domingo, 24 de janeiro de 2016

“Violinos não envelhecem”, uma sensível crônica de Rubem Alves

Eu a escrevi faz muito tempo, uma estória de amor. Quem a leu, eu sei, não se esqueceu.

Por razão do dito pela Adélia: ” o que a memória ama fica eterno”. História de amor não inventada, acontecida, tão comovente quanto Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa. O que fiz foi só registrar o acontecido.

Preciso contá-la de novo, para benefício daqueles que não a leram pela primeira vez, e a fim de acrescentar um final novo, inesperado, acontecido depois.

A testemunha que me relatou o sucedido…, atrasou-se para um compromisso em minha casa, chegou três horas depois, explicando que havia ido ao velório de um tio de 81 anos de idade que morrera de amor. Parece que seu velho corpo não suportara a intensidade da felicidade tardia, e os seus músculos não deram conta do jovem que, repentinamente, deles se apossara.

O amor surgira no tempo em que ele é mais puro: a adolescência. Mas naquele tempo havia uma outra AIDS, chamada tuberculose, que se comprazia em atacar as pessoas bonitas, os artistas e os apaixonados – esses eram os grupos de risco. Pois ela, a tuberculose, invejosa da felicidade dos dois, alojou-se nos pulmões do moço, que teve que ir em busca de ar puro, no alto das montanhas… Quem ia para tais lugares despedia-se com um “adeus”, um olhar de “nunca mais”. Na melhor das hipóteses, muitos anos iriam se passar antes do reencontro.

Imagino o sofrimento da jovem dividida: o corpo naquela casa, a alma por longe terra!! Na vida daquela menina, que surda, perdia a guerra…(Cecília Meirelles).

Valeram mais os prudentes conselhos da mãe e do pai: não trocar o certo pelo duvidoso. Vale mais um negociante vivo do que um tuberculoso morto. E aconteceu com ela o que aconteceu com a Firmina Dazza , que de longe e às escondidas namorava o Fiorentino Ariza, na estória de Gabriel Garcia Marques – Amor nos tempos da cólera – , que foi obrigada pelo pai a casar com o doutor Urbino: não se troca um médico por um escriturário. Casou-se e com ele, ficou até que, depois de 51 anos, veio a libertação…

Ela casou. Ele casou. Nunca mais se viram. Quando ela tinha 76 anos (ele tinha 79), ela ficou viúva. E ficou sabendo que ele estava vivo. A curiosidade e a saudade foram fortes demais. Foi procurá-lo. Encontraram-se. E de repente eram namorados adolescentes de novo. Resolveram casar-se. Os filhos protestaram. Eles, os filhos, não suportam a idéia de que os velhos também têm sentimentos. Especialmente os pais. Pais velhos devem ser fofos, devem saber contar histórias, devem tomar conta dos netos.

Mas velho apaixonado é coisa ridícula. Não combina… Os filhos sempre decidem contra o amor dos pais.

Mas, na nossa estória, os dois velhos deram uma banana para os filhos e foram viver juntos. Viveram uns anos de amor maravilhosos, e ele até começou a escrever poesia e voltou a tocar o violino que ficara por mais de 50 anos sobre um guarda-roupa, porque a esposa não gostava de música de violino. Confessou ao sobrinho: “Se Deus me der dois anos de vida com esta mulher, minha vida terá valido a pena…” Bem que Deus quis. Mas o corpo não deixou. Morreu de amor, como temia o Vinícius.

Achei a estória tão bonita que transformei numa crônica a que dei um título inspirado nas Sagradas Escrituras: “… e os velhos se apaixonarão de novo”. Passaram-se semanas. Eram dez horas da noite. Eu estava trabalhando no meu escritório. O telefone tocou. Voz aveludada de mulher do outro lado.

– É o professor Rubem Alves ?

-Sim, respondi secamente. Eu sempre sou seco ao telefone.

– Quero agradecer a belíssima crônica que o senhor escreveu com o título “E os velhos se apaixonarão de novo”. O senhor já deve ter adivinhado quem está falando…

– Não – respondi – por vezes eu sou meio burro. Aí ela se revelou: – Sou a viúva.

Foi o início de uma deliciosa conversa de mais de quarenta minutos, interurbano, em que ela contou detalhes que eu desconhecia. O medo que ela teve quando ele resolveu mandar consertar o violino! Ela temia que os dedos dele já estivessem duros demais…

Ah! Que metáfora fascinante para um psicanalista sensível. Sim, sim! Nem os violinos ficam velhos demais, nem os dedos ficam impotentes para produzir música ! E aí foi contando, contando, revivendo, sorrindo, chorando tanta alegria, tanta saudade, uma eternidade num grão de areia… Ao terminar, ela fez esta observação maravilhosa:

– Pois é, professor. Na idade da gente, a gente não mexe muito com sexo. A gente vivia de TERNURA E AMOR.

Aqui termina a lição do Evangelho.

TEXTO DERubem Alves
FONTE Do livro: Sobre o tempo e a eternidade
Por Portal Raízes

SEMPRE MELHOR COM DE LUCCA- TRAGA A VIDA DE VOLTA PARA VOCÊ - 22/-1/16

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Tudo passa


Chico Xavier
Emmanuel
Todas as coisas, na Terra, passam...
Os dias de dificuldades, passarão...
Passarão também os dias de amargura e solidão...
As dores e as lágrimas passarão.
As frustrações que nos fazem chorar... um dia passarão.
A saudade do ser querido que está longe, passará.

Dias de tristeza...
Dias de felicidade...
São lições necessárias que, na Terra, passam,
deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.

Se hoje, para nós, é um desses dias
repletos de amargura,
paremos um instante.

Elevemos o pensamento ao Alto,
e busquemos a voz suave da Mãe amorosa
a nos dizer carinhosamente: isso também passará...

E guardemos a certeza,
pelas próprias dificuldades já superadas,
que não há mal que dure para sempre.

O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação,
às vezes parece que vai soçobrar
diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará, porque Jesus está
no leme dessa Nau, e segue com o olhar sereno
de quem guarda a certeza de que a agitação
faz parte do roteiro evolutivo da humanidade,
e que um dia também passará...

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro,
porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos,
sem esmorecimento, e confiemos em Deus,
aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo...
também passarão..."

" Tudo passa...
...exceto DEUS!"
Deus é o suficiente!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Da segurança íntima


Se cumpres o teu dever e não aspiras a outro
prêmio que não seja a consciência tranquila,
quem te poderá fazer o mal, se procuras
somente o bem?

Pense nisso, atendendo a isso, e verificarás que a
segurança íntima reside em ti mesmo, qual
acontece à paz da alma, que vem a ser
patrimônio de cada um.

Autor: Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Benção de Paz

Só quando você estiver livre do medo

Quando você está livre do medo, há o forte sentimento de ser bom, de pensar com muita clareza, de olhar as estrelas, de olhar as nuvens, de olhar os rostos com um sorriso. Quando não há medo, pode-se ir muito mais longe. Então você pode descobrir por si mesmo aquilo que o homem tem buscado ao longo de gerações. Em cavernas no sul da França e no norte da África, há pinturas de 25000 anos de animais lutando com homens, figuras de veados, de gado. São pinturas extraordinárias. Elas mostram a luta infinda do homem, sua batalha com a vida e sua busca da coisa extraordinária chamada Deus. Porém, ele nunca encontra essa coisa extraordinária. Você só esbarra com ela no escuro, involuntariamente, quando não houver nenhum tipo de medo.
 Krishnamurti
Krishnamurti on Education, p 38

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Morro dos Ventos Uivantes

Começando o ano matando saudades. Relendo e revendo uma forte história de amor.

O LIVRO

Emily Brontë, ao morrer de tuberculose aos trinta anos, havia lançado - um ano antes - um único romance, O Morro dos Ventos Uivantes. Publicado em dezembro de 1847 sob o pseudônimo de Ellis Bell, o livro chocou os leitores da época, uma vez que, para contar a história de amor entre Catherine e Heathcliff, a jovem autora expôs os sentimentos e a alma dos personagens de uma maneira pouco comum ao mostrar suas falhas de caráter e revelar o abismo social que separava os dois irmãos de criação, mantendo, assim, a tensão ao longo de todo o romance.

A trama ganha contornos sombrios quando Lockwood, o novo locatário da Granja da Cruz do Tordo, faz uma visita ao seu senhorio, Heathcliff, proprietário do Morro dos Ventos Uivantes, e, durante uma terrível nevasca, precisa se abrigar na casa. A partir dessa noite nada convencional revela-se a história da paixão entre Heathcliff e Catherine.

Emily Brontë criou um mundo próprio, perpassado pelo sobrenatural, para escrever uma das mais trágicas - e igualmente românticas - histórias da literatura inglesa.
Fonte: http://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID=636453&ID=600038

 
O FILME


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Soneto 19 (traduzido)

                                                       Resultado de imagem para mulher fada                                                                                                        William Shakespeare
                                                                                                         Tradução de Thereza Cristina Motta
Tempo voraz, corta as garras do leão,
E faze a terra devorar sua doce prole;
Arranca os dentes afiados da feroz mandíbula do tigre,
E queima a eterna fênix em seu sangue;
Alegra e entristece as estações enquanto corres,
E ao vasto mundo e todos os seus gozos passageiros,
Faze aquilo que quiseres, Tempo fugaz;
Mas proíbo-te um crime ainda mais hediondo:
Ah, não marques com tuas horas a bela fronte do meu amor,
Nem traces ali as linhas com tua arcaica pena;
Permite que ele siga teu curso, imaculado,
Levado pela beleza que a todos sustém.
Embora sejas mau, velho Tempo, e apesar de teus erros,
Meu amor permanecerá jovem em meus versos.

Fonte: http://154sonetos.blogspot.com.br/2009/07/soneto-19-tempo-voraz-corta-as-garras.html