segunda-feira, 28 de abril de 2014

Porque as pessoas sofrem...


- Vó, por que as pessoas sofrem ???
- Como é que é ???
- Por que as "pessoas grandes" vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com alguma coisa ???
- Bem, minha filha, muitas vezes porque elas foram ensinadas a viver assim.
(silêncio).
- Vó...
- Oi...
- Como é que as pessoas podem ser ensinadas a viver mal ??? Não consigo entender.
- É que elas não percebem que foram ensinadas a ser infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim.
Você não está entendendo, não é, meu amor ???
- Não, Vovó.
- Você lembra da historinha do Patinho Feio ???
- Lembro.
- Então..., o Patinho se considerava feio porque era diferente de todo mundo. Isso deixava-o muito infeliz e perturbado, tão infeliz que um dia ele resolveu ir embora viver sozinho. Só que o Lago que ele procurou para nadar tinha congelado, e estava muito frio. Quando ele olhou para seu reflexo no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso cisne. E assim se juntou aos seus iguais e viveu feliz para sempre.
(mais silêncio)...
- O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas ???
- Bem, quando nascemos, somos separados de nossa "natureza-cisne".
Ficamos como patinhos, tentando caber no que os outros dizem que está certo. Então passamos muito tempo tentando virar patos.
- É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas ???
- Isso !!! Viu como você é esperta ???
- Então é só a gente perceber que somos cisnes que tudo dá certo ???
(engasgou)...
- O que foi, vovó ???
- Na verdade, minha filha, encontrar o nosso verdadeiro espelho não é tão fácil assim. Você lembra o que o patinho precisava fazer para se enxergar ???
- O que ???
- Ele primeiro precisava parar de tentar ser um pato. Isso significa parar de tentar ser quem a gente não é.
Depois, ele aceitou ficar um tempo sozinho para se encontrar.
- Por isso ele passou muito frio, não é, vovó ???
- Passou frio e ficou sozinho no inverno.
- Por isso que o papai anda tão sozinho e bravo ???
- Como é, minha filha ???
- Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro...
(emudeceu durante algum tempo). Essas crianças...
- Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato ???
- Todos nós somos, querida.
- Ele vai descobrir quem ele é, de verdade ???
- Vai, minha filha, vai. Mas, quando estamos no inverno, não podemos desistir, nem esperar que o espelho venha até nós. Temos que procurar ajuda até encontrarmos.
- E aí viramos cisnes ???
- Nós já somos cisnes. Apenas deixamos que o cisne venha para fora, e tenha espaço para viver.
(A menina deu um pulo da cadeira).
- Aonde você vai ???
- Vou contar para o papai, o cisne bonito que ele é.
A boa vovó apenas Sorriu !!!

Autor: Marco Antonio Spinelli
Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta de Orientação Junguiana
Mestre em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP

sábado, 26 de abril de 2014

Uirapuru ( a lenda mais bonita)


Uma das lendas envolvendo esse pássaro conta que duas índias muito amigas, viviam andando juntas para todos os lados, desde o amanhecer até ao entardecer. Um dia as duas viram um jovem cacique, muito bonito, e ambas se apaixonaram por ele, sem dizer nada uma à outra. Apenas deram a entender que estavam apaixonadas, mas sem dizer por quem. O tempo foi passando até que um dia revelaram a verdade uma à outra, sendo que ambas ficaram estupefatas com o fato de amarem o mesmo homem. Decidiram que deixariam o cacique decidir, e a preterida se conformaria. A história do amor das duas se espalhou pela aldeia, e os mais velhos resolveram perguntar ao cacique qual das duas ele amava. O cacique, envergonhado, respondeu que gostava das duas. Como não era permitido casar-se com as duas, ficou decidido que haveria um concurso de arco e flecha entre as duas no dia seguinte. No dia seguinte, o cacique avisou que aquela que conseguisse acertar a ave indicada por ele, em pleno vôo, se tornaria sua esposa. Quando uma ave muito branca passou voando alto, o cacique disse: - É essa! As duas atiraram, mas somente uma acertou. A que perdeu parecia conformada, mas aborrecida. O casamento foi realizado. 
A índia que perdeu foi ficando cada vez mais triste. Procurou um lugar distante e começou a chorar. Chorou tanto, que suas lágrimas se transformaram num riacho. Tupã, ao perceber tanta tristeza, aproximou-se, e a moça contou-lhe tudo. Tupã lembrou-lhe que saber perder é uma vitória, ao que a moça lhe disse que o que mais a afligia era a saudade que sentia da amiga e do cacique, mas que não tinha coragem de vê- los, pois perceberiam sua tristeza. Perguntou a Tupã se não podia transformá-la em pássaro, pois assim poderia observá-los sem que eles soubessem. Compadecido, Tupã fez-lhe a vontade, e no lugar em que a moça estava surgiu um passarinho de aparência tão simples, que não chamava a atenção. O pássaro voou até a oca do cacique, e ficou ainda mais triste ao vê-los tão felizes. Tupã compadeceu-se novamente, chamou o passarinho e lhe disse: - De agora em diante, você será o uirapuru. Seu canto será tão bonito que a fará esquecer a própria tristeza. Quando os outros pássaros a ouvirem, não resistirão, e ficarão em silêncio. E assim é, até hoje: quando o uirapuru canta, os pássaros em volta se emudecem para ouvir seu belíssimo.
Fonte da lenda: http://lendasindios.blogspot.com.br/

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O último dos meus biscoitos


No aeroporto, após uma cansativa viagem de negócios, o voo de Alice estava atrasado. Ela foi até a loja do aeroporto, comprou um livro, um café e um pequeno pacote de biscoitos.

O aeroporto estava cheio e ela achou um lugar para sentar, próximo a um estranho. Ela ficou lendo o seu livro, depois pegou um biscoito do pacote e então começou a tomar seu café.

Para sua grande surpresa, o estranho no assento ao lado calmamente pegou um dos biscoitos e comeu. Atordoada, ela não conseguiu dizer nada, ou mesmo olhar para o estranho. Nervosamente, ela continuou lendo.

Após alguns minutos ela pegou o terceiro biscoito. Inacreditavelmente, o estranho pegou o quarto biscoito e comeu. Então, para o espanto da mulher, ele pegou o pacote e ofereceu a ela o último biscoito.

Alice, muito zangada, pegou suas coisas e saiu marchando para o portão de embarque, de onde seu voo partiria.

Perturbada e furiosa, ela procurou dentro de sua bolsa o cartão de embarque e encontrou seu pacote de biscoitos fechado…

Fonte: Manual de Treinamento para Articuladores e Representantes” – Visão Mundial e Ande, Recife, 2011.

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E assim somos nós: tiramos tudo dos outros e ainda nos sentimos lesados.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Tua melhor opção

 


"Durante a vida não uses a força
para destruir as pedrinhas que
foram colocadas no teu caminho.
Usa a tua inteligência colocando-as à margem da estrada,
onde elas jamais voltarão a te incomodar.

Na hora da decepção lembra-te:

Deus não te fechará todas as portas,
e mesmo que seja fechada a maioria delas,
a que Ele deixou aberta para ti
seria a tua melhor opção,
se pudesses escolher!"

Autor desconhecido por mim

Seja nobre, seja divino...


Sentir não é brega: ao contrário, não existe nada mais chique. Emocione-se, e seja rei da sua insensatez. Seja nobre, seja divino, no desconcerto das emoções.

(Caio Fernando Abreu – Beta, beta, Bethânia)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Quem é você?


Isolda e Eduardo Dusek

Quem será que me chega 
Na toca da noite 
Vem nos braços de um sonho 
Que eu não desvendei 
Eu conheço o teu beijo, 
Mas não vejo o teu rosto. 
Quem será que eu amo 
E ainda não encontrei 
Que sorriso aberto 
Ou olhar tão profundo. 
Que disfarce será que usa 
Pro resto do mundo. 
Onde será que você mora 
Em que língua me chama 
Em que cena da vida 
Haverá de comigo cruzar 
Que saudade é essa 
Do amor que eu não tive 
Por que é que te sinto se nunca te vi 
Será que são lembranças 
De um tempo esquecido 
Ou serão previsões 
De te ver por aqui... então vem! 
Me desvenda esse amor 
Que me faz renascer. 
Faz do sonho algo lindo 
Que me faça viver. 
Diz se fiz com os céus algum trato 
Esclarece esse fato 
E me faz compreender. 
Esse beijo, esse abraço na imaginação 
E descobre o que guardo pra ti 
No meu coração 
Mas deixa eu sonhar, deixa eu te ver. 
Vem e me diz: quem é você
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Música liiiiinda!
Parece coisa de espírita...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Amor sem ilusão


Conta-se que um jovem caminhava pelas montanhas nevadas da velha Índia, absorvido em profundos questionamentos sobre o amor, sem poder solucionar suas ansiedades.

Ao longo do caminho, à sua frente, percebeu que vinha em sua direção um velho sábio.

E porque se demorasse em seus pensamentos sem encontrar uma resposta que lhe aquietasse a alma, resolveu pedir ao sábio que o ajudasse.

Aproximou-se e falou com verdadeiro interesse:

- Senhor, desejo encontrar minha amada e construir com ela uma família com bases no verdadeiro amor.

- Todavia, sempre que me vem à mente uma jovem bela e graciosa e eu a olho com atenção, em meus pensamentos ela vai se transformando rapidamente.

- Seus cabelos tornam-se alvos como a neve, sua pele rósea e firme fica pálida e se enche de profundos vincos.

- Seu olhar vivaz perde o brilho e parece perder-se no infinito. Sua forma física se modifica acentuadamente e eu me apavoro.

- Desejo saber, meu sábio, como é que o amor poderá ser eterno, como falam os poetas?

Nesse mesmo instante aproxima-se de ambos uma jovem envolta em luto, trazendo no rosto expressões de profunda dor.

Dirige-se ao sábio e lhe fala com voz embargada:

- Acabo de enterrar o corpo de meu pai que morreu antes de completar 50 anos.

- Sofro porque nunca poderei ver sua cabeça branca aureolada de conhecimentos. Seu rosto marcado pelas rugas da experiência, nem seu olhar amadurecido pelas lições da vida.

- Sofro porque não poderei mais ouvir suas histórias sábias nem contemplar seu sorriso de ternura.

- Não verei suas mãos enrrugadas tomando as minhas com profundo afeto.

Nesse momento o sábio dirigiu-se ao jovem e lhe falou com serenidade:

- Você percebe agora as nuanças do amor sem ilusões, meu jovem?

- O amor verdadeiro é eterno porque não se apega ao corpo físico, mas se afeiçoa ao ser imortal que o habita temporariamente.

- É nesses sentimentos sem ilusões nem fantasias que reside o verdadeiro e eterno amor.

A lição do velho sábio é de grande valia para todos nós que buscamos as belezas da forma física sem observar as grandezas da alma imortal.

O sentimento que valoriza somente as aparências exteriores não é amor, é paixão ilusória.

O amor verdadeiro observa, além da roupagem física que se desgasta e morre, a alma que se aperfeiçoa e a deixa quando chega a hora, para prosseguir vivendo e amando, tanto quanto o permita o seu coração imortal.
...............
As flores, por mais belas que sejam, um dia emurchecem e morrem... Mas o seu perfume permanece no ar e no olfato daqueles que o souberam guardar em frascos adequados.
O corpo humano, por mais belo e cheio de vida que seja, um dia envelhece e morre.
Mas as virtudes do espírito que dele se liberta continuam vivas nos sentimentos daqueles que as souberam apreciar e preservar, no frasco do coração.
Autor:  Equipe de Redação do Momento Espírita

domingo, 20 de abril de 2014

O Vento e o Sol


Esopo

"O vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte. De repente, viram um viajante que vinha caminhando.
- Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante tirar o casaco, será o mais forte. Você começa, propôs o sol, retirando-se para trás de uma nuvem.
O vento começou a soprar com toda a força. Quanto mais soprava, mais o homem ajustava o casaco ao corpo. Desesperado, então o vento retirou-se.
O sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o homem, que logo sentiu calor e despiu o paletó."

Moral da história:
O amor constrói, a violência arruína.
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Que fábula mais significativa!

Se formos pensar quanto somos "vento" e quando ainda temos que aprender até chegarmos a ser  "sol" - luz...

Nessa fábula,  importa para o vento apenas o resultado, que deve ser conseguido de qualquer forma. Não importa o que ele vai destruir, mas importa o resultado. Já o sol vai chegando devagarzinho, com cuidado, vai aquecendo aos poucos até chegar ao mesmo resultado sem nada destruir, ao contrário, enquanto chega ao resultado vai envolvendo tudo que encontra com com "vida" e alegria.

Às vezes temos boas intenções e os nossos propósitos são bem coerentes, mas a forma como agimos para chegar aos nossos objetivos é que vai refletir o nosso mundo interior e a nossa formação moral e espiritual.

Na literatura espírita encontramos muitas histórias vividas pelo médium Chico Xavier, que trazem muito ensinamentos. Contam que certa vez chico Xavier estava no trabalho e uma mulher foi procurá-lo, para pedir ajudar por três vezes durante um dia, mas como o chefe dele não permitia que ele atendesse ninguém no local de trabalho ele pediu que a mulher o procurasse à noite no Centro Espírita. A mulher estava tão sofrida e desesperada que chegando no Centro Espírita à noite, para tomar uma passe,  deu uma enorme bofetada no médium. Chocado o médium pensa em como dar uma passe na criatura depois dela ter tomado uma atitude dessa e o mentor dele, Emmanuel, diz para ele que ele está com a RAZÃO, mas a mulher está com a NECESSIDADE e o que deve prevalecer é a necessidade do outro não a nossa razão.

A fábula não parece com essa história? A força do vento e a força do sol eram proporcionais a necessidade do homem, mas um se preocupava com a sua razão e o outro com a necessidade.

Precisamos muito da "luz do sol" na nossa caminhada, porque "os ventos" são muito fortes e os corações muito cheios de RAZÕES podem atropelar todas as nossas necessidades e nem sempre temos "um casaco para ajustar ao nosso corpo".

Que brilhe a luz!

Bom domingo!

Áurea Ribeiro

sábado, 19 de abril de 2014

Eu, Judas

Estive relembrando minhas leituras nesses períodos de Páscoa. Sempre nesses períodos estou lendo algum livro sobre sobre a história da ressurreição de Jesus,  sem ter escolhido os livros conscientemente. Hoje que tomei consciência disso. Ano passado foi o livro Boa Nova - ditado pelo Espírito de Humberto de Campos ao médium Chico Xavier - quando chegou o período de Páscoa eu estava lendo os últimos capítulos que trata exatamente deste momento da história de Jesus. Esse ano, eu estava lendo Eu, Judas de Taylor Caldwell e Jess Stearn, a mesma autora de Médico de Homens e de Almas. Eu fico encantada com esse movimento do Universo colocando em nossa vida sempre a coisa certa no tempo certo, até as pequenas coisas. 


Eu, Judas é uma ficção narrada na primeira pessoa. No que diz respeito ao apóstolo Judas penso que o ponto de vista da autora é muito coerente. É completamente inadmissível que uma pessoa que conviveu com Jesus, se beneficiando dos Seus ensinamentos pessoalmente, possa ter cometido um ato covarde e traiçoeiro contra Ele propositadamente. Mas no que diz respeito aos outros personagens e até mesmo a algumas passagens do livro, a narrativa deixa muito a desejar. O capítulo que trata sobre Maria de Magdala diverge completamente das leituras históricas que já fiz sobre ela. O trecho sobre os vendilhões do templo também. Outros personagens aparecem também com suas histórias carregadas de detalhes incompatíveis com as informações históricas. Mas o que gostei menos foi a forma como a autora humanizou Jesus imputando-lhe sentimentos que, tenho certeza, Ele jamais cultivaria. 

De uma forma ou de outra valeu a pena a leitura. O olhar sobre Judas com compaixão nesse  momento de Páscoa me levou a muitas reflexões sobre compreensão, perdão e sobre todos os ensinamentos de Jesus de uma forma geral.

Boa páscoa!!!

Áurea Ribeiro

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Recado do Cachorro

Certa ocasião estava na mata com muita sede.

Havia me perdido do meu dono e durante alguns dias não conseguira nada para comer ou beber

De repente, surgiu à minha frente um lindo lago. Era a primeira vez que eu via um lago.

Antes eu sempre tivera água numa tigela que meu dono enchia e me oferecia.

Instintivamente, fui correndo até a margem para saciar a sede e vi minha própria imagem espelhada na água. Tomei um grande susto e, apavorado, saí correndo e latindo, entocando-me num arbusto.

A sede, no entanto, era tão grande que fui outra vez, bem cauteloso, até o lago.

Mas, chegando lá, de novo assombrei-me com meu próprio reflexo e voltei correndo para a mata.

Repeti esse movimento algumas vezes. Até que, cansado e muito sedento, em dado momento, enfrentei o medo, encarando minha imagem, e em seguida lancei a cara na água.

O reflexo se desfez e bebi à vontade.

Mais tarde, saciado, pensei:

“Que grande aprendizado! A partir de agora, sempre que eu quiser algo de verdade, mesmo que haja medo, vou meter a cara. Agir espanta o medo”.


Texto e foto do livro Mudando para Melhor de Kau Mascarenhas

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A Síndrome da Humilhação


Dra. Sandra Regina da Luz Inácio

A humilhação está estreitamente vinculada ao sentimento de inferioridade existente em todo ser humano. Se um indivíduo se sente humilhado é porque alguém, através de algum ato o fez sentir-se inferior.

Este sentimento de inferioridade é parte integrante dos conteúdos inconscientes de nossa formação. O herdamos arquetipicamente e é, geralmente, renovado através de nossa socialização, e das experiências no decorrer da vida.

Para muitas pessoas é necessário colocar o outro na situação inferior, em desvantagem, para que eles mesmos possam se sentir grandes, importantes.

Quando lançamos mão deste terrível instrumento estamos falando da humilhação, ou como alguns preferem chamar, Bullying.

O objetivo da humilhação tem como principal característica a destruição moral daquele que a sofre. Se existe uma situação onde a dor emocional do homem é percebida com facilidade é através da humilhação, pois nela o indivíduo se vê exposto e a vergonha toma conta de seu ser.

Todos nós possuímos um lado da personalidade sobre o qual não nos atrevemos a falar ou expor. É onde encontramos aquelas qualidades que julgamos negativas, indesejadas. Esforçamo-nos muito, ao longo da vida, para escondê-las, mas na humilhação serão justamente aspectos deste lado sombrio que ficará evidenciado.

Quando a humilhação é constante a pessoa que a sofre perde a identidade porque ela mesma e os demais a reconhecerão somente através daquela característica negativa que está sendo focada, como se a pessoa fosse somente aquele lado negativo. A parte se incumbirá de determinar o todo.

O respeito e amor próprio ficam totalmente prejudicados e a própria pessoa se colocará em posição de humildade, carregando um forte sentimento de culpa, por possuir aquela qualidade julgada negativa.

Na maioria das relações humanas defrontamo-nos, diariamente, com a humilhação nas formas mais sutis, porém, nem por isso, ela é menos perversa, incluindo-se aquelas onde é entendida como método apropriado de educação.

A humilhação sofrida na infância, como forma de educar é uma das piores formas de traição que o ser humano pode sofrer. A criança não tem capacidade de reflexão e análise para entender que o adulto que a humilha está tentando exorcizar seu próprio sentimento de inferioridade, e, que ela não é somente aquele lado ruim. Levará anos para que uma criança que teve como método educativo a humilhação consiga se refazer do estrago causado em sua personalidade.

Encontramos também, a humilhação como forma de repressão e condicionamento em diversas instituições como nas prisões, exércitos, escolas, empresas, e nos mais diversos grupos sociais.

Há pessoas que fazem do ato de humilhar um hábito, pois é através desta condição que conseguem diminuir a angústia causada pelo próprio sentimento de inferioridade. Quando não conseguimos ver o inimigo dentro de nós o projetamos fora e guerreamos com ele. 

A projeção é uma qualidade inerente no ser humano e acontece diariamente durante toda a vida e aparece em nossos relacionamentos com o mundo externo. É o processo pelo qual uma qualidade inconsciente da pessoa é percebida em outra pessoa ou objeto externo. Por ser inconsciente esta qualidade, e podendo ser negativa ou positiva, ela é projetada sem qualquer controle do nosso ego, não escolhendo o que nem onde iremos projetar aquele conteúdo.

Durante este processo vemos aquela determinada característica que nos pertence, mas que não a vemos em nós, como uma qualidade específica daquela outra pessoa e logo procuramos apontá-la porque nos incomoda imediatamente.

Este mecanismo, de projeção, não é diferente no caso de humilhação. Aquele que humilha o outro, apontando nele alguma inferioridade ou característica mais fraca, fazendo com que aqueles “defeitos” fiquem em evidência, nada mais faz do que apontar no outro seu próprio lado indesejado e sombrio. É através da projeção que se tem início a produção dos efeitos devastadores da humilhação.

Bom dia!!!

 Quando o amor acenar, siga-o ainda que por caminhos ásperos e íngremes.
Debulha-o até deixá-lo nu.
Transforma-o, livrando-o de sua palha.
Tritura-o, até torná-lo branco.
Amassa-o, até deixá-lo macio; e,então, submete ao fogo para que se transforma em pão para alimentar o corpo e o coração!
 
Khalil Gibran

segunda-feira, 14 de abril de 2014

E eu acrescentaria muito intenso...

Caio Fernando Abreu
"De repente, estou só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, dentro do planeta, dentro do sistema solar, dentro da galáxia — dentro do universo, eu estou só. De repente. Com a mesma intensidade estou em mim. Dentro de mim e ao mesmo tempo de outras coisas, numa sequência infinita que poderia me fazer sentir grão de areia. Mas estar dentro de mim é muito vasto."

domingo, 13 de abril de 2014

Sossega coração


Fernando Pessoa

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias, 
Encontres o que queres porque o queres. 
Então, livre de falsas nostalgias, 
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo! 
Pobre esperança a de existir somente! 
Como quem passa a mão pelo cabelo 
E em si mesmo se sente diferente, 
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme! 
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme.
A grande, universal, solene pausa 
Antes que tudo em tudo se transforme.

quarta-feira, 9 de abril de 2014


Augusto Cury
Um dia uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe: "Que tamanho tem o universo?". Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu: "O universo tem o tamanho do seu mundo". Perturbada, ela novamente indagou: "Que tamanho tem meu mundo?". O pensador respondeu: "Tem o tamanho dos seus sonhos".

Se seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua capacidade de suportar as tormentas será frágil. Os sonhos regam a existência com sentido. Se seus sonhos são frágeis, sua comida não terá sabor, suas primaveras não terão flores, suas manhãs não terão orvalho, sua emoção não terá romances. A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, faz dos idosos, jovens, e a ausência deles transforma milionários em mendigos faz dos jovens idosos. Os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser autor da sua história, fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades.

Sonhe!

Um trecho de C.F.A

"Está tudo muito ruim, e nós precisamos mais do que nunca ser solidários uns com os outros. Trocar estímulos. Assim: olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também. Tá me entendendo? Eu sei que sim."

(Caio Fernando Loureiro de Abreu, in: Carta a Bruna Lombardi)

domingo, 6 de abril de 2014

Os Estatutos do Homem

Thiago de Mello

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Trecho de “Os Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello.

Preocupações



Não se aflija por antecipação, porquanto é possível que a vida resolva o seu problema, ainda hoje, sem qualquer esforço de sua parte.

Não é a preocupação que aniquila a pessoa e sim a preocupação em virtude da preocupação.

Antes das suas dificuldades de agora, você já faceou inúmeras outras e já se livrou de todas elas, com o auxílio invisível de Deus.

Uma pessoa ocupada em servir nunca dispõe de tempo para lembrar injúria ou ingratidão.

Disse um notável filósofo: "uma criatura irritada está sempre cheia de veneno", e podemos acrescentar: "e de enfermidade também".

Trabalhe antes, durante e depois de qualquer crise e o trabalho garantirá sua paz.

Conte as bênçãos que lhe enriquecem a vida, em anotando os males que porventura lhe visitem o coração, para reconhecer o saldo imenso de vantagens a seu favor.

Geralmente, o mal é o bem mal-interpretado.

Em qualquer fracasso, compreenda que se você pode trabalhar, pode igualmente servir, e quem pode servir carrega consigo um tesouro nas mãos.

Por maior lhe seja o fardo do sofrimento, lembre-se de que Deus, que aguentou você ontem, aguentará também hoje.

Autor: André Luiz
Psicografia de Chico Xavier. Do livro: Sinal Verde

Ainda


Ainda que fosse saudade, não cabia mais no peito. 
Ainda que fosse amor, não cabia mais no peito.
Ainda que fosse solidão, não cabia mais no peito.
Ainda que fosse paixão, não cabia mais no peito. 
Ainda que fosse alegria, não cabia mais no peito.
Ainda que fosse infinito, 
imenso, 
indefinível, 
que coubesse no texto,
 na voz, 
no contexto
e nas entrelinhas do corpo inteiro,
não cabia mais no peito.

Desconheço a autoria, mas reconheço peito.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Feridas

"Há uma máxima atribuída a Buda que sentencia: “A mão que não está ferida segura até veneno. Os inocentes não são atingidos”. Há muito que refletir acerca desse pensamento.

Uma das maneiras de interpretá-lo é que, se as mãos não estão feridas, poderão carregar em forma de concha uma boa quantidade de veneno que, mesmo assim, o líquido não entrará em sua corrente sanguínea. Não há aberturas para que isso aconteça. O que vier de fora não atingirá o interior do organismo, pois este está resguardado.

O contraponto é que se alguém me tocar no braço, ainda que num gesto normal de afeto, e se neste local eu estiver com um ferimento oculto pela manga da camisa, provocará dor em mim, mesmo que não tenha a intenção de me ferir."

Trecho do livro Mudando para Melhor – Kau Mascarenhas

quinta-feira, 3 de abril de 2014


De uma coisa podemos ter certeza:
de nada adianta querer apressar as coisas;
tudo vem ao seu tempo,
dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo e aí acontecem
os atropelos do destino,
aquela situação que você mesmo provoca,
por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo.
 Mas alguém poderia dizer:
Qual é esse tempo certo?

Bom, basta observar os sinais.
Quando alguma coisa está para acontecer
ou chegar até sua vida,
pequenas manifestações do cotidiano
enviarão sinais indicando o caminho certo.
Pode ser a palavra de um amigo,
um texto lido, uma observação qualquer.
Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará
de colocar você no lugar certo,
na hora certa, no momento certo,
diante da situação ou da pessoa certa.

Basta você acreditar que nada acontece por acaso.
Talvez seja por isso que você esteja
agora lendo estas linhas.
Tente observar melhor o que está a sua volta.
Com certeza alguns desses sinais
já estão por perto e você nem os notou ainda.
Lembre-se, que o universo sempre
conspira a seu favor quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.
Paulo Coelho

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Muito Longe de Casa - memórias de um menino-soldado


Trezentas mil crianças-soldado, lavagem cerebral, entorpecentes, abusos dos senhores da guerra, morte. Muitas hoje ainda sofrem com as consequências. Fã de hip hop e de boa literatura, Ishmael Beah, após passar a infância e a adolescência na roda-viva da guerra[i], foi reabilitado pela Unicef e teve a chance de contar o que qualquer ficção jamais conseguiria recriar. Uma narrativa convincente, de linguagem bem acabada da visão do inferno, por quem esteve lá e conseguiu sair com vida. 

[i]Serra Leoa, oficialmente República da Serra Leoa, é um país da África Ocidental. É delimitada com a Guiné ao norte e nordeste, a Libéria a sudeste, e com o Oceano Atlântico ao sudoeste. Abrange uma área total de 71.740 km² e sua população é estimada em 5 485 998 habitantes, de acordo com dados da CIA em  2012. A Guerra Civil de Serra Leoa começou em 1991, pela Frente Revolucionária Unida (FRU), sob comando de Foday Sankoh, que lutava para derrubar o governo central do país. Dezenas de milhares de pessoas morreram e mais de 2 milhões de pessoas (bem mais de um terço da população) foram deslocadas por causa dos 11 anos de conflito. Os países vizinhos tornaram-se abrigo para os refugiados que tentavam escapar da guerra civil. O conflito tornou-se conhecido por muitos dos massacres, amputações de membros, uso massivo de crianças-soldado e tráfico de diamantes de sangue como um método de financiamento das forças rebeldes. A guerra foi declarada oficialmente como encerrada em 18 de janeiro de 2002.                                                                                                                        
          (Fonte sobre a história completa da guerra: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_de_Serra_Leoa)

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Um livro comovente! Ainda estou lendo, mas não me contive. Precisava compartilhar. Adoro livro baseado em fatos reais e esse é especial, porque desperta uma compaixão profunda em nosso coração e nos faz valorizar a nossa vida por pior que ela seja.

Quando somos espíritas não conseguimos fazer uma leitura dessa sem lançar um "olhar espírita" sobre os detalhes da história. Fico pensando tantas coisas!! Lendo essa história sem conhecermos a lei de causa e efeito e o significado da reencarnação em nossas vidas como poderíamos acreditar em uma Justiça Divina? Pessoas enfrentando tanta miséria, tanto sofrimento ainda na infância... Quanta coragem! Quanta valentia! E nós reclamamos tanto, tanto. E pensar que ainda existe sobre a Terra lugares assim com pessoas passando por tanta dor... E o que temos feito?

Um leitura que está tocando cada vez mais meu coração. 

Áurea