terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mensagem para um ano novo


Do médium José Carlos De Lucca:
compartilho a mensagem de Ano Novo que o Espírito Bezerra de Menezes me inspirou nesta manhã, para seus milhares de amigos da internet:


"Filhos amados: Estamos no limiar de um ano novo e nossa alma se enche de expectativas quanto às experiências positivas que nos aguardam. Embora seja isso uma aspiração tão humana quanto justa, gostaríamos de, humildemente, sugerir aos companheiros de jornada que reflitam que o tempo também tem expectativas positivas sobre nós. Todo tempo é tempo de Deus e seria um desperdício total gastar as horas dos novos dias no cultivo das lamentações, queixas, pessimismo, azedume e má vontade. Lembrem, meus filhos, que o tempo caminha para frente e por isso ninguém deve centralizar a vida nas horas que já se foram. A melhor maneira de aproveitarmos o tempo ainda é o trabalho, sobretudo o trabalho desinteressado em favor do próximo. Desejar aos meus filhos um feliz ano novo é desejar mais trabalho a todos, é desejar que olhemos mais na direção do próximo, é esperar que todos passem pelo tempo amando e trabalhando, e não simplesmente que o tempo passe por nós e nos encontre de mãos vazias e coração avinagrado. Para esses irmãos, o ano sempre será velho e a vida sempre um fardo difícil de carregar. Avancemos com Jesus, meus amados, pois com o Mestre a vida se renova a cada instante e o tempo se faz novo e feliz."

domingo, 28 de dezembro de 2014

Aparências


 por Hammed

“A árvore que produz maus frutos não é boa, e a árvore 
que produz bons frutos não é má; porque cada árvore se
conhece pelo seu próprio fruto. Não se colhem figos dos
espinheiros e não se cortam cachos de uva de sobre as
sarças...”
(Capítulo 21, item 1.)


Fugimos constantemente de nossos sentimentos interiores por não confiarmos em nosso poder pessoal de transformação e, dessa forma, forjamos um “disfarce” para sermos apresentados perante os outros.

Anulamos qualquer emoção que julgamos ser inconveniente dizendo para nós mesmos: ‘‘eu nunca sinto raiva”, “nunca guardo mágoa de ninguém”, vestindo assim uma aparência de falsa humildade e compreensão.

Máscaras fazem parte de nossa existência, porque todos nós não somos totalmente bons ou totalmente maus e não podemos fugir de nossas lutas internas. Temos que confrontá-las, porque somente assim é que desbloquearemos nossos conflitos, que são as causas que nos mantêm prisioneiros diante da vida.

Devemos nos analisar como realmente somos.
Nossos problemas íntimos, se resolvidos com maturidade, responsabilidade e aceitação, são ferramentas facilitadoras para construirmos alicerces mais vigorosos e adquirirmos um maior nível de lucidez e crescimento.

Não devemos nunca mantê-los escondidos de nós próprios, como se fossem coisas hediondas, e sim aceitar essas emoções que emergem do nosso lado escuro, para que possamos nos ver como somos realmente.

Por não admitirmos que evoluir é experimentar choques existenciais e promover um constante estado de transformação interior é que, às vezes, deixamos que os outros decidam quem realmente somos nós, colocando-nos, então, num estado de enorme impotência perante nossas vidas.

A maneira de como os outros nos percebem tem grande influência sobre nós. Amigos opressores, religiosos fanáticos, pais dominadores e cônjuges inflexíveis podem ter exercido muita influência sobre nossas aptidões e até sobre nossa personalidade.

Portanto, não nos façamos de superiores, aparentando comportamentos de “perfeição apressada”; isso não nos fará bem psiquicamente nem ao menos nos dará a oportunidade de fazer autoburilamento.

Deixemos de falsas aparências e analisemos nossas emoções e sentimentos, aprimorando-os. Canalizadas nossas energias, faremos delas uma catarse dos fluxos negativos, transmutando-as a fim de integrá-las adequadamente.

Aceitar nossa porção amarga é o primeiro passo para a transformação, sem fugirmos para novo local, emprego ou novos afetos, porque isso não nos curará do sabor indesejável, mas somente nos transportará a um novo quadro exterior. Os nossos conflitos não conhecem as divisas da geografia e, se não encarados de frente e resolvidos, eles permanecerão conosco onde quer que estejamos na Terra.

Para que possamos fazer alquimia das correntes energéticas que circulam em nossa alma, procedamos à auto-observação e à auto-análise de nossa vida interior, sem jamais negar a nós mesmos o produto delas.

Lembremo-nos de que, por mais que se esforcem as más árvores para parecer boas, mesmo assim elas não produzirão bons frutos. Também os homens serão reconhecidos, não pelos aparentes “frutos”, não por manifestarem atos e atitudes mascarados de virtudes, mas por ser criaturas resolvidas interiormente e conscientes de como funciona seu mundo emocional.

Somente pessoas com esse comportamento estarão aptas a ser árvores produtoras de frutos realmente bons.
Livro: Renovando Atitudes, capítulo 24
Autor: Hammed/Fco. Espírito Santo Neto

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Arrume suas gavetas




Uma vez li alguma coisa a respeito de uma garota que pedia para a sua avó a solução de um problema grave. A avó disse: "suba, arrume suas gavetas e após fazer isso você terá a solução".

Experimentei perguntar para as pessoas mais velhas se realmente existe uma conexão e perguntei certa vez para a minha avó o que tinha a ver a gaveta com os problemas e ela muito sabiamente me falou que a gaveta desarrumada é o espelho da vida, então toda vez que você está com alguma coisa bagunçada, alguma área de sua vida manifesta bagunça. Toda vez que você está com alguma coisa desorganizada, essa desorganização se reflete na sua vida.

Lembre: você é um reflexo de Deus, um reflexo do universo. Você tem um mundo dentro de si. Sua casa é um reflexo de seus estados emocionais. Se você tem dentro de si reflexo do mundo, quando está desorganizado interiormente, manifesta isto exteriormente.

Quando essa manifestação exterior veio antes, você pode reorganizar o seu mundo interno mostrando simbolicamente que está arrumando externamente.

O universo funciona assim: o que está dentro está fora. O que está em cima está embaixo. O que está de um lado está de outro. Então se você lembrar sempre que pode influenciar o interior com o exterior e vice-versa, você tem a chave para a organização total.

No momento em que você limpa a sua gaveta e joga fora aquilo que não presta, está reprogramando simbolicamente o seu interior. É uma das melhores chaves para conseguir serenidade e respostas para problemas muito difíceis. Aproveite e arrume suas gavetas. Com certeza vai ajudar você a encontrar solução para muitos de seus problemas.

REFLEXÃO: "Arrumes suas gavetas" no sentido figurado, não quer dizer que são somente as gavetas. Você tem se livrar de tudo que é negativo, incluindo as pessoas ao seu redor que não contribuem em nada para o melhoramento da sua evolução nesta existência. Sua carteira com dinheiro desarrumado, bolsa bagunçada, o porta-luva do carro cheio de coisas que não fazem o sentido de estar ali, o seu carro sujo e cheio de papeis de propaganda,garrafas plásticas de água mineral vazias jogadas no assoalho do veiculo. Seu local de trabalho virados de pernas para o ar.Tudo faz parte das gavetas da sua vida.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

É uma forma de paz.

"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz..."

Clarice Lispector

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Grande verdade!!! O ser humano não sabe ser amado.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Seja o Cisne

Roberto Shinyashiki

Talvez o maior desafio da vida moderna seja sermos nós mesmos em um mundo que insiste em modelar nosso jeito de ser. Querem que deixemos de ser como somos e passemos a ser o que os outros esperam que sejamos. Aliás, a própria palavra "pessoa" já é um convite para que você deixe de ser você. "Pessoa" vem de "Persona", que significa "máscara". É isso mesmo: coloque a máscara e vá para o trabalho. Ou vá para a vida com a sua máscara. Talvez o sentido do elogio "Fulano é uma boa pessoa", signifique na verdade "ele sabe usar muito bem a sua máscara social".

Mas qual o preço de ser bem adaptado?

O número de depressivos, alcoólatras e suicidas aumenta assustadoramente. Doenças de fundo psicológico como síndrome do pânico e síndrome do lazer não param de surgir. Dizer-se estressado virou lugar-comum nas conversas entre amigos e familiares. Esse é o preço. 

Mas pior que isso é a terrível sensação de inadequação que parece perseguir a maioria das pessoas. Aquele sentimento cristalino de que não estamos vivendo de acordo com a nossa vocação. E qual o grande modelo da sociedade moderna? Querer ser o que a maioria finge que é. Querer viver fazendo o que a maioria faz. É essa a cruel angústia do nosso tempo: o medo de ser ultrapassado em uma corrida que define quem é melhor, baseada em parâmetros que, no final da pista, não levam as pessoas a serem felizes. Quanta gente nós não conhecemos, que vive correndo atrás de metas sem conseguir olhar para dentro da sua alma e se perguntar onde exatamente deseja chegar ao final da corrida? Basta voltar os olhos para o passado para ver as represálias sofridas por quem ousou sair dos trilhos, e, mais que isso, despertou nas pessoas o desejo de serem elas mesmas. Veja o que aconteceu a John Lennon, Abraham Lincoln, Martin Luther King, Isaac Rabin?

É muito perigoso não ser adaptado!

Essa mesma sociedade que nos engessa com suas regras de conduta, luta intensamente para fazer da educação um processo de produção em massa. A maioria das nossas escolas trabalha para formar
estudantes capazes de passar no vestibular. São poucos os educadores que se perguntam se estão formando pessoas para assumirem a sua vocação e a sua forma de ser. Quantos casos de genialidade que foram excluídos das escolas porque estavam além do que o sistema de educação poderia suportar.
Conta-se que um professor de Albert Einstein chamou seu pai para dizer que o filho nunca daria para nada, porque não conseguia se adaptar. Os Beatles foram recusados pela gravadora Deca! O livro "Fernão Capelo Gaivota" foi recusado por 13 editoras! O projeto da Disney Word foi recusado por 67 bancos! Os gerentes diziam que a ideia de cobrar um único ingresso na entrada do parque não daria lucros. A lista de pessoas que precisaram passar por cima da rejeição porque não se adaptavam ao esquema pré-existente é infinita. A sociedade nos catequiza para que sejamos mais uma peça na engrenagem e quem não se moldar para ocupar o espaço que lhe cabe será impiedosamente criticado.

Os próprios departamentos de treinamento da maioria das empresas fazem isso. Não percebem que treinamento é coisa para cachorros, macacos, elefantes. Seres humanos não deveriam ser treinados, e sim estimulados a dar o melhor de si em tudo o que fazem. Resultado: a maioria das pessoas se sente o patinho feio e imagina que todo o mundo se sente o cisne. Triste ilusão: quase todo mundo se sente um patinho feio também.

Ainda há tempo! Nunca é tarde para se descobrir único. Nunca é tarde para descobrir que não existe nem nunca existirá ninguém igual a você.

E ao invés de se tornar mais um patinho, escolha assumir sua condição inalienável de cisne!

Fique com Deus. Seja feliz... Sempre!!!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Organiza o Natal


Carlos Drummond de Andrade

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

Do livro "Cadeira de Balanço", Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1972.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Amor pacífico e profundo!


Rabindranath Tagore

Não quero amor que não saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

   Dá-me esse amor freso e puro como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.

Amor que penetre até o centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisível,
até os ramos da árvore da existência,
e faça nascer
as flores e os frutos.
Dá-me esse amor que conserva tranquilo o coração, 
na plenitude da paz!

domingo, 7 de dezembro de 2014

O recurso valioso da solidão


Como suportar a solidão sem padecer?
Há algo de bom que pode ser aprendido com ela?
Certamente todos nós já fomos visitados por este eclipse solar inesperado, ou estamos vivendo, neste exato instante, a experiência difícil.
Revisitemos uma especial passagem de Jesus, o Rei Solar, e aprendamos um pouco mais.
Após uma das jornadas habituais de Jesus, acercou-se-Lhe uma mulher, visivelmente aflita, e apresentou-Lhe, na mágoa que a machucava, os problemas que infelicitavam seu viver:
Meu esposo abandonou-me, injustificadamente, evadindo-se do lar e relegando-me à humilhação e ao desespero.
Desprezam-me as pessoas amigas, que se dizem felizes, considerando-me indigna de um companheiro.
Padeço a soledade ao lado de uma família que necessita de apoio e sofro uma dor pungente, indescritível, que já não suporto. Que fazer?
O Mestre fitou-a com a infinita ternura que Se lhe exteriorizava da face, e, buscando minimizar-lhe a pena, elucidou:
Todo aquele que sofre, não apenas se recupera de velhas dívidas, como adquire recursos morais que o credenciam para conquistas mais elevadas.
Solidão é recurso valioso de que se serve a Divina Lei, para que o homem adquira sabedoria e valor para dilatar o amor, sem as paixões que escravizam e entorpecem os sentimentos.
Além disso, quando alguém é relegado ao esquecimento, pode aquilatar das aflições que se acumulam nos solitários.
Razão, portanto, possuindo, para auxiliar e socorrer aqueles que se encontram em carência.
Alguém em regime de solidão, está em condição de oferecer apoio ao próximo, diminuindo as próprias penas, enquanto levanta o entusiasmo e a coragem no companheiro.
Assim, esqueça da dificuldade pessoal, reabastecendo-se de valor para não fracassar, nem desistir na luta que trava.
Todo investimento que se aplica em favor do próximo reverte em luz e segurança para todos os dias do futuro.
Jesus fitou a noite constelada...
* * *
As estrelas sempre nos convidam à reflexão.
Enquanto alguns se enxergam sós, perante um Universo tão grande e majestoso, outros se percebem amparados, como parte de um todo essencialmente bom.
A solidão absoluta não existe, pois ainda há esferas ao redor que não enxergamos, há razões que não entendemos, há amor que não sensibiliza nossa alma entorpecida.
A solidão dorida da Terra não dura para sempre, tenhamos certeza.
O fiapo de luar à distância, dá a falsa impressão de que a lua se encontra moribunda, extinguindo-se lentamente.
Todavia, sabemos que, logo mais, na próxima quadra, ela ressurgirá do outro lado da Terra, derramando prata e embelezando a noite, demonstrando que só a luz tem perenidade...
Redação do Momento Espírita com base no cap. 21, do livro
Pelos caminhos de Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.Em 14.10.2010.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cuidado

"A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua, toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio."

Rubem Alves

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Não ignore a impermanência


por Chagdud Tulku Rinpoche 

Mais uma vez, não ignore a impermanência. O que quer que pareça ser prioritário em sua vida é, na realidade, bastante temporário. Vem e vai. Nada é confiável.

Nascemos sós e nus. Conforme a nossa vida se desenrola, passamos por todas as situações possíveis: necessitar, possuir, perder, sofrer, chorar, tentar… mas depois morremos, e morremos sós. Não fará a menor diferença se fomos ricos ou pobres, conhecidos ou desconhecidos. A morte é o grande nivelador. Em um cemitério, todos os corpos são semelhantes.

O nosso relacionamento com os outros é como o encontro casual de dois estranhos em um estacionamento. Olham um para o outro, sorriem e isso é tudo o que acontece entre eles. Vão embora e nunca mais se vêem. Assim é a vida – apenas um momento, um encontro, uma passagem, e depois acaba.

Se você compreender isso, não há tempo para brigas. Não há tempo para discussões. Não há tempo para mágoas mútuas. Quer pense nisso em termos de humanidade, nações, comunidades ou indivíduos, não sobre tempo para mais nada a não ser apreciar verdadeiramente a breve interação que temos uns com os outros.

Nossas prioridades mundanas podem ser irônicas. Colocamos em primeiro lugar aquilo que julgamos ser o que mais desejamos; depois descobrimos que o nosso desejar é insaciável. Pagar a casa, escrever um livro, fazer o negócio ser bem-sucedido, preparar a aposentadoria, fazer longas viagens – coisas que estão temporariamente no topo de nossa lista de prioridades, consomem nosso tempo e energia completamente e, então, no fim da vida, olhamos para trás e nos perguntamos o que todas essas coisas significavam.

É como alguém que viaja em um país estrangeiro e paga a sua viagem na moeda daquele país estrangeiro e paga a sua viagem na moeda daquele país. Quando chega à fronteira, surpreende-se ao tomar conhecimento que a moeda do país não pode ser trocada ou levada. Da mesma forma, nossas posses e aquisições mundanas não podem ser levadas através do portal da morte. Se confiarmos nelas, nos sentiremos, repentinamente, empobrecidos e roubados. A única moeda que tem qualquer valor quando viajamos pelo limiar da morte é a nossa realização espiritual.

Em um sentido mundano, é melhor nos sentirmos satisfeito e apreciarmos aquilo que já temos. O tempo é muito precioso. Não espere até estar morrendo para compreender a sua natureza espiritual. Se fizer isso agora, vai descobrir recursos de bondade e compaixão que não sabia possuir. É a partir dessa mente de compaixão e sabedoria intrínseca que você pode beneficiar os outros.

O progresso espiritual começa quando resolvemos, seja cuidadoso. Se você colocar-se no lugar do outro, vai perceber o quanto é destrutivo ferir ou matar qualquer ser, ainda que seja um inseto. Todos os seres querem viver. Se você cuidar dos outros com essa perspectiva, fechará as portas para o seu próprio sofrimento.

A mente é com um microscópio. Amplia tudo. Se você critica-se o tempo todo – “sou tão pobre, não sou suficientemente alto, meu nariz é grande demais” – se concentra a atenção em todas as suas inadequações e misérias, elas só piorarão até que, em desespero, você fique prestes a desistir de tudo.

Em vez de dizer: “sinto-me detestável. O que devo fazer?”, pense no sofrimento dos outros e gere compaixão. É muito importante, realmente, ver o sofrimento, prestar atenção no caixa do banco que está atormentando, no velho pálido e cansado que arrasta os pés pela rua, na criança que chora infeliz. Veja a profundidade do sofrimento e a partir daí dimensione o seu próprio sofrimento. Os outros estão doentes, estão imersos na guerra e na fome, estão morrendo.

Compaixão é o desejo fervoroso de que todos os seres, sem exceção, encontrem a liberação do sofrimento, desde o seu pior inimigo até o seu melhor amigo. Para desenvolver uma compaixão genuína que inclua todos, primeiro exercita a compaixão com aqueles que lhe são próximos; depois estenda-a aos desconhecidos e por fim a todos os seres por todo o espaço.

Depois direcione o seu desejo para a felicidade deles. Como a felicidade vem apenas da virtude, deseje que qualquer felicidade que os outros possam ter alcançado, em função de suas virtudes passadas, possa nunca diminuir ou ser perdida, e que possa aumentar sempre, até que alcancem a felicidade infinita e imutável. Esse desejo pela felicidade dos outros é o significado verdadeiro de amor. Regozijar-se com qualquer extensão de felicidade que os outros possam ter, traz uma alegria ilimitada à nossa própria existência.

Reconheça sempre que a qualidade onírica da vida e reduza o apego e a aversão. Pratique o bom coração em relação a todos os seres. Seja amoroso e compassivo, não importa o que os outros façam. O que fazem não importará muito quando visto por você como um sonho. Esse é o ponto essencial. Essa é a verdadeira espiritualidade.

Se você usar manto, raspar a cabeça, rezar de joelhos todos os dias, e ainda assim se tornar mais raivoso, orgulhoso, rígido e difícil de lidar, não estará praticando a espiritualidade. Você precisa praticar a essência, que é a compaixão e o amor altruísta, e a partir daí tentar ajudar os outros da melhor maneira que puder. Use todos os seus cursos de corpo, fala e mente. Esse é o método. Seja você cristão, hindu, judeu ou budista, a compaixão e o amor são os mesmos. A vitória sobre as falhas e delusões leva à vitória sobre a morte. Meu desejo para cada um de vocês é que alcancem as qualidades de compaixão e sabedoria e o supremo e imortal estado de iluminação.

Texto do livro “Vida e morte no budismo tibetano”, por Chagdud Tulku Rinpoche.
Fonte: Buda Virtual
Pequei esse texto http://www.espiritbook.com.br postado por Nilza Garcia

domingo, 30 de novembro de 2014

Em Algum Lugar do Passado


Livro: Em Algum Lugar do assado
Autora: Verônica Wolff
Editora: Nova Cultural

Trechos da nota da autora sobre o enredo
Eu vi certa vez um retrato do atraente James Graham, marquês de Montrose, e no mesmo instante senti necessidade de descobrir mais a respeito daquele homem. Li, então, a biografia dele escrita por C.V. Wedgwood, e fiquei tão envolvida com a história desse nobre carismático, poeta culto e guerreiro habilidoso, que se transformou em um dos maiores líderes militares da História da Escócia, que eu literalmente solucei quando cheguei na parte que descreve a morte dele no cadafalso, em 21 de maio de 1650. Naquele momento eu soube que precisava reescrever o destino dele e enviar uma mulher de volta no tempo para salvá-lo.
.....
Algumas citações, entretanto, parafraseiam relatos históricos verdadeiros: as palavras nervosas de um amigo em Mercat Cross, partes do discurso de James durante a atalha e, obviamente, seus poemas são coisas que não posso reivindicar como criação minha.

Curiosamente são as coisas que verdadeiramente aconteceram que são difíceis de acreditar. James de fato comandou vitórias impressionantes, realmente conduziu seus homens através de trilhas nevadas nas Terras Altas e, lamentavelmente, foi traído, capturado, levado em desfile através da Escócia e enforcado.

Mas esse não é o livro que deu origem ao filme em Em algum lugar do Passado. O livro que deu origem ao filme foi escrito por Richard Matheson e lançado em 1975, este livro foi relançado em 1980, após a estreia do filme com o título “Somewhere in Time” e em português “Em Algum Lugar do Passado”, tendo nos papéis principais Christopher Reeve e Jane Seymour.


Em algum lugar do Passado, Matheson conta a história de um amor que ultrapassa os limites do tempo. Richard Collier — um jovem jornalista e escritor teatral — na noite de estréia da sua primeira peça, recebe de uma senhora idosa um antigo relógio de bolso e, esta, em tom de súplica, lhe diz: "volte para mim". Retira-se sem dizer mais nada, deixando Richard intrigado, enquanto voltava para seu quarto no hotel e aí começa a história. É uma história de amor que ultrapassa o tempo e as barreiras impostas pela sociedade e se realiza de forma plena, embora temporária. É uma história que não deve ser entendida, mas apenas sentida.

O Filme



http://armagedontv.blogspot.com.br/2013/08/em-algum-lugar-do-passado-dublado.html

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Metade




Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.Oswaldo Montenegro

sábado, 22 de novembro de 2014

Uma ilha que não submerge nas ondas


"Não é sobre as faltas alheias que devemos fixar a atenção, mas sobre o que nós mesmos deixamos de fazer. Fácil é ver a falta do próximo; difícil, a nossa própria. A dos outros, damos o maior relevo possível; a nossa, ao contrário, dissimulamos, como o trapaceiro esconde seus dados falsos. Que te pode interessar que outrem seja ou não culpado? Vem, amigo, e olha o teu próprio caminho! Que, pouco a pouco, sem se cansar, o sábio sopre sobre as impurezas de tua alma, como o ourives sopra sobre as partículas de prata. Pela atividade viril, pelo esforço vigilante, pela paz da alma e pelo domínio sobre si mesmo, o sábio pode fazer uma ilha que não submerge nas ondas. Calmo é o seu espírito, calma a sua palavra, calma a sua maneira de agir. ”

Texto Budista

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Não tenhais medo

Bezerra de Menezes

Filhos, não tenhais medo da vida, nas provas e surpresas do caminho; não tenhais receio do amanhã, que somente a Deus pertence.

Vivei com alegria e destemor, submissos à Vontade Divina em qualquer circunstância.

Combatei os vossos erros, todavia compreendei a necessidade de aprender a lição nos reveses a que ninguém se furta.

Colhei, resignadamente, na gleba que plantastes, sem reclamar dos espinhos que vos dilaceram as mãos que não souberam separar as urzes do bom grão.

Que a revolta silenciosa não vos amargure a existência, determinando as vossas mais veladas atitudes.

Não vos canseis de ser generosos, tolerantes e compassivos.

Amai sem esperar serdes amados.

Cumpri com as vossas obrigações pelo pão de cada dia, recordando-vos de que o Senhor alimenta os pássaros e veste os lírios do campo...

Não leveis a vida de forma leviana e inconseqüente, sem atinar que as sombras que rondam os passos alheios também espreitam os vossos.

A dor que nos tira a tranqüilidade é a mesma que nos possibilita tomar consciência de nossas fragilidades.

Se, de quando em quando, o sofrimento não visitasse o homem, é possível que ele jamais se interessasse pela transcendência da Vida.

Não vos permitais, pois, concessões de qualquer natureza, na satisfação dos próprios desejos.

Se a ascensão do espírito é infinita, a queda a que voluntariamente se arroja não conhece limites... Sempre haverá como descer a mais fundo, escuro e indevassável abismo de dor.

Filhos, vivei somente com a intenção de fazer o Bem, e em tudo vereis a manifestação da Sábia Providência.

Não tenhais medo e não vos enclausureis na inércia como quem retrocede e se oculta, com o pensamento de que a Vida não o encontrará, mais cedo ou mais tarde, para arrancá-lo ao comodismo e trazê-lo de volta à realidade.

Fonte: O Eremita Espírita
Postado por Nilza Garcia em 20 novembro 2014 no Espirit Book
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Recebi hoje. Bem na mosca!!!!!

sábado, 15 de novembro de 2014

Transmissão do Pensamento


O espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem as suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados.

Esta explicação se dirige sobretudo aos que não compreendem a utilidade da prece puramente mística. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar compreensíveis os seus efeitos, ao mostrar que ela pode exercer ação direta e positiva. Nem por isso está menos sujeita à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, e único que pode dar eficácia à sua ação.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Você é alguma coisa em si mesmo?


"Interrogante: Se eu não tiver imagem de mim mesmo, então eu nada sou. Krishnamurti: Mas você é alguma coisa mesmo? [Riso] Por favor, não riam, isto é sério demais. Você é alguma coisa em si mesmo? Dispa-se de seu nome, título, dinheiro, posição, sua pequena capacidade de escrever um livro e ser adulado e o que você é? Então, por que não perceber e ser isso? Veja, nós temos uma imagem do que é ser nada, e não gostamos dessa imagem; mas o fato real de ser nada, quando você não tem imagem, pode ser inteiramente diferente. E é inteiramente diferente. Não é um estado que pode ser percebido em termos de ser nada ou ser alguma coisa. É inteiramente diferente quando não há imagem de você mesmo. E não ter imagem de você mesmo demanda atenção, tremenda seriedade. Só o atento, o sério, vive, não as pessoas que têm imagens delas mesmas. "

 Krishnamurti, Collected Works, Vol. XV,196,Choiceless Awareness

domingo, 9 de novembro de 2014

A Paciência


UM ESPÍRITO AMIGO
Havre, 1862

A dor é uma benção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus todo poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu.

Sede paciente, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e conseqüentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho para serem os instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência.

A vida é difícil, bem o sei, constituindo-se de mil bagatelas que são como alfinetadas e acabam por nos ferir. Mas é necessário olhar para os deveres que nos são impostos, e para as consolações e compensações que obtemos, pois então veremos que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece mais leve quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para a terra.

Coragem, amigos: o Cristo é o vosso modelo. Sofreu mais que qualquer um de vós, e nada tinham de que se acusar, enquanto tendes a expiar o vosso passado e de fortalecer-vos para o futuro. Sede, pois, paciente, sede cristãos: esta palavra resume tudo.

sábado, 8 de novembro de 2014

A pena de pavão

          Conta uma lenda árabe que um nômade do deserto resolveu, certo dia, mudar de oásis.
          Reuniu todos os utensílios que possuía e de modo ordenado, foi colocando-os sobre o seu único camelo.
          O animal era forte e paciente. Sem se perturbar, foi suportando o peso dos tapetes de predileção do seu dono.
          Depois, foram colocados sobre ele os quadros de paisagens árabes, maravilhosamente pintados.
          Na seqüência, foram acomodados os objetos de cozinha, de vários tamanhos.
     Finalmente,  vários baús cheios de quinquilharias. Nada podia ser dispensado. Tudo era importante.
         Tudo fazia parte da vida daquele nômade, que desejava montar o novo lar, em outras paragens, de igual forma que ali o tinha.
         O animal aguentou firme, sem mostrar revolta alguma com o peso excessivo que lhe impunha o dono.
         Depois de algum tempo, o camelo estava abarrotado. Mas continuava de pé.
        O beduíno se preparava para partir, quando se recordou de um detalhe importante: uma pena de pavão.
      Ele a utilizava como caneta para escrever cartas aos amigos, preenchendo a sua solidão, no deserto.
        Com   cuidado, foi buscar a pena e encontrou um lugarzinho todo especial, para colocá-la em cima do camelo.
       Logo que fez isso, o animal arriou com o peso e morreu. O homem ficou muito zangado e exclamou:
          “Que animal mole! Não aguentou uma simples pena de pavão!”
        Por vezes, agimos como o nômade da história. Não é raro o trabalhador perder o emprego e reclamar:“Fui mandado embora, só porque cheguei atrasado 10 minutos.”
           Ele se esquece de dizer que quase todos os dias chega atrasado 10 minutos.
        Outro  diz:  “Minha  mulher  é  muito  intolerante. Brigou  comigo  só  porque cheguei um pouquinho embriagado,  depois da festinha com os amigos.”
          A  realidade é que ele costuma chegar muitas vezes embriagado, tornando-se inconveniente e até agressivo.
          Há pessoas que vivem a pedir emprestado dinheiro, livros, roupa para ir a uma festa, uma lista infindável.
           E ficam chateadas quando recebem um não da pessoa que já cansou de viver a emprestar!
           Costuma-se dizer que é a gota d’água que faz transbordar a taça. Em verdade, todo ser humano tem seu limite.
           Quando o limite é ultrapassado, fica difícil o relacionamento entre as pessoas.
         No trato familiar,  são as pequenas faltas,  quase imperceptíveis, que se vão acumulando, dia após dia.
       É então que sucumbem relacionamentos  conjugais,  acabam casamentos  que  pareciam duradouros.
            Amizades de longos anos deterioram. Empregos são perdidos, sociedades são desfeitas.
        Tudo se deve ao excesso de reclamações diárias, faltas pequenas, mas constantes, pequenos deslizes, sempre repetidos.
           Mentiras que parecem sem importância. Todavia, sempre renovadas.
           Um dia  surge  em que a pessoa não suporta  mais e toma uma  atitude que  surpreende a quem não se dera conta de como a sobrecarregara, ao longo das semanas, meses e anos.
* * *
Fique atento em todas as suas atividades diárias.
Não deixe que suas ações prejudiquem a outros, mesmo que de forma leve.
Não descarregue nos outros a sua frustração ou insatisfação.
Preze as amizades. Preserve a harmonia do ambiente familiar.
Seja você, sempre, quem tolere, compreenda e tenha sempre à mão uma boa dose de bom senso.

Redação do Momento Espírita com base no texto 
A pena de pavão, de Djalma Santos, extraída do Jornal Laços Fraternos (RJ), março/2004

O Destino do Coração


A Escriba


Título: A Escriba
Autor: Antonio Garrido
Tradução: Eliana Aguiar
Editora: Suma de Letras
Edição: 1
Ano: 2009
Idioma: Português

Alemanha, ano 799. Carlos Magno, em vésperas de ser coroado imperador do Ocidente, encarrega Gorgias, um ilustre escriba bizantino, da tradução de um documento de vital importância para o futuro da Cristandade. O trabalho deverá ser executado no mais absoluto segredo. Entretanto, Theresa, filha de Gorgias e aprendiz de escriba, é falsamente acusada de um crime e procura refúgio na cidade alemã de Fulda, perdendo o contacto com o pai. Aí, conhecerá Alcuino de York, um frade britânico que investiga uma terrível epidemia que assola a população. Quando Theresa é informada do desaparecimento misterioso de Gorgias, ela e Alcuino embarcam numa aventura inquietante para o encontrar e infiltram-se numa teia conspirativa de ambição, poder e morte, em que nada nem ninguém é o que parece e da qual depende o futuro do mundo ocidental. Combinando o rigor histórico com uma prosa de ritmo trepidante, este romance de Antonio Garrido conduz o leitor por cidades, claustros e abadias medievais, num thriller apaixonante inspirado em factos reais.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Para Sempre


Carlos Drummond de Andrade
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

sábado, 1 de novembro de 2014

Largue o copo



Uma psicóloga a falar sobre o stress numa conferência levantou um copo de água. Todos pensaram que ela iria perguntar: 

"Meio cheio ou meio vazio?". 
Mas com um sorriso no rosto ela perguntou; 
"Quanto pesa este copo de água?" 
As respostas variaram entre 100 e 350 g. 

Ela respondeu:

"O peso absoluto não importa. 
Depende somente do tempo que o segura. Senão, vejamos:

Se eu segurar um minuto, não existe problema nenhum. 
Se eu o segurar durante uma hora, ficarei com dores no braço, óbvio. 
Se eu o segurar por um dia,o meu braço ficará duro e paralisado. 
Em todos os casos representados anteriormente o peso do copo não mudou, mas quanto mais tempo eu o segurava, mais pesado ele ficava". 

E então, continuou: 

"O stress e as preocupações da vida são exatamente como este copo de água. 
Se eu pensar neles por um curto período de tempo,nada acontece. 
Se pensar neles um pouco mais de tempo, irão começar a criar mossa. 
E se pensar neles durante o dia todo vou-me sentir paralisada, incapaz de fazer qualquer coisa".

Então lembre-se de "largar o copo".

-desconheço a autoria e não consigo largar o copo-

Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem.

E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam:Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas.

É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.

Mede-se a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas.

Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos.

Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos. Sempre muito novos.

Adolescentes não desejam repetir roupas e desprezam produtos que não sejam de grife. Mulheres compram todas as novidades em cosméticos. Homens se regozijam com os ternos caríssimos das vitrines.

Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.

E como reagimos? Será que estamos fazendo algo – na prática – para combater esse estado de coisas?

No entanto, está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana. Se superarmos a vontade de ter coisas, já caminhamos muitos passos na estrada do progresso moral.

Experimente olhar as vitrines de um shopping. Olhe bem para os sapatos, roupas, joias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.

Por um momento apenas, não se deixe seduzir. Tente ver tudo isso apenas como são: objetos.

E diga para si mesmo: Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente.

Lembre-se: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais.

Deixam para trás gente sofrendo, pessoas que trabalharam arduamente para economizar...

Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta.

Mas, há também os que se fixam em pessoas. Veem os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado.

Esses se escravizam aos parceiros, filhos, amigos e parentes. Exigem exclusividade, geram crises e conflitos.

Manifestam, a toda hora, possessividade e insegurança. Extravasam egoísmo e não permitem ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas.

É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo as pessoas a tiranos, enfeiando as almas.

Há, por fim, os que se deixam apegar doentiamente às situações.

Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.

Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória.

Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados.

Qual o segredo para libertar-se de tudo isso? A palavra é desapego. Mas... Como alcançá-lo neste mundo?

Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar o sofrimento, a receita é a superação dos desejos.

Na prática, funciona assim: pense que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam.

Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem...

E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida.

Pensando dessa forma, aos poucos, a criatura promove uma autoeducação que a ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta.

Ou seja, amar sem exigir nada em troca.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. Fep.
Em 30.7.2013.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Voz Do Silêncio


Martha Medeiros

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.

domingo, 26 de outubro de 2014

Eu sei


Um homem que diz: “Eu sei” é o mais destrutivo ser humano porque ele, realmente, não sabe. O que ele sabe? Assim, quando você está consciente de que mudou, quando está ciente de que mudou, você não mudou.
Krishnamurti 

Tem que ser assim...