segunda-feira, 30 de março de 2015

A voz interior

 Uma meditação inspirada pelo Guia.

...Se você se aquietar e prestar atenção ao seu eu interior, você ouvirá a sua voz. Com variações, ele dirá:

Eu sou o Deus eternamente amoroso, o Criador eternamente presente que mora dentro de ti que se move através de ti que se expressa como tu em miríades de formas - como tu, e tu, e tu - como os animais como as árvores e o céu e o firmamento como tudo o que existe.

Habitarei em ti e se Me permitires agir através de ti ser conhecido através da tua mente ser sentido através de teus sentimentos experimentaras o Meu poder ilimitado. Não temeras esse poder que se manifesta em todos os níveis. O poder e grande, mas entrega-te a Mim. Entrega-te a este poder a esta torrente que se lança vigorosa, que te fará chorar e que te fará sorrir, ambos em alegria.

Porque tu és EU e EU sou tu. Não posso atuar nesse nível sem que sejas meu instrumento. E Se Me ouvires, guiar-te-ei em cada etapa do caminho.

Sempre que estás na escuridão, estás distante de Mim. E se te lembrares disso, darás os teus passos para voltar a Mim. Não estou longe. Estou aqui, em cada partícula do teu próprio ser.

Se fizeres a minha vontade, tu e Eu nos uniremos mais, e Eu farei a tua vontade."

In livro "O Caminho da Autotransformação", de Eva Pierrakos que canalizou um ser espiritual - o Guia.

domingo, 29 de março de 2015

Cada Amanhecer


Cada amanhecer é convite sereno à conquista de valores que parecem inalcançáveis. 

À medida que o dia avança, aproveita os minutos, sem pressa nem postergação do dever.
Não te aflijas ante o volume de coisas e problemas que tens pela frente.

Dirige cada ação à sua finalidade específica.
Após concluir um serviço, inicia outro e, sem mágoa dos acontecimentos desagradáveis, volve à liça com disposição, avançando, passo a passo, até o momento de conclusão dos deveres planejados.

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco

sábado, 28 de março de 2015

ENTREVISTA COM UM MÉDICO TIBETANO: LAMA TULKU LOBSANG RINPOCHE

"Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo. Mas tenho a mente treinada. Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos. Eles vêm, mas não afetam nem minha mente, nem meu coração."
Quando um paciente chega para consulta, como o senhor sabe qual o problema?
R – Olhando como ele se move, sua postura, seu olhar. Não é necessário que fale nem explique o que se passa. Um doutor de medicina tibetana experiente sabe do que sofre o paciente a 10 m de distância.

Mas o senhor também verifica seus pulsos.
R – Assim obtenho a informação que necessito sobre a saúde do paciente. Com a leitura do ritmo dos pulsos é possível diagnosticar cerca de 95% das enfermidades, inclusive psicológicas. A informação dada por eles é precisa como um computador. Para lê-los, é necessária muita experiência.

E depois, como realiza a cura?
R – Com as mãos, o olhar e preparados de plantas e minerais.

Segundo a medicina tibetana, qual é a origem das doenças?
R – Nossa ignorância.

Então, perdoe a minha, mas o que entender por ignorância?
R – Não saber que não sabe. Não ver com clareza. Quando vemos com clareza, não temos que pensar. Quando não vemos claramente, colocamos o pensamento para funcionar. E, quanto mais pensamos, mais ignorantes somos, mais confusão criamos.

Como posso ser menos ignorante?
R – Vou ensinar um método muito simples: praticando a compaixão. É a maneira mais fácil de reduzir os pensamentos. E o amor. Se amamos alguém de verdade, se não o queremos só para nós, aumentamos a compaixão.

Que problemas percebe no Ocidente?
R – O medo. O medo é o assassino do coração humano.

Por quê?
R – Porque, com medo, é impossível ser feliz e fazer felizes os outros.

Como enfrentar o medo?
R – Com aceitação. O medo é resistência ao desconhecido.

Como médico, em que parte do corpo vê mais problemas?
R – Na coluna, na parte baixa da coluna: as pessoas permanecem sentadas tempo demais na mesma posição. Com isso, se tornam rígidas demais.

Temos muitos problemas.
R: Acreditamos ter muitos problemas, mas, na realidade, nosso problema é que não os temos.

O que isso quer dizer?
R – Que nos acostumamos a ter nossas necessidades básicas satisfeitas, de modo que qualquer pequena contrariedade nos parece um problema. Então, ativamos a mente e começamos a dar voltas e mais voltas sem conseguir solucioná-la.

Alguma recomendação?
R – Se o problema tem solução, já não é um problema. Se não tem, também não.

E para o estresse?
R – Para evitá-lo, é melhor estar louco.

???
R – É uma piada. Mas não tão piada assim. Eu me refiro a ser ou parecer normal por fora e, por dentro, estar louco: é a melhor maneira de viver.

Que relação o senhor tem com sua mente?
R – Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo. Mas tenho a mente treinada. Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos. Eles vêm, mas não afetam nem minha mente, nem meu coração.

O senhor ri muito?
R – Quando alguém ri nos abre seu coração. Se você não abre seu coração, é impossível entender o humor. Quando rimos, tudo fica claro. Essa é a linguagem mais poderosa que nos conecta uns aos outros diretamente.

O senhor acaba de lançar um CD de mantras com base eletrônica, para o público ocidental.
R – A música, os mantras e a energia do corpo são a mesma coisa. Como o riso, a música é um grande canal para nos conectar com o outro. Por meio dela, podemos nos abrir e nos transformar: assim, usamos a música em nossa tradição.

O que gostaria de ser quando ficar mais velho?
R: Gostaria de estar preparado para a morte.

E mais nada?
R – O resto não importa. A morte é o mais importante da vida. Creio que já estou preparado. Mas, antes da morte, devemos nos ocupar da vida. Cada momento é único. Se damos sentido à nossa vida, chegamos à morte com paz interior.

Aqui vivemos de costas para a morte.
R: Vocês mantêm a morte em segredo. Até que chegará um dia em sua vida em que já não será um segredo: não será possível escondê-la.

E qual o sentido da vida?
R – A vida tem sentido e não tem. Depende de quem você é. Se você realmente vive sua vida, então a vida tem sentido. Todos têm vida, mas nem todos a vivem. Todos temos direito a sermos felizes, mas temos que exercer esse direito. Do contrário, a vida não tem sentido.

Fonte: do face de Letícia Sabatella https://www.facebook.com/leticia.sabatella.1

Inquietação


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco

Vez que outra, apresenta-se, inesperadamente, e toma corpo, terminando por gerar desconforto e depressão.

Aparece como dúvida ou suspeita, e ganha forma, passando por diferentes fases, até controlar a emotividade que se transtorna, levando a estados graves.

Aqui, se apresenta na condição de medo em relação ao futuro.

Ali, se expressa em forma de frustração, diante do que não foi logrado.

Acolá, se manifesta como um dissabor qualquer, muito natural, aliás, em todas as vidas.

Há momentos em que se estabelece como conflito, inspirando rebeldia e agressividade.

Noutras ocasiões, ei-la em forma de desconforto íntimo e necessidade de tudo abandonar...

No turbilhão da vida hodierna, em face do intercambio psíquico nas faixas da psicosfera doentia que grassa, é muito difícil a manutenção de um estudo, a fim de ser debelada.

Não lhes dês guarida, dialogando com as insinuações de que se faz objeto. Evita as digressões mentais pessimistas, e não te detenhas nas conjecturas maliciosas.

Ninguém a salvo desses momentos difíceis. Todavia, todos têm o dever de superá-los e avançar confiantes nos resultados opimos das ações encetadas.

Assim, age sempre com correção e não serás vítima de inquietações desgastantes.

História do pescador

Um homem de negócios chegou no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana, observou um pequeno barco de pesca que atracava naquele momento, trazendo um único pescador. No barco, vários grandes atuns de barbatana amarela. O homem deu parabéns ao pescador pela qualidade dos peixes e lhe perguntou quanto tempo levara para pescá-los.

– Pouco tempo - respondeu o mexicano.

Em seguida, o empresário perguntou por que ele não permanecia no mar mais tempo, o que lhe teria permitido uma pesca mais abundante. O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender as necessidades imediatas de sua família.


O homem voltou à perguntar:

– Mas o que é que você faz com o resto de seu tempo?

O mexicano respondeu:

– Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, tiro a cesta com minha mulher, Maria, vou todas as noites à aldeia, bebo um pouco de vinho e toco violão com meus amigos. Levo uma vida cheia e ocupada, senhor.

O empresário assumiu um ar de pouco caso e disse:

– Eu sou formado em administração de empresas em Harvard e poderia ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria uma frota de barcos pesqueiros. Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia diretamente à uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria. Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição. Precisaria deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para a Cidade do México de onde dirigiria sua empresa em expansão.

– Mas senhor, quanto tempo isso levaria? - perguntou o pescador.

– 15 ou 20 anos - respondeu o empresário.

– E depois, senhor?

O empresário riu, e disse que essa seria a melhor parte:

– Quando chegar a ocasião certa, você poderá abrir o capital de sua empresa ao público e ficar muito rico. Ganharia milhões.

– Milhões, senhor? E depois?

– Depois - explicou: você se aposentaria. Mudaria para uma pequena aldeia costeira, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os seus netos, tiraria a cesta com a sua esposa, iria à aldeia todas as noites, onde poderia tomar vinho e tocar violão com os amigos... E respondeu o pescador: Mas moço isso eu já tenho!

MORAL DA HISTÓRIA: Viver é a coisa mais simples e rara do mundo. A maioria das pessoas criam para si tantos obstáculos que passam por está jornada evolutiva da vida apenas existindo.

Fonte: https://www.facebook.com/metaforasfaustoborges?fref=nf

quarta-feira, 25 de março de 2015

Somos assim...


Um poema de Chuang-Tzu


Chuang-Tzu e hui Tzu
atravessaram rio Hao
pelo açude.

Disse Chuang:
“Veja como os peixes
pulam e correm tão livremente:
isto é a sua felicidade.”

Respondeu Hui:
“Desde que você não é um peixe,
Como sabe
O que torna os peixes felizes?”

Chuang respondeu:
“Desde que você não é eu,
Como é possível que saiba
que eu não sei
o que torna os peixes felizes”?

Hui argumentou:
“Se eu, não sendo você,
não posso saber o que você sabe;
daí se conclui que você,
não sendo peixe,
não pode saber o que eles sabem”.

Disse Chuang:
“Um momento.
Vamos retornar à pergunta primitiva.
O que você me perguntou foi
‘Como você sabe o que torna os peixes felizes’?
Dos termos da pergunta,
você sabe evidentemente que eu sei
o que torna os peixes felizes.”

“Conheço as alegrias dos peixes no rio
através da minha própria alegria, à medida
que vou caminhando à beira do mesmo rio”.

do livro A via de Chuang-Tzu

domingo, 22 de março de 2015

Viva o presente


Agredido


Joana de Ângelis
Evidentemente sofres agressões. Do íntimo convulsionado, petardos mentais, contínuos, produzem-te desequilíbrios; de fora chegam as investidas da ignorância e da impiedade, que te dilaceram com profundos golpes.

São incontáveis as agressões:

vibrações perniciosas que exteriorizas ou absorves em comércio psíquico, agridem os outros, que revidam, inconscientes; palavras ácidas que proferes ou que te penetram, ferintes, quando enunciadas por outrem na tua direção; atitudes descorteses que assumes ou que têm para contigo e maceram teus sentimentos...

Sim, estás agredido, porque não conseguiste, ainda, a doçura que recolhe a animosidade sem revide, a biliosidade sem azedume, a investida do desequilíbrio sem revolta...

Açodado por fatores intrínsecos que te desarmonizam, não pudeste armazenar forças para o auto-burilamento, que te imunizaria contra as investidas perturbantes.

O espírita é alguém, que, encontrando a explicação dos motivos do sofrimento, penetra-se de luz e paz.

Revida mediante os métodos da confiança ilimitada em Deus, deixando à Vida as respostas mais úteis aos que a desconsideram.

Não toma nas mãos as rédeas da Justiça, armando-se de látego e baraço ou esgrimindo os recursos coarctadores nem os da punição.

Se não concorda com o erro e a criminalidade, não se transforma em julgador, ante age e produz corretamente, reagindo pela atitude positiva e elevada com que expõe a excelência dos conhecimentos que o vitalizam.

O triunfo dos agressores é semelhante a vapor que os vence no auge do êxito, enquanto a vitória dos agredidos é a paz do coração.

Toda aflição, pois, é recurso providencial de que a Vida se utiliza para aproximar-te da Verdade. Não recalcitres, nem sintonizes com aqueles que transitam nas densas faixas do primitivismo e da agressividade.

A vida na Terra por mais longa é sempre breve...

Felizes aqueles que concluem a jornada, quites, em relação aos deveres assumidos, podendo olhar para trás sem amarras nem, dependências de qualquer natureza, livres, após os embates terminados.

Incitado a adensar a massa dos atormentadores-atormentados, recorda Jesus e prossegue manso, sofrendo sem impor desespero a ninguém.

Asseverou-nos Ele, que todo aquele que "ganhar a vida, perdê-la-á", enquanto o que a "perder, tê-la-á ganho".

Assim informado não desfaleças e prossegue, agredido, porém, jamais agressor

sábado, 21 de março de 2015

Isabel Allende habló de la necesidad de contar historias

Eu quero esse. Não li ainda.

Viver em Paz

"..Vivei em paz..."
Paulo, (II CORÍNTIOS. 13:11.) 

Mantém-te em paz. 
É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver; entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém. 

Para isso, contudo - para que a tranqüilidade te banhe o pensamento -, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos. 
Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação. 

Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e na posição que lhes dizem respeito. 

Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho... 
Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços... Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas. 

Uns acusam, outros choram. 
Ajuda-os, enquanto podes. 
Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida. 
Aprendamos a compreender cada mente em seu problema. 

Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar. 

Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre. 

Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.

Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Fonte Viva

sexta-feira, 20 de março de 2015

Canção do Amor Imprevisto

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E minha poesia é um vicio triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com tua boca fresca de madrugada,
Com teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos!
Mário Quintana

quinta-feira, 19 de março de 2015

O monge e o macaco


Um punhado de margaridas


O comportamento dócil, carinhoso, sofisticadamente gentil de muitos cristãos, que chegam mesmo a falar com extrema suavidade, não se identifica muita vez com a sua autêntica personalidade; assim se comportam por algumas razões explicáveis...

O misticismo religioso é como o verniz: embeleza e encanta apenas por fora; e toda religião que não fora compreendida na sua essência filosófica e científica acaba por oferecer somente a capa; muitos há, portanto, que não se inteiraram da profundeza científica-filosófica de sua religião e, por isso, estão por aí na condição de adornos de sua religião, seja ela qual for.

Outros adotam tal comportamento por ignorância: acham que mudar a tonalidade da voz, amainar os gestos, modificar atitudes pueris e externas já é interpretar uma transformação moral que, na verdade, só virá mesmo com muita luta, sacrifício, renúncia, serviço constante na caridade, e assim mesmo com o dealbar do tempo.

Outros, ainda,  por humildade; outros mais por frustração; imitam os autênticos, os que já alcançaram a condição de madureza moral  sem perderem a própria personalidade; têm vontade ser como estes e os imitam.

Outros, finalmente, por vaidade extrema, encontram na bajulação o estímulo para o seu autodeslumbramento. E bajuladores, criadores de deuses de carne e osso, forjadores de ídolos de pano é coisa que não falta em época nenhuma e em parte alguma; pelo menos onde imperar a ignorância...

Sendo eles humanos, porém, sua máscara cairá, se for falso esse comportamento.

Eles agradam visualmente, encantam o ambiente cristão, adornam, enfim, como as flores; são muito parecidos com as margaridas com que enfeitam os altares; mas só enfeitam; nada mais, nem perfume têm...

Não nos entreguemos a tais disparates, companheiros.

Convocados pelo Cristo à renovação integral, segundo o roteiro de moral e trabalho legado por Ele, não acreditemos no expediente ingênuo das falsas aparências, porque estas logo desaparecem quando surgem os testes de promoções, e até nós próprios então, diante da capa que caiu, ficamos profundamente desapontados perante o que realmente somos, num contraste assustador ante o que pensávamos ser.
***
Trabalhe, sirva, ame, ajude, perdoe, mas sempre sinceramente, sem escapulir da naturalidade, resvalando-se para o  misticismo e o resultado será outro, bem melhor e maior.

Se sua fé religiosa é o altar, não seja você apenas UM PUNHADO DE MARGARIDAS.

Iron Junqueira
do livro Pelo Clarão da Janela

quarta-feira, 18 de março de 2015

Não te perturbes


Emmanuel

“E o mandamento que era para a vida, achei eu que me era para a morte.”
 Paulo. (Romanos, 7:10.)


Se perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta acerca do moinho, naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de tortura em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta aprimorado para a glória do pão na subsistência do mundo.

Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote, informaria que nele identifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar lhe as entranhas; todavia, sob o patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil para servir em atividades sempre mais nobres.

Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo esclarecerá que descobriu nele o detestável perseguidor de sua tranquilidade, a feri-la, desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva aos tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.

Assim, a alma. Assim, a luta.

Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará talvez impropriedades mil. Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates verbais. Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e derramará fel e pranto.

Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinado, do sofrimento purificador e do obstáculo asfixiante, o Espírito ressurge sempre mais aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para a imortal idade.

Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.

O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que se te afigura em favor de tua morte, é contribuição para o teu engrandecimento na vida eterna.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Sendo magoado durante toda a vida


Krishnamurti

Tomemos por exemplo o mal que cada ser humano sofre desde a infância. É-se magoado pelos próprios pais, psicologicamente; depois magoado na escola, na universidade, através da comparação, através da competição, através de se dizer que tem que se ser excelente nesta matéria, etc. Durante toda a vida existe este processo constante de se ser magoado. Sabe-se isto, e que todos os seres humanos são magoados, profundamente, coisa de que podem não ter consciência, e que de tudo isto surgem todas as formas de ações neuróticas. Tudo isso faz parte da consciência da pessoa – uma consciência em parte oculta e em parte manifesta de que se é magoado. Agora, é possível não se ser de todo magoado? Porque as consequências de se ser magoado são a edificação de um muro em torno de si mesmo, afastando-se no relacionamento com os outros para não se ser mais magoado. Nisso há medo e um isolamento gradual. Agora, perguntamos: É possível não só ficar livre de males passados, mas também jamais ser magoado novamente? 
The Flame of Attention, pp 87-88

terça-feira, 10 de março de 2015

Colcha de Retalhos

"Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento"
Paulo (II Timóteo, 2:7)

Os atos bons que fazes, ao longo da caminhada, juntando-os, um a um, Deus os vai costurando, fazendo, para ti, uma colcha de retalhos, que te valerá no fim da vida, quando o frio da ancianidade vier te molestar o corpo.

E mesmo que nu estiveres, não te inquietará o frio da penúria nem te enregelará o abandono a que fores relegado pelos beneficiários do teu amor, pois até a ingratidão de todos eles se transformará em bênçãos para ti mesmo, porque será o retalho do perdão que estarás doando, e o retalho do perdão é medida vantajosa demais para quem o confecciona, poque, com essa medida, Deus cobrirá o teu frio e a tua nudez.

Juntando pedaço por pedaço dos instantes de bondade que deste em favor do mundo, Jesus, tão bom e compensador, irá confeccionando,  também, o lastro infinito dos teus sonhos de esperança quanto as criaturas que ficarem no mundo, e dormirás o sono merecido dos justos, sonhando com uma humanidade sem ódio e sem rancor, sem cólera, sem peste, sem fome e sem guerra. 

Sonharás com um mundo maravilhoso de paz e luz, cuja sementes pudeste plantar no coração dos teus filhos e de todas as criancinhas que ajudaste com carinho e amor na Terra.

Os teus atos de compreensão, tolerância e caridade, alma querida, serão ajuntadas por Jesus que, para ti especialmente, estará confeccionando um colcha de retalhos com que te cobrirá contra o frio do desprezo, contra o frio da injustiça, da dor e de todos os sofrimentos e dissabores.

Confia, espera e age, que o Bendito Costureiro da Bondade não te deixará desprovido de tudo aquilo que o mundo te negou...

Não te deixará sozinho porque sozinho não deixaste o padecente; poque sozinho não deixaste a Ele que trabalhava em silêncio quando chegaste para ajudá-lo sem qualquer indagação; e não te deixará passando frio porque, com os teus gestos de bondade, cedeste-lhe as medidas da cooperação valiosa, e Ele, com elas, teceu, para ti, uma tépida, sublime e merecida colcha de retalhos.
do livro de Iron Junqueira  Pelo Clarão da Janela 

sábado, 7 de março de 2015

O que é ser mulher?


Martha Medeiros

Sempre que chega essa época do ano, prometo a mim mesma: minhas próximas férias serão tiradas em março. Vou alugar uma choupana em Ushuaia e só volto quando pararem de falar no Dia da Mulher. Apenas para evitar a pergunta que tantos pedem que a gente responda: “O que é ser mulher?”. 

Basicamente, ser mulher é ter nascido com os cromossomos XX. Será que isso responde à questão? Responde, só que de modo desaforado. Espera-se que colaboremos: “Ser mulher é ser mãe, esposa, profissional... ”. Alguém ainda aguenta essa churumela? 

Se é para refletir sobre o assunto, então sejamos francos: ninguém mais sabe direito o que é ser mulher. Sofremos uma descaracterização. Necessária, porém aflitiva. Entramos no mercado de trabalho, passamos a ter liberdade sexual e deixamos para ter filhos mais tarde, se calhar. Somos presidentes, diretoras, empresárias, ministras. Sustentamos a casa. Escolhemos nossos carros. Viajamos a serviço. Saímos à noite com as amigas. Praticamos boxe. O que é ser mulher, nos perguntam. Pois, hoje, ser mulher é praticamente ser um homem. 

Nossa masculinização é um fato. Ok, nenhuma mulher desistirá de tudo o que conquistou. A independência é um ganho real para nós, para nossa família e para a sociedade. Saímos da sombra e passamos a existir de forma plena. E o mundo se tornou mais heterogêneo e democrático, mais dinâmico e produtivo, em suma: muito mais interessante. Mas não nos deram nada de mão beijada, ganhamos posições no grito, falando grosso. E agora está difícil reconhecer nossa própria voz. 

“Sou mais macho que muito homem” não é apenas o verso de uma música de Rita Lee, é pensamento recorrente de cérebros femininos. Alguém ainda conhece uma mulher reprimida, omissa, sem opinião, sem pulso? Foram extintas e deram lugar às eloquentes. 

Nada de errado, repito. Acumulamos uma energia bivolt e isso tem nos trazido inúmeros benefícios – deixamos de ser um simples acessório, nos integralizamos. Mas essa nova mulher ainda se permitirá um segundinho de “cuida de mim”? Se os homens estão se permitindo ser frágeis, por que não nos permitimos também, nós que temos os royalties dessa condição? 

É no amor que a mulher recupera sua feminilidade. É na relação a dois. Na autorização que dá a si mesma de se sentir cansada e de permitir que o outro tome decisões e a surpreenda. É através do amor que voltamos a confiar cegamente, a baixar a guarda e a deixar que nos seduzam – sem considerar isso ofensivo. Muitas mulheres estão desistindo de investir num relacionamento por se julgarem incapazes de jogar o jogo ancestral: eu, provedor; você, minha fêmea. 

Os homens sabem que já não iremos nos contentar em receber mesada e ficar em casa guardando a ninhada, mas, na intimidade, que tal deixarmos a testosterona e o estrogênio interpretarem seus papéis convencionais? 

Um amor sem tanta racionalidade, sem demarcação de território, sem guerra pelo poder. Amolecer de vez em quando, com entrega, com gosto. É onde ainda podemos ressuscitar a mulher que fomos, sem prejuízo à mulher que somos.
do Livro: A Graça da Coisa

quinta-feira, 5 de março de 2015

Poema sufi

"Em cada coração há uma
janela para outros corações.
Eles não estão separados,
como dois corpos.
Mas, assim como duas lâmpadas
que não estão juntas,
Sua luz se une num só feixe."

Jalaluddin Rumi