com júbilos e claridades diamantinas, porque o amor é a virtude sublime que, quanto mais se divide, mais se multiplica e consegue cicatrizar todas as feridas do coração e acalmar todas as ansiedades da alma.

Ide agora e vivei a Mensagem!

A vossa vida deve ser o espelho que reflita a glória do Sermão da Montanha, passando rapidamente da cruz para atingir a madrugada primaveril da Imortalidade, da ressurreição.

Deus vos abençoe, filhas e filhos do coração!

Que possamos estar juntos na lide a que nos comprometemos, abraçando-nos fraternalmente como fazem aqueles que vos anteciparam na viagem de volta ao grande Além e aqui chamamos Espíritos espíritas, fiéis à Codificação que ilumina o Evangelho de Jesus.

Recebei o nosso carinho e sede felizes porque todo aquele que encontra Jesus descobre o mais valioso tesouro para a vida.

Muita paz, minhas filhas, meus filhos! Que o Senhor permaneça conosco hoje e sempre!

São os votos do amigo e servidor humílimo de sempre, Bezerra.

(Mensagem recebida psicofonicamente pelo médium Divaldo Pereira Franco

domingo, 30 de outubro de 2016

Cada homem é uma raça

Um livro que emociona, que trata de gente “comum” (extremamente complexa e surpreendente) e seus sentimentos, pessoas com um pé na Terra e outro no Céu. Um mundo inteiro em cada uma delas. A linguagem usada deu uma personalidade única a cada personagem dos contos, são sui generis. Nota- se a origem africana do escritor, mas em nenhum momento o livro tornou- se ininteligível, o escritor encontrou um ponto de intersecção, onde todos os leitores lusófonos podem entender a idiossincrasia dos narradores e personagens, exceto nos diálogos dos locais como no conto de Sidney Poitier, que só com dicionário mesmo. Apareceram palavras africanas, mas com a devida tradução nessa edição portuguesa. Novos vocábulos, novos conhecimento, maior a riqueza cultural. Ficou claro que o sobrenatural, o místico, a superstição, feitiços e feiticeiros, fazem parte da cultura moçambicana. Mia é um grande contador de histórias, ele soube nesses contos escolher bem as palavras, com frases surpreendentes e inovadoras, algumas trocas sintáticas interessantes. Infelizmente num blog, querido leitor, a análise dos contos tem que ser assim macroscópica, só posso dar uma ideia, mas os contos de Mia dão muito pano pra manga. “Cada homem é uma raça” é o tipo de livro que fiquei com pena de me despedir, entrou para os meus favoritos.

Fonte: https://falandoemliteratura.com/2014/04/06/resenha-cada-homem-e-uma-raca-mia-couto/

sábado, 22 de outubro de 2016

O nosso tempo é um bicho que só tem pescoço│Mia Couto

VOCÊ É A PESSOA PERFEITA, MAS...

Inúmeras relações se constroem pela gentileza, pelo cuidado sem exageros e dramas. Muitas delas têm como base um amor desapegado que movimenta o lado que mais cede. Trata-se da pessoa certa, com os gostos parecidos e comportamentos agradáveis, aquela em cuja presença nos sentimos livres para ser quem somos. Seria a pessoa perfeita não fosse a tal da química e da atração que insistem em não existir. Tanto uma quanto outra fazem parte do mundo material e quando nos deixamos guiar pela matéria, nossa essência imaterial amarga na impotência. No fim desse processo, o que nos separa das ótimas companhias são alguns quilos a mais, alguns fios de cabelo a menos, um nariz com milímetros indesejáveis e assim por diante. São bem aventurados os que conseguem se apaixonar pela essência, pois estes nunca ficam sem amor.

Vitor Antenore Rossi

terça-feira, 18 de outubro de 2016


“Confesso acreditar que a saudade esqueceu de ir embora, acho que ela pensa que aqui é a casa dela.”

Caio Fernando Abreu

domingo, 9 de outubro de 2016

Jesus e os Amigos


"Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a vida pelos seus amigos." 
 Jesus. (JOÃO, capítulo 15, versículo 13.)

Na localização histórica do Cristo, impressiona-nos a realidade de sua imensa afeição pela Humanidade.

Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação.

Seus atos foram celebrados em assembléias de confraternização e de amor. A primeira manifestação de seu apostolado verificou-se na festa jubilosa de um lar. Fez companhia aos publicanos, sentiu sede da perfeita compreensão de seus discípulos. Era amigo fiel dos necessitados que se socorriam de suas virtudes imortais. Através das lições evangélicas, nota-se- lhe o esforço para ser entendido em sua infinita capacidade de amar. A última ceia representa uma paisagem completa de afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um...

Entretanto, ao primeiro embate com as forças destruidoras, experimenta o Mestre o supremo abandono. Em vão, seus olhos procuram a multidão dos afeiçoados, beneficiados e seguidores.

Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam desaparecido.

Judas entregou-o com um beijo.

Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o três vezes.

João e Tiago dormiram no Horto.

Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com as acusações injustas. Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.

Quando estiveres na "porta estreita", dilatando as conquistas da vida eterna, irás também só. Não aguardes teus amigos. Não te compreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los. São crianças. E toda criança teme e exige muito.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 86.

domingo, 25 de setembro de 2016

Ah!


Falo de ti

                                                       
                                                                  
Florbela Espanca
Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que é louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!

do livro "A mensageira das Violetas"

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Cidadezinha Qualquer



Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar… as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

domingo, 18 de setembro de 2016

A imagem

"E quando seu amigo embarcar em uma empreitada da qual não pretende retornar, a despedida será um último retrato. Fotos e ligações não darão conta de substituir a imagem do seu último abraço."
desconheço a autoria
Fonte: https://www.mensagenscomamor.com/aceite-as-despedidas

domingo, 11 de setembro de 2016

Não é nada

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A morte não é nada.
Eu apenas passei para o outro lado:
É como se estivesse escondido no quarto ao lado.
Eu sou sempre eu, e tu és sempre tu.
O que éramos antes um para o outro ainda somos.
Liga-me com o nome que você sempre me deu, que te é familiar;
Fala-me da mesma forma carinhosa que tens usado sempre.
Não mude teu tom de voz, não assuma um ar solene ou triste.
Continua a rir daquilo que nos fazia rir,
Daquelas pequenas coisas que tanto gostávamos, quando estávamos juntos.
Reza, sorri, pensa em mim!
Que o meu nome seja sempre uma palavra familiar...
Diga-o sem o mínimo traço de sombra ou de tristeza.
A nossa vida conserva todo o significado que sempre teve:
É a mesma de antes, há uma continuidade que não se quebra.
Por que eu deveria estar fora dos teus pensamentos e da tua mente, apenas porque estou fora da tua vista?
Não estou longe, estou do outro lado, na mesma esquina.
Fica tranquilo, está tudo bem.
Vou levar o meu coração,
Daí acharás a ternura purificada.
Seca as tuas lágrimas e se me amas, não chores mais,
o teu sorriso é a minha paz"

(Henry Scott Holland)
Autor desconhecido
Fonte:http://www.mensagemespirita.com.br/md/ad/a-morte-nao-e-nada-eu-apenas-passei-para-o-outro-ladoseca-as-tuas-lagrimas-e-se-me-amas-nao-chores-mais

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A falsa liberdade e a Síndrome do “TER DE”


 Lya Luft

Essa é uma manifestação típica do nosso tempo, contagiosa e difícil de curar porque se alimenta da nossa fragilidade, do quanto somos impressionáveis, e da força do espírito de rebanho que nos condiciona a seguir os outros. Eu tenho de fazer o que se espera de mim. Tenho de ambicionar esses bens, esse status, esse modo de viver – ou serei diferente, e estarei fora.

Temos muito mais opções agora do que alguns anos atrás, as possibilidades que se abrem são incríveis, mas escolher é difícil: temos de realizar tantas coisas, são tantos os compromissos, que nos falta o tempo para uma análise tranquila, uma decisão sensata, um prazer saboreado.

A gente tem de ser, como escrevi tantas vezes, belo, jovem, desejado, bom de cama (e de computador). Ou a gente tem de ser o pior, o mais relaxado, ou o mais drogado, o chefe da gangue, a mais sedutora, a mais produzida. Outra possibilidade é ter de ser o melhor pai, o melhor chefe, a melhor mãe, a melhor aluna; seja o que for, temos de estar entre os melhores, fingindo não ter falhas nem limitações. Ninguém pode se contentar em ser como pode: temos de ser muito mais que isso, temos de fazer o impossível, o desnecessário, até o absurdo, o que não nos agrada – ou estamos fora.

A gente tem de rir dos outros, rebaixar ou denegrir nem que seja o mais simples parceiro de trabalho ou o colega de escola com alguma deficiência ou dificuldade maior. A gente tem de aproveitar o mais que puder, e isso muitos pais incutem nos filhos: case tarde, aproveite antes! (O que significa isso?) A gente tem de beber em preparação para a balada, beijar o maio número possível de bocas a cada noite, a gente tem de.

A propaganda nos atordoa: temos de ser grandes bebedores (daquela marca de bebida, naturalmente), comprar o carro mais incrível, obter empréstimos com menores juros, fazer a viagem maravilhosa, ter a pele perfeita, mostrar os músculos mais fortes, usar o mais moderno celular, ir ao resort mais sofisticado.

Até no luto temos de assumir novas posturas: sofrer vai ficando fora de moda.

Contrariando a mais elementar psicologia, mal perdemos uma pessoa amada, todos nos instigam a passar por cima. “Não chore, reaja”, é o que mais ouvimos. “Limpe a mesa dele, tire tudo do armário dela, troque os móveis, roupas de cama, mude de casa.” Tristeza e recolhimento ofendem nossa paisagem de papelão colorido. Saímos do velório e esperam que se vá depressa pegar a maquilagem, correr para a academia, tomar o antidepressivo, depressa, depressa, pois os outros não aguentam mais, quem quer saber da minha dor?

O “ter de” nos faz correr por aí com algemas nos tornozelos, mas talvez a gente só quisesse ser um pouco mais tranquilo, mais enraizado, mais amado, com algum tempo para curtir as coisas pequenas e refletir. Porém temos de estar à frente, ainda que na fila do SUS.

Se pensar bem, verei que não preciso ser magro nem atlético nem um modelo de funcionário, não preciso ter muito dinheiro ou conhecer Paris, não preciso nem mesmo ser importante ou bem-sucedido. Precisaria, sim, ser um sujeito decente, encontrar alguma harmonia comigo mesmo, com os outros, e com a natureza na qual fervilha a vida e a morte é apaziguadora.

Em lugar disso, porém, abraçamos a frustração, e com ela a culpa.

A culpa, disse um personagem de um filme, “e como uma mochila cheia de tijolos. Você carrega de um lado para o outro, até o fim da vida. Só tem um jeito: jogá-la fora”. Mas ela tem raízes fundas em religiões e crenças, em ditames da família, numa educação pelo excessivo controle ou na deseducação pela indiferença, na competitividade no trabalho e na pressão de nosso grupo, que cobra coisas demais.

Dizem que devemos nos informar melhor, mas quanto mais informação, mais dúvidas; quanto mais abertura, mais opções; quanto mais olhamos, mais se expande a tela onde se projetam nosso desejos.

Nessa rede de complexidades, seria bom resistir à máquina da propaganda e buscar a simplicidade, não sucumbir ao impulso da manada que corre cegamente em frente. Com sorte, vamos até enganar o tempo sendo sempre jovens, sendo quem sabe imortais com nariz diminuto, boca ginecológica e olhar fatigado num rosto inexpressivo. Não nos faltam recursos: a medicina, a farmácia, a academia, a ilusão, nos estendem ofertas que incluem músculos artificiais, novos peitos, pele de porcelana, e grandes espelhos, espelho, espelho meu. Mas a gente nem sabe direito onde está se metendo, e toca a correr porque ainda não vimos tudo, não fizemos nem a metade, quase nada entendemos. Somos eternos devedores.

Ordens aqui e ali, alguém sopra as falas, outro desenha os gestos, vai sair tudo bem: nada depressivo nem negativo, tudo tem de parecer uma festa, noite de estreia com adrenalina a aplausos ao final. 

Autora: Lya Luft 
Livro: Múltipla escolha Editora: Record Ano: 2010
Imagem:"Margens do Rio Sena" - Pierre Auguste Renoir Pintor francês (1841-1919)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

TRISTEZA E DEPRESSÃO

José de Matos
Médico Psicanalista Psiquiatra

Muitas vezes, encontramos a depressão definida como uma grande tristeza. No entanto, para fins diagnósticos e abordagem terapêutica, deve-se entender melhor ambas as estruturas.

Na tristeza geralmente ocorreu uma perda à qual este sentimento decorre como uma reação. Nas perdas, menos significativas, o sentimento de luto é sentido como proporcional ao fato e não demora que se concorde com o adágio popular que diz que "vão-se os anéis mas ficam os dedos". Perder um objeto do qual se gosta, leva a uma certa sensação de "faltar algo" mas o próprio decorrer da vida, se encarregará de obter-se formas de superação e recuperação. Nas perdas mais significativas (e nesta situação incluem-se as perdas por morte), o sentimento de "faltar um pedaço" é bem mais forte. Pensando-se que guardamos arquivadas na mente, imagens acopladas a sentimentos, a falta por morte não é suficiente para "convencer a mente" que o objeto não mais existe. Qualquer sinal (uma porta batendo, ruídos de passos) pode recuperar a memória do objeto e seu sentimento, ressuscitando-o por instantes, criando uma ilusão, por segundos, que ele não se foi, para logo em seguida, haver o baque da realidade e a volta do sentimento de luto. Como se o luto fosse um processo de arrancamento gradual de cada raiz de memória e sentimento entranhado na mente. Por isso, pode ser um processo mais longo e penoso, até que se transforme em saudade.

Na depressão (denominada por Freud como melancolia) o problema é mais grave. A lesão de uma perda (que não se prende exclusivamente à morte), pode atingir camadas psíquicas bem mais profundas, causando uma verdadeira desarrumação psíquica. Digamos, no luto o objeto se perde no universo da vida ficando somente memória e sentimento como resquícios da ligação. Na depressão, o objeto se perde no universo do mundo interno, podendo manter-se com intensas cargas energéticas tumultuando todo o funcionamento do psiquismo. Por isso, diz-se que no luto, o mundo, por algum tempo, perde a graça e na melancolia o ego perde a graça e motivo para sobreviver. Por exemplo, a perda real de um personagem da vida, controvertido, vai mergulhar uma representação dentro do psiquismo com todos os paradoxos podendo, muitas vezes, transformar o morto num objeto morto/vivo interno.

Sem dúvida a psicofarmacologia evoluiu muito no tratamento das depressões mas a psicanálise pode ajudar bastante na elucidação do significado destas cargas emocionais controvertidas que, mortas/vivas continuam atuando no mundo interno.

Fonte: https://www.facebook.com/jotadematos/?ft[tn]=k&ft[qid]=6322932687262461137&ft[mf_story_key]=8638850184613696984&ft[ei]=AI%40aea692a29621a27465fbfb4fe7450ba0&ft[fbfeed_location]=1&ft[insertion_position]=1&__md__=1

terça-feira, 16 de agosto de 2016

saudade




Não foi nada. Deu saudade, só isso. De repente, me deu tanta saudade”


Caio Fernando Abreu.

sábado, 13 de agosto de 2016

Lindo texto!

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Heloísa Seixas
Escrito em 17/06/2001
Publicada no livro Uma Ilha Chamada Livro (2010)
Publicado também na Revista da TAG de agosto/2016


Li certa vez que Alma Mahler guardava, na sala de sua casa, o berço em que dormira na primeira infância. Era um berço antigo de madeira, tosco, desses com um dispositivo que os faz balançar docemente, ao menor toque. Ali, no bojo vazio daquela que um dia fora sua própria cama, Alma guardava seus livros prediletos.

Arrumava-os, empilhados, em várias camadas, enchendo todo o espaço onde um dia houvera um colchão, lençóis, brinquedos e uma criança – ela própria. Certamente, quando remexia nos livros, buscando algum em especial, um livro para enternecer-se, para recordar ou esquecer – que é para isso que serve reler livros prediletos –, certamente, então, seu braço, esbarrando na lateral gradeada, fazia o berço balançar. E ela os ninava, talvez sem perceber.

Essa imagem de livros queridos sendo acalentados me encheu de ternura. Assim como um dia me comoveu ler o depoimento de Isak Dinesen, falando sobre a ansiedade que sentia, em sua fazenda na África, enquanto aguardava a chegada dos livros encomendados na Inglaterra. E de como, ao recebê-los, tocava cada volume com a ponta dos dedos, como se retirasse da caixa copos de finíssimo cristal. Sabia, ao tocá-los, que aqueles seriam seus únicos exemplares durante meses, até que chegasse nova remessa. Eram um tesouro insubstituível.

“Por isso, eu torcia para que os escritores tivessem dado tudo de si ao escrevê-los”, explicou. É curioso. Porque ela própria, Isak Dinesen, escrevia assim, sem economizar, sem fazer concessões, pegando cada camada da narrativa e dissecando-a até o último fio. Escrevia dando tudo de si, entregando-se em cada linha – como se esperasse ser lida por um náufrago numa ilha deserta.

Esse amor pelos livros me comove, um amor que venho aprendendo a desenvolver, nos últimos anos. Antes, guardava meus livros de qualquer jeito, sem qualquer ordem nas estantes. E, ao lê-los, pouco me importava se os abria demais, se os virava ao contrário, se deixava a ponta da capa se enrolar numa feia orelha.

Estou mudando. Hoje, presto atenção nas pessoas que sabem cuidar bem de suas bibliotecas e observo a maneira como decidem a posição de cada volume nas estantes, o carinho com que tiram os mais antigos das prateleiras para tentar restaurar as lombadas, alisando-as cuidadosamente com goma e pincel. São gestos de uma delicadeza comovente, cuja observação me faz refletir. E, cada vez mais, tenho diante dos livros uma atitude de reverência. Olho-os e vejo como eles são puros, íntegros – como as crianças e os cristais.

Fonte: http://heloisaseixas.com.br/contos-minimos/2001-2/

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O MEU DEUS É LIBERAL, ENTÃO POR QUE EU NÃO SERIA?



Um grande parte dos nossos sofrimentos emocionais são causadas por conflitos entre as crenças que professamos e a forma como agimos. Muitas pessoas dizem acreditar na concepção ocidental de Deus, mas quando questionadas acerca de suas condutas, mostram-se bem distantes da essência dessa imagem.
Esse Deus ocidental é bom, amoroso, imutável, perfeito, onisciente, onipresente e onipotente, traços que por si só já o definem como eternamente centralizado e nunca polarizado. Um dos principais argumentos relacionados à essa figura é o livre-arbítrio.

Enquanto Deus é assumidamente reconhecido como liberal, a maioria dos que se dizem deístas são conservadores, tiranos, autoritários e polarizados entre esquerda e direita. São intolerantes e relativizam o peso que um mesmo evento tem quando ocorre contra ou a favor de seu pensamento.

A figura de Deus não é reguladora, não se define por Estado ou Democracia, mas sim por plena e total liberdade. Um padre poderá ser degolado e Deus nada fará para impedir isso, porque se o fizesse seria parcial, regulador e, portanto, não-Deus. Qualquer tentativa de imposição de regras, normas e conceitos convencionados define apenas o caráter das pessoas que as proclamaram, mas nunca Deus.

Moisés foi uma figura conservadora, estadista, que regulava as decisões. Pôncio Pilatos foi um democrata, que decidia pela vida ou morte de outro ser humano baseado no número de mãos levantadas. Jesus, por outro lado, foi um libertário, alguém que confiava nas próprias palavras, e que não obrigava ninguém a segui-lo ou a pensar como ele.

Se nem mesmo Deus se preocupa com a regulação, porque um grupo de pessoas o faz? Ninguém pode definir o que podemos ou não comer, fumar, vestir, pensar, transar, etc. Ninguém. Quem pensa deter esse poder baseado em interpretações tendenciosas é movido pelo próprio ego e pela ilusão de ser um intérprete de Deus.

Se quer sofrer menos, escolha seguir e amar a um Deus ou a uma filosofia que esteja de acordo com seu modus vivendi, caso contrário, estará sempre gestando conflitos intrapsíquicos inconscientes que não lhe permitirão viver em paz, pois sempre haverá incômodo na forma como os outros vivem suas vidas.

Eu não sou de esquerda, não sou de direita e não sou de centro, eu sou livre, pois minha referência de conduta é o Deus ocidental e se Ele me disse que eu posso fazer o que bem entender arcando com as consequências, não será um grupo de doutores da lei que me convencerá do contrário.

domingo, 31 de julho de 2016

Prática da presença de Deus


Quando vires um lindo pôr-do-sol, pensa contigo mesmo: "É Deus pintando o céu". Ao fitar o rosto de cada pessoa que encontrares, pensa interiormente: "É Deus que assumiu esta forma". Aplica esta linha de pensamento a todas as experiências: "O sangue no meu corpo é Deus; a razão na minha mente é Deus; o amor em meu coração é Deus; tudo o que existe é Deus".

Paramahansa Yogananda, Lições da SRF

Que triste!

Que triste, à noite, no passar do vento,
O transvasar da imensa solidão
Para dentro do nosso coração,
Por sobre todo o nosso pensamento.

No sossego sem paz se ergue o lamento
Como de universal desolação,
E o mistério, e o abismo e a morte são
Sentinelas do nosso isolamento.

"Stamos sós com a treva e a voz do nada.
Tudo quanto perdemos mais perdemos.
De nós aos que se foram não há "strada.

O vácuo incarna em nós, na vida; e os céus
São uma dúvida certa que vivemos.
Tudo é abismo e noite. Morreu Deus.

II

"Stou só. A atra distância, que infinita
A alma separa de outra, se alargou.
Em mim, porém, meu ser se unificou.
Sou um universo morto que medita.

Se estendo a mão na solidão aflita,
Nada há entre ela e aquilo que tocou.
Satélite de um astro que findou,
Rodeio o abismo, "strela erma e maldita.

Não há porta no cárcere sem fim
Em que me vivo preso. Nunca houve
Porta neste meu ser que finda em mim.

Vivo até no passado a solidão.
Na erma noite agora o vento chove
E um novo nada enche-me o coração...

III

Evoco em vão lembranças comovidas -
Quadros, afectos, rostos e ilusões
São pó - pó frio, cinza sem visões,
E são vidas ou cousas já vividas.

Quê? Até do passado sinto vivas
As cousas que fui eu. Que solidões
Me sinto!

E, sem orgulho de ser todo o Inferno
E vivo em mim a angústia insuperável
Do ermo que se sente vácuo e eterno.

FERNANDO PESSOA, 22 DE JULHO DE 1925

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Altos e baixos

Martha Medeiros

"Seja qual for o caminho que optarmos seguir, haverá altos e baixos. E isso é tudo. Se fizermos uma auditoria em nossas vidas, em algum momento questionaremos: e se eu tivesse feito diferente?.

O diferente teria sido melhor e teria sido pior. Então o jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo."

terça-feira, 26 de julho de 2016

Ninguém...

Ninguém poderá carregar os fardos de suas dores. Eduque-se com o sofrimento.
Ninguém entenderá os problemas complexos de sua existência. Exercite o silêncio.
Ninguém seguirá com você, indefinidamente. Acostume-se com a solidão.
Ninguém acreditará que suas aflições sejam maiores do que as do vizinho.
Liberte-se delas, com o trabalho da auto-iluminação.

Divaldo Pereira Franco

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Tudo que acontece de ruim é para melhorar


Paulinho Moska

É tão difícil a gente caminhar,
Quando uma estrada não esta mais lá
E ter que construir o próprio chão,
Com as incertezas que tiver


Em cada curva pra lá e pra cá,
Qualquer desvio pode transformar
A ponta de um universo em explosão,
Coisas pr’um futuro que vier

E tudo que foi dor um dia,
Noutro dia será dia de continuar
Caminhando sob o sol,
Até o amor se reinventar

Vida que a gente aprende,
Tudo que acontece de ruim é para melhorar
Tudo que acontece de ruim é para melhorar
É para melhorar
É para melhorar
É para melhorar
______________________________________________________
Uma das letras mais bonitas da atualidade. Ainda encontramos alguém que pensa...

sábado, 23 de julho de 2016

Hitler: o médium das trevas



ISBN 9788582910467
Autor Jean Prieur
Gênero Biografia Espírita
Páginas 328
Selo/Editora Lachâtre
Formato 15,5 x 22,5

Adepto de seitas que utilizam a mediunidade, Hitler tornou-se um instrumento das forças mais tenebrosas de nosso planeta, que o protegiam e inspiravam. Do outro lado, a espiritualidade superior atuou intensamente não apenas para atender e consolar os milhões de almas que viviam sofrimentos superlativos, mas para impedir que o representante das trevas assumisse o domínio do mundo.
Jean Prieur

O AUTOR
O mais importante escritor espírita francês da atualidade!

NASCEU NO INÍCIO da Primeira Guerra Mun­dial, no dia 10 de novembro de 1914, na cidade de Lille, França, então ocupada pelo exército alemão. Foi aluno dos liceus Buffon e Condorcet e diplomado pela Es­cola Livre de Ciências Políticas. Desde cedo, demonstrou gosto pronunciado para a história e a literatura. Escritor, historiador, pesquisador, autor dramático, é professor de francês e autor de numerosos estudos sobre história e espiritismo.

Prieur iniciou a sua carreira literária em 1932 com a obra O mortal anacronismo. Após um primeiro emprego na Exposição Internacional de 1937, sucedeu, em 1938, à Georges Arnaud como editor na União Nacional das Associações de Turismo. No ano seguinte tornou-se professor de francês e latim na Escola de Guyenne, em Sainte Foy-la-Grande (Gironde). Antes da ocupação de Bordéus, em junho de 1940, obteve seu certificado de literatura francesa. Em seguida, recebeu o certificado de estudos latinos em Toulouse, e terminou a sua licenciatura em letras, nas cidades de Lião e Paris. Em 1945, foi editor do Jornal Falado de Radiodifusão. A partir de 1947, tornou-se professor de língua e de cultura francesa em Bonn, Colônia, e no Instituto Francês de Berlim. Em seguida, as­sumiu a mesma função nas universidades populares em Jönköping (Suécia) e Fredrikstad (Noruega). De 1958 a 1978, lecionou na Aliança Francesa, em Paris. Em dezembro de 1994, Jean Prieur foi condecorado com a Medalha de Vermeil da Cidade de Paris (da Academia Francesa) por todo seu trabalho. 

No  ano (2014), Jean Prieur completou cem anos de idade de uma existência em que, em meio a tantas atividades, escreveu e publicou cerca de sessenta livros, entre obras de literatura e ensaios, muitas de temática espírita.

Fonte: http://www.lachatre.com.br/loja/autores/j-k-l/jean-prieur.html

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Fomos Deixando de Escutar


Mia Couto
 in Pensatempos

Me entristece o quanto fomos deixando de escutar. Deixamos de escutar as vozes que são diferentes, os silêncios que são diversos. E deixamos de escutar não porque nos rodeasse o silêncio. Ficamos surdos pelo excesso de palavras, ficamos autistas pelo excesso de informação. A natureza converteu-se em retórica, num emblema, num anúncio de televisão. Falamos dela, não a vivemos. A natureza, ela própria, tem que voltar a nascer. E quando voltar a nascer teremos que aceitar que a nossa natureza humana é não ter natureza nenhuma. Ou que, se calhar, fomos feitos para ter todas as naturezas.

Falei dos pecados da Biologia. Mas eu não trocaria esta janela por nenhuma outra. A Biologia ensinou-me coisas fundamentais. Uma delas foi a humildade. Esta nossa ciência me ajudou a entender outras linguagens, a fala das árvores, a fala dos que não falam. A Biologia me serviu de ponte para outros saberes. Com ela entendi a Vida como uma história, uma narrativa perpétua que se escreve não em letras mas em vidas.

A Biologia me alimentou a escrita literária como se fosse um desses velhos contadores não de histórias mas de sabedorias. E reconheci lições que já nos tinham sido passadas quando ainda não tínhamos sido dados à luz. No redondo do ventre materno, já ali aprendíamos o ritmo e os ciclos do tempo. Essa foi a nossa primeira lição de música. O coração esse que a literatura elegeu como sede das paixões , o coração é o primeiro órgão a formar-se na morfogênese. Ao vigésimo segundo dia da nossa existência esse músculo começa a bater. É o primeiro som, não que escutamos — nós já escutávamos um outro coração, esse coração maior cuja presença reinventaremos durante toda a nossa existência —, mas é o primeiro som que produzimos. Antes da noção da Luz, o nosso corpo aprende a ideia do Tempo. Com vinte e dois dias, aprendemos que essa dança a que chamamos Vida se fará ao compasso de um tambor feito da nossa própria carne.

terça-feira, 19 de julho de 2016

O CAMINHO DO MEIO NÃO É PARA QUALQUER UM:


(esse cara é demais!)


O sistema social vive adoecendo e se curando. De geração em geração responde sintomaticamente aos anseios da maioria. É, portanto, democrático e produz resultados confiáveis, incorruptíveis para aqueles que o analisam.

O indivíduo pode dizer-se isso ou aquilo, pode tentar convencer midiatica ou filosoficamente um coletivo ávido por notícias de si mesmo, mas será sempre refém de suas condutas.


Nossas experiências pessoais nos individuam e não há - ou ao menos não deveria haver - qualquer constrangimento acerca de nossas escolhas.

Você não precisa ser feminista só porque nasceu mulher. Não precisa ser Cristão só porque nasceu no ocidente. Basta olhar o movimento subjetivo do coletivo para saber qual caminho seguir.

Você não apenas o assiste, você o influencia e, consequentemente, o transforma. A intolerância, o ódio, o medo e o desânimo não são sintomas políticos, de gênero, de cor ou de condição financeira. São sintomas sociais, que se projetam nessas questões, mas que não podem ser resolvidos nelas, pois que jazem no íntimo do ser.

A tela onde o filme se projeta pode tornar sua imagem mais nítida, mas não pode interferir no roteiro, pois este está no projetor. Assim, matar gays, gordos, feios e pobres não matará a intolerância que motiva o agressor, apenas o levará a projetá-la em novos alvos.

Não se preocupe em seguir os caminhos extremos, pois que nestes estão os desgovernados. Procure o caminho do meio, pois nele não há caos, atropelo e nem cegueiras passionais.

As proteções ao redor de uma rodovia são para conter os bêbados, os que dormem e os com pouca perícia. Elas estão sempre nas laterais, pois é sempre para lá que terminam os que perderam a direção.

Evite os entorpecimentos dos amores adoecidos. Descanse sua mente para não ceder ao cansaço do existir. Não se acomode em sua perícia, buscando sempre evoluir e o caminho do equilíbrio será uma consequência natural.

No meio sempre há espaço para corrigir pequenas falhas e desviar da imprudência alheia. Já nos extremos só existem dois caminhos: bater de frente com o problema ou esbarrar no muro tentando fugir dele.

Uma edição lindíssima da TAG

Título: O vermelho e o negro
Autor; Stendhal
Tradução: Raquel Prado
Editora: Dublinense
Local: Porto Alegre
Ano: 2016
Número de páginas: 544
ISBN:978-85-8318-072-2
Edição especial da TAG - Experiências Literárias

Le Rouge et le Noir (O Vermelho e o Negro, em francês), com o subtítulo Chronique du XIX siécle ("Crónica do século XIX"), é um romance histórico psicológico em dois volumes do escritor francês Stendhal, publicado em 1830. Costuma ser citado como o primeiro romance realista, embora imbuído de uma sensibilidade romântica e, diferindo da literatura realista em geral (em especial Balzac) seja econômico nas descrições de ambientes físicos e pessoas, preferindo se aprofundar em seus processos psicológicos, levando ao extremo o foco do narrador onisciente. A ação transcorre na França no tempo da Restauração antes da Revolução de 1830, supostamente entre 1826 e 1830, e trata das tentativas de um jovem de subir na vida, apesar do seu nascimento plebeu, através de uma combinação de talento, trabalho duro, engano e hipocrisia, apenas para encontrar-se traído por suas próprias paixões. Em ensaio de 1954, Somerset Maugham incluiu-o entre os dez maiores romances de todos os tempos.

O nome da obra é motivo para controvérsias. Discute-se muito a que Stendhal se referia com o "vermelho" e o "negro". Muitos atribuem o negro a cor da batina do herói e o vermelho ao sangue lavado, mas há outras interpretações que também podem ser citadas como a razão para o nome. O que reforça a dúvida é que em certas ocasiões, conclamam que o nome "O Vermelho e o Negro", vem do vermelho da antiga farda vermelha (que depois tornou-se azul-claro) dos franceses e o negro da batina dos padres, demonstrando a principal dúvida de Julien: "revelar-se nobre e ter ascensão rápida e garantida na hierarquia religiosa, ou continuar mundano sob as mesmas circunstâncias na vida militar". Essa é uma interpretação para a aceitação de um jovem de origem humilde nos meios sociais de maior vulto e influência.

Em um artigo não publicado, sob um pseudônimo, Stendhal comenta sobre um livro e declara, ele mesmo, como "um livro que pela primeira vez até agora teve a ousadia de tratar dos sentimentos franceses" e também "o único livro que tem duas heroínas, senhora de Rênal e Mathilde".

O AUTOR

Marie Henri Beyle, mais conhecido como Stendhal (Grenoble, 23 de janeiro de 1783 – Paris, 23 de março de 1842) notabilizou-se como romancista e crítico. Seu estilo, ao contrário do excesso de ornamentos, valorizava o perfil psicológico dos personagens, a interpretação de seus atos, sentimentos e paixões. Seus romances mais conhecidos são: Do amor (1822), O vermelho e o negro (1831) e A cartuxa de Parma (1839), obras de notável análise psicológica, escritas todas elas com uma precisão e uma nudez simultaneamente naturais e intencionais. As duas últimas podem ser chamadas de novelas de aprendizagem, e compartilham de rasgos românticos e realistas; nelas aparece um novo tipo de herói, tipicamente moderno, caracterizado por seu isolamento da sociedade e seu confronto com suas convenções e ideais, no que muito possivelmente se reflete em parte a personalidade do próprio Stendhal.

Como crítico, escreveu: História da pintura na Itália (1817); Roma, Nápoles e Florença (1817) e as vidas de Mozart, Napoleão, Rossini, entre outros. Stendhal seguiu a princípio a carreira comercial e empreendeu em 1814 uma viagem de estudo pela Itália. Dândi afamado, freqüentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os redimentos obtidos com suas colaborações em algumas revistas literárias. Em 1821 foi expulso de Milão, suspeito de estar filiado a um clube de carbonários. Regressando a Paris, onde seu nome era, então, já citado com respeito, aí permaneceu até que foi nomeado cônsul em Trieste e depois em Civita Vechia, posto que ocupava quando faleceu em decorrência de um ataque de apoplexia.

Fontes:https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Vermelho_e_o_Negro e  http://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID =805 134 &SecaoID=948848 &Subs ecaoID =0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=519908 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Processo lento


Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la.

Martha Medeiros

O tempo é hoje


sábado, 16 de julho de 2016

Tudo aquilo que a gente valoriza nos escraviza

"O homem sofre para processar a realidade, sofre porque precisa desenvolver a Consciência e entender que toda importância que estiver dando a um acontecimento fará com ele permaneça vivo, nesse sentido é que precisamos trabalhar o desapego.

Desapegar-se, portanto, é o caminho para a nossa transcendência, pois estaremos presos àquilo que consideramos o nosso tesouro. Como ensina o Mestre Nazareno: “onde estiver o teu tesouro, aí estará também o seu coração”.

Tudo aquilo que a gente valoriza nos escraviza, sejam coisas ou pessoas, não deveríamos tratar os fenômenos externos como responsáveis pela nossa realização, muito menos nos acharmos donos de nada. Ninguém, na realidade, pode resolver os nossos problemas internos, justamente por serem internos."

Fonte: Trecho do artigo Aprender a não se abalar com nada por Paulo Tavarez

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Envelhecer

Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
Mário Quintana