domingo, 30 de outubro de 2016

Cada homem é uma raça

Um livro que emociona, que trata de gente “comum” (extremamente complexa e surpreendente) e seus sentimentos, pessoas com um pé na Terra e outro no Céu. Um mundo inteiro em cada uma delas. A linguagem usada deu uma personalidade única a cada personagem dos contos, são sui generis. Nota- se a origem africana do escritor, mas em nenhum momento o livro tornou- se ininteligível, o escritor encontrou um ponto de intersecção, onde todos os leitores lusófonos podem entender a idiossincrasia dos narradores e personagens, exceto nos diálogos dos locais como no conto de Sidney Poitier, que só com dicionário mesmo. Apareceram palavras africanas, mas com a devida tradução nessa edição portuguesa. Novos vocábulos, novos conhecimento, maior a riqueza cultural. Ficou claro que o sobrenatural, o místico, a superstição, feitiços e feiticeiros, fazem parte da cultura moçambicana. Mia é um grande contador de histórias, ele soube nesses contos escolher bem as palavras, com frases surpreendentes e inovadoras, algumas trocas sintáticas interessantes. Infelizmente num blog, querido leitor, a análise dos contos tem que ser assim macroscópica, só posso dar uma ideia, mas os contos de Mia dão muito pano pra manga. “Cada homem é uma raça” é o tipo de livro que fiquei com pena de me despedir, entrou para os meus favoritos.

Fonte: https://falandoemliteratura.com/2014/04/06/resenha-cada-homem-e-uma-raca-mia-couto/

sábado, 22 de outubro de 2016

O nosso tempo é um bicho que só tem pescoço│Mia Couto

VOCÊ É A PESSOA PERFEITA, MAS...

Inúmeras relações se constroem pela gentileza, pelo cuidado sem exageros e dramas. Muitas delas têm como base um amor desapegado que movimenta o lado que mais cede. Trata-se da pessoa certa, com os gostos parecidos e comportamentos agradáveis, aquela em cuja presença nos sentimos livres para ser quem somos. Seria a pessoa perfeita não fosse a tal da química e da atração que insistem em não existir. Tanto uma quanto outra fazem parte do mundo material e quando nos deixamos guiar pela matéria, nossa essência imaterial amarga na impotência. No fim desse processo, o que nos separa das ótimas companhias são alguns quilos a mais, alguns fios de cabelo a menos, um nariz com milímetros indesejáveis e assim por diante. São bem aventurados os que conseguem se apaixonar pela essência, pois estes nunca ficam sem amor.

Vitor Antenore Rossi

terça-feira, 18 de outubro de 2016


“Confesso acreditar que a saudade esqueceu de ir embora, acho que ela pensa que aqui é a casa dela.”

Caio Fernando Abreu

domingo, 9 de outubro de 2016

Jesus e os Amigos


"Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a vida pelos seus amigos." 
 Jesus. (JOÃO, capítulo 15, versículo 13.)

Na localização histórica do Cristo, impressiona-nos a realidade de sua imensa afeição pela Humanidade.

Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação.

Seus atos foram celebrados em assembléias de confraternização e de amor. A primeira manifestação de seu apostolado verificou-se na festa jubilosa de um lar. Fez companhia aos publicanos, sentiu sede da perfeita compreensão de seus discípulos. Era amigo fiel dos necessitados que se socorriam de suas virtudes imortais. Através das lições evangélicas, nota-se- lhe o esforço para ser entendido em sua infinita capacidade de amar. A última ceia representa uma paisagem completa de afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um...

Entretanto, ao primeiro embate com as forças destruidoras, experimenta o Mestre o supremo abandono. Em vão, seus olhos procuram a multidão dos afeiçoados, beneficiados e seguidores.

Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam desaparecido.

Judas entregou-o com um beijo.

Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o três vezes.

João e Tiago dormiram no Horto.

Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com as acusações injustas. Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.

Quando estiveres na "porta estreita", dilatando as conquistas da vida eterna, irás também só. Não aguardes teus amigos. Não te compreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los. São crianças. E toda criança teme e exige muito.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 86.