sábado, 31 de janeiro de 2015

Relógio do Coração


Mário Quintana
Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.
Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.
Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário nos mostrar que ficaram por anos em nossas agendas.
Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.
Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na Terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.
E há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados da folhinha.
Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembrança de horas.
Há eventos que marcaram, e que duram para sempre
o nascimento do filho, a morte da avó, a viagem inesquecível, o êxtase do sonho realizado.
Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra “eternidade”.
Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.
Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz estava eu na ocasião.
O relógio do coração hoje descubro, bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.
Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.
Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.
É olhar as rugas e não perceber a maturidade.
É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças do que viveu.
Pense nisso. E consulte sempre o relógio do coração: ele lhe mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Lançamento do livro ESPELHOS DA ALMA: uma jornada terapêutica, com Marlo...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015


Erros passados, tristezas contraídas, lágrimas choradas, desajustes crônicos!...

Às vezes, acreditas que todas as bênçãos jazem extintas, que todas as portas se mostram cerradas à necessária renovação!...

Esqueces-te, porém, de que a própria sabedoria da vida determina que o dia se refaça cada amanhã.

Começar de novo é o processo da Natureza, desde a semente singela ao gigante solar.

Se experimentaste o peso do desengano, nada te obriga a permanecer sob a corrente do desencanto. Reinicia a construção de teus ideais, em bases mais sólidas, e torna ao calor da experiência, a fim de acalentá-los em plenitude de forças novas.

O fracasso visitou-nos em algum tentame de elevação, mas isso não é motivo para desgosto e autopiedade, porquanto, freqüentemente, o malogro de nossos anseios significa ordem do Alto para mudança de rumo, e começar de novo é o caminha para o êxito desejado.

Temos sido desatentos, diante dos outros, cultivando indiferença ou ingratidão; no entanto, é perfeitamente possível refazer atitudes e começar de novo a plantação da simpatia, oferecendo bondade e compreensão àqueles que nos cercam.

Teremos perdido afeições que supúnhamos inalteráveis; todavia, não será justo, por isso, que venhamos a cair em desânimo.

O tempo nos permite começar de novo, na procura das nossas afinidades autênticas, aquelas afinidades suscetíveis de insuflar-nos coragem para suportar as provações do caminho e assegurar-nos o contentamento de viver.

Desfaçamo-nos de pensamentos amargos, das cargas de angústia, dos ressentimentos que nos alcancem e das mágoas requentadas no peito! Descerremos as janelas da alma para que o sol do entendimento nos higienize e reaqueça a casa íntima.

Tudo na vida pode ser começado de novo para que a lei do progresso e de aperfeiçoamento se cumpra em todas as direções.

Efetivamente, em muitas ocasiões, quando desprezamos as oportunidades e tarefas que nos são concedidas na Obra do Senhor, voltamos tarde a fim de revisá-las e reassumi-las, mas nunca tarde demais.

Emmanuel / Chico Xavier – “Alma e Coração”                       

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Não percas a tua Fé

Não percas a tua fé entre as sombras do mundo.
Ainda que os teus pés estejam sangrando, 
segue para frente, erguendo-te por luz celeste acima de ti mesmo.
Crê e trabalha.
Esforça-te no bem e espera com paciência.
Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do Céu permanecerá.
De todos os infelizes, 
mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmos, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo.
Eleva, pois, o teu olhar e caminha.
Luta e serve. Aprende e adianta-te.
Brilha a alvorada além da noite.
Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, 
aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte.
Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia...

Autor: Meimei
Psicografia de Chico Xavier

domingo, 25 de janeiro de 2015

Canção do Mar


Amai-vos...



Gibran Kahlil Gibran 
Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor  um grilhão.

Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.

Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.

Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.

Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,

mas deixai
cada um de vós estar sozinho.

Assim como as cordas da lira
são separadas e,
no entanto,
vibram na mesma harmonia.

Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.

Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.

E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.

Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.

E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O Encurtamento das Durações


Martha Medeiros
do livro A Graça da Coisa

Quanto tempo leva para superar a dor da perda? Quanto tempo para digerir uma rejeição? Absorver que um sonho terminou? Esquecer uma frustração? Uma mágoa de infância? Um trauma? Uma demissão? Os psicanalistas provavelmente responderão que é preciso respeitar o ritmo de cada um. Há quem seja rápido na retomada da vida, e há os mais lentos, que necessitam de um acompanhamento mais intensivo. Não há como decretar: dois dias, dois meses, dois anos. 

Só que a maioria da população não procura psicanalistas. Não têm dinheiro pra isso, e muito menos disponibilidade. As pessoas não podem parar no meio do dia para se consultar, pois trabalham insanamente, e tampouco possuem tempo para, segundo elas, desperdiçar. Sabe-se que análises são demoradas, que buscam e rebuscam nossa intimidade, que não é num estalar de dedos que se atenuam as dores internas. E qualquer coisa que demore, hoje em dia: não, obrigada. 

Que inquietação. 

O passado e o futuro são dois períodos que já não interessam: cultua-se o presente como nunca antes. O que vale é este momento, agora, o instante vivido. Tudo digitalizado, virtual, instantâneo. Quem ainda espera dias por uma resposta? Meses por uma solução? 

Na vida burocrática, governamental, a demora ainda é praxe e se vale da morosidade para arrecadar mais e mais dinheiro, mas no plano pessoal, encurtaram-se as durações. Vive-se tudo de forma mais compacta, o começo e o fim mais próximos do que jamais foram. E acabamos impregnados dessa urgência, dessa vontade de resolver todas as tranqueiras com a maior agilidade possível. 

Porém, há tranqueiras e tranqueiras. 

Você consegue resolver pendências profissionais de imediato, consegue tomar decisões práticas sem se alongar: parabéns. Salve a produtividade. Mas não foram essas as questões levantadas no início desse texto. Falávamos de tristezas, de cicatrizar feridas, de aceitar o destino que nos coube, de assimilar mudanças. 

Sentimentos não são regidos por megabytes por segundo, não se vinculam a relógios, não obedecem a leis objetivas – é o curso da natureza que manda. E a natureza é surda e cega para o desatino. Exige a introspecção devida, sem a qual nada se resolve, só se mascara. 

Diante da dor emocional, só há uma ordem a respeitar: paciência. De nada adianta inventar alegrias fajutas e se oferecer para a cobiça do mundo sem antes estar com a alma serenada e forte. É preciso saber esperar, do contrário a gente se atrapalha e só reforça a miséria existencial que preenche as madrugadas. 

Basta de tanta gente evitando pensar, evitando chorar, evitando olhar para dentro de si mesmo, sorrindo de um jeito tão triste que só faz demorar ainda mais o reencontro com o sorriso verdadeiro – aquele aguardando a hora certa de voltar.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O Cansaço

Quando te sintas sitiado pelo desfalecimento de forças ou o cansaço se te insinue em forma de desânimo, para um pouco e refaz-te.
O cansaço é mau conselheiro.
Produz irritação ou indiferença, tomando as energias e exaurindo-as.
Renova a paisagem mental, buscando motivação que te predisponha ao prosseguimento da tarefa.
Por um momento, repousa, a fim de conseguires o vigor e o entusiasmo para a continuidade da ação.
Noutra circunstância, muda de atividade, evitando a monotonia que intoxica os centros da atenção e entorpece as forças.
Não te concedas o luxo do repouso exagerado, evitando tombar na negligência do dever.
Com método e ritmo, conseguirás o equilíbrio psicológico de que necessitas, para não te renderes à exaustão.
Jesus informou com muita propriedade, numa lição insuperável, que “o Pai até hoje trabalha e eu também trabalho”, sem cansaço nem enfado.
A mente renovada pela prece e o corpo estimulado pela consciência do dever não desfalecem sob os fardos, às vezes, quase inevitáveis do cansaço.
Age sempre com alegria e produz sem a perturbação que o cansaço proporciona.

*****

Divaldo Pereira Franco
Pelo Espírito JOANNA DE ÂNGELIS

sábado, 17 de janeiro de 2015

A nota da esperança



Foi num jornal de grande circulação que lemos recentemente a incrível história do violinista Isaac Perelman. No dia 18 de novembro de 1995, Isaac Perelman se apresentou no Lincoln Center em Nova Iorque. Às oito horas daquela noite, Isaac Perelman pisou o palco. O que para a maioria das pessoas seria uma tarefa simples, para Isaac este momento sempre representava um tremendo esforço.
Apoiado por aparelhos ortopédicos presos às suas pernas e em duas muletas, Isaac caminhou, como sempre fazia, lentamente, em passos penosos, porém, sem perder a majestade. O público em geral já estava acostumado a esta cena, fruto de uma poliomielite que o atingiu ainda em sua infância. Isaac se aproximou da cadeira, se sentou, desatou os aparelhos ortopédicos, deixou as muletas ao seu lado, no chão. Com o auxílio das mãos, encolheu uma perna para trás, esticou a outra para a frente. Em seguida, retirou seu precioso violino da caixa, colocou-o sobre o ombro, apoiado em uma das mãos. Com a outra mão segurou o arco, e apontou para o regente da orquestra, indicando que ele começasse. O que se viu em seguida, como de hábito, foi a genialidade de um homem através de seu violino, embalando o público com acordes de talentosa maestria.

De repente se ouviu um estalo!

Uma das quatros cordas do violino havia se rompido!

Todos olharam, em silêncio absoluto, para Isaac.

Ele fechou os olhos, respirou profundamente, levantou o arco, pedindo ao regente que continuasse no exato ponto em que haviam parado. E Isaac tocou com incrível paixão, criando em sua mente, em sua alma, notas e acordes, de forma a produzir os mesmos sons da partitura original. O público quase não podia acreditar. Isaac estava tocando a mesma sinfonia com um violino com três cordas. Quando terminou, o público se ergueu e não parava mais de aplaudir. Finalmente, os aplausos cessaram a pedido do violinista. As palavras que ele pronunciou tinham a doçura da convicção e continham uma grande lição:

Um músico deve produzir sonoridade com aquilo que lhe resta.

* * *
Todos somos músicos no concerto da vida. Mesmo com o coração dilacerado, as cordas dos sentimentos quebradas, é preciso continuar a executar as notas musicais.

Podem ser notas simples, isoladas, mas que aos poucos formarão uma melodia.

E embalados pela melodia da nossa própria dor haveremos de encontrar forças para executar a bela sinfonia da vida.

Mesmo que os dias amanheçam chuvosos e frios. Mesmo que o amor tenha partido. Mesmo que tenhamos ontem acompanhado os corpos dos nossos amores ao cemitério.

Continuemos tocando a melodia e descobrindo as notas de esperança que a vida nos oferece, no sorriso de uma criança, na mão de um amigo, no abraço carinhoso de um companheiro.

(Redação do Momento Espírita, com base no artigo A nota da esperança, assinado pó Edmond Fatuch, publicado no Jornal Gazeta do Povo, em agosto.2000)

Saudade inexplicável


Rubem Alves
(do universo à jabuticaba)

Velhice é saudade...
Isso explica que haja jovens e mesmo crianças que,
tendo vivido só um punhadinho de anos, já são velhos.
É que a saudade pode florescer já nas manhãs...
Percebi, então, que a velhice não era coisa nova.
Ela tinha morado sempre comigo.

Eu tinha saudade sempre, mesmo sem saber do que.
Saudade sem saber do que pode parecer contrasenso,
pois a saudade é sempre saudade de alguma
coisa: de um rosto, de um lugar, de um tempo passado.
Você nunca sentiu isso?

Uma saudade inexplicável de algo que não sabe
o que é? A saudade aparece, então, como tristeza
no seu estado puro, sem objeto.

Quando você sentir isso, não se aflija. É que os
seus olhos estão andando pelos bosques misteriosos
onde nasce a poesia.

São os bosques da saudade. Todos os poetas já
nascem velhos...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Gafanhoto


Sobre um dos tipos de alimento no tempo de Jesus:

"Um dos alimentos mais surpreendente era o gafanhoto, muito embora seja difícil entender porque isso deveria espantar alguém que aprecia as rãs e os caracóis da cozinha francesa. Todos sabem que João Batista se sustentou no deserto com gafanhotos e  mel selvagem. Mas ele não foi o único a apreciar essa iguaria.  O tratado Tannith chaga ao ponto de afirmar que existem oitocentas espécies de gafanhotos comestíveis, todos eles pertencentes a raça migratória, mas não especifica o nome deles. em todo caso, havia quatro em uso corrente. Algumas vezes eram cozidos rapidamente em alga salgada, apresentando então um sabor parecido ao do camarão e alguns mostravam até a cor deste. Outras vezes retiravam a cabeça e a cauda do gafanhoto e punham-no ao sol para secar. Uma vez secos, colocavam-nos em recipientes com mel ou vinagre, ou então os moíam até o ponto de pó. Este pó de gafanhoto, de sabor bastante amargo, era misturado com farinha de trigo para fazer um tipo de biscoito muito apreciado, parecido com aquele que os cozinheiros chineses produzem com o nome de pão de camarão."
 Trecho do livro A Vida Diária nos Tempos de Jesus de Henri Daniel-Rops

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O perdão que o Evangelho propõe

Trecho do livro Servidores da Luz da Transição Planetária
Médium: Wanderley Oliveira
Espírito: José Lázaro
( O trecho em destaque foi retirado de um capítulo de autoria do próprio médium)

"O conceito de perdão como atitude de esquecer o mal que alguém nos fez ou como uma virtude de retomar o relacionamento com o ofensor da mesma maneira que antes da ofensa é um enfoque que precisa ser reconsiderado, poque perdão não tem nada a ver com esquecimento das faltas ou negação da dor emocional para continuar a relação com alguém da mesma maneira.

Por conta dessas duas formas de enxergar o perdão, muitos de nós passamos por problemas graves de exploração emocional por parte do ofensor. Não se utilizando da memória, alegando que esquecemos o fato gerador da mágoa, poderemos passar novamente pela mesma experiência e, negando a dor emocional para manter um relacionamento que nos interessa ou do qual não temos como nos desvincular instantaneamente, ficaremos com um peso emocional não transmutado e que poderá nos prejudicar de várias formas.

O perdão que o Evangelho propõe e que os Sábios Guias comentam na questão 886, de O livro dos espíritos, é o perdão das ofensas, antes mesmo do perdão aos ofensores. Há uma enorme diferença entre perdoar ofensas e ofensores. A ofensa é a dor que trazemos no peito em decorrência da atitude lesiva do outro contra nós, e o ofensor é o sujeito que intencionalmente ou não foi agente ativo desse processo emocional. A ofensa é o conjunto de sentimentos que derivam do ato lesivo. Entre eles está a está a raiva, a sensação de injustiça, a dor da decepção e da frustração de sonhos e expectativas. Se não resolvemos conosco esses sentimentos, será infrutífero o ato de procurar o ofensor para o perdão legítimo. Concluímos, portanto, que perdoar é algo que começa em nós para depois se expressar na relação. Claro que isso tem variações. Casos, por exemplo. de marido e esposa, relações profissionais e outras tantas formas de conviver, nem sempre o distanciamento físico será possível, e assim a mágoa estará presente no dia a dia sem que tenhamos o tempo que seria desejável para curar as ofensas e depois criar uma nova relação ou, até mesmo, romper definitivamente com o ofensor."

Não entendo.



Clarice Lispector
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doido. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
 A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Dê um basta à falta de respeito em sua vida!


 por Patricia Gebrim

"Por atitude não estou sugerindo que você desrespeite o outro também, mas sim que você se proteja. Você tem todo o direito de se proteger, de se afastar da pessoa que o está ferindo"

Por mais que seja difícil encarar esse fato, a verdade é que se as pessoas faltam com o respeito a você é porque de alguma maneira você vem permitindo que isso aconteça. Não importa se isso vem acontecendo no trabalho, na família ou em seu relacionamento amoroso, você precisa mudar essa situação.

Por desrespeito estou me referindo a situações em que você é desconsiderado, desacatado, muitas vezes até agredido, física, moral ou verbalmente. Aqui pode-se incluir o uso de termos ofensivos, tratamento humilhante, críticas exageradas com o intuito de rebaixar o outro, promessas repetidamente não cumpridas, mentiras, enfim, a lista pode aumentar muito se pensarmos nas sutilezas em que isso pode se manifestar.

Ora, por que alguém permite que isso aconteça?

Na maioria das vezes por medo. Medo de perder o emprego, medo de ser abandonado por alguém, medo de confrontar a situação e ser ainda mais desrespeitado. E assim, um pouco por vez, as pessoas vão se encolhendo, aceitando uma grosseria aqui, uma crítica maldosa ali, cedendo à vontade do outro mesmo sem querer, sendo muito mais flexíveis do que seria saudável. E é assim que um dia se veem em situações absurdas, sem nem mesmo saber como foram parar lá.

Atitude. Mais importante do que as palavras.

É comum que as pessoas que se permitem ser assim desrespeitadas já não acreditem na sua capacidade de impedir que isso aconteça. Quando perguntadas sobre o assunto, muitas vezes dizem que já se cansaram de falar e pedir ao outro que as respeitasse, sem obter sucesso. Mas, eis a minha pergunta:

- Será que, além de falar, tomaram atitudes coerentes?

Pois de nada adianta dizer que gostaria que as coisas mudassem, mas continuar lá, permitindo que o desrespeito aconteça. Muitas vezes o outro só irá entender que você realmente não aceitará mais aquela forma de tratamento se as suas palavras vierem acompanhadas de uma atitude. Por atitude não estou sugerindo que você desrespeite o outro também, mas sim que você se proteja. Você tem todo o direito de se proteger, de se afastar da pessoa que o está ferindo. Não há culpa alguma nisso. Retire-se, se for necessário, afaste-se. Negue-se a permanecer em uma relação desrespeitosa.

É preciso, antes de mais nada, que você compreenda o que vem aprisionando você e que você tome uma decisão forte, no seu íntimo, de não permitir mais que aquilo aconteça. Pense também no que pode fortalecer você. Procure caminhar na direção da sua independência, é fundamental que você se aproprie da sua vida e sinta-se livre. Procure ajuda, caso não consiga sozinho. Dependendo do que estiver lhe acontecendo você pode recorrer a um psicólogo, a grupos de ajuda ou até mesmo à Delegacia de Polícia (no caso de agressões físicas). O importante é que você decida não permitir que aquilo se repita.

Imponha-se. Sua submissão não pode ser o preço para estar em um relacionamento, seja ele de negócios, familiar ou amoroso. Temos que permanecer em um relacionamento apenas se aquela relação nos fizer bem. Caso contrário podemos, e devemos, nos retirar. Não deixe que o medo tome as decisões por você.

Caso esteja em uma relação onde se sinta desrespeitado, converse calmamente com a outra pessoa e diga-lhe que não permitirá mais que isso aconteça. E se voltar a acontecer (provavelmente isso acontecerá, pois a pessoa irá testar a seriedade do que você disse), aja de forma a validar suas palavras. Recuse-se a continuar desempenhando o papel de vítima. Em geral, quanto mais uma pessoa cede à falta de respeito, menos é respeitada, gerando um círculo vicioso que se agrava mais e mais.

Supere o medo e aprenda a respeitar a si mesmo, só assim você conseguirá quebrar esse círculo vicioso.

Todas as pessoas são merecedoras de respeito e consideração, pense nisso!
Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/eu_respeito.htm

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Necessidades evolutivas

"** Compreensão de que a reforma íntima não pode ser entendida apenas como uma contenção de impulsos inferiores;
** A renovação interior provoca, naturalmente, as dores do crescimento, e é preciso aprender a lidar com essas dores; 
**Estar disposto a enxergar-se como realmente é, ou seja, encara o doloroso processo de desiludir-se de si mesmo;
**Aceitar o fato que, esteja havendo realizações nobres em matéria de caridade, em verdade, a maioria esmagadora apenas "ensaia" os primeiros passos na Seara do bem;
**Optar sempre pela autoavaliação e não pela negação das mazelas ainda existentes no âmago do ser;
**Aceitação da sombra;
**Aniquilar, em si mesmo, a sensação de missionarismo religioso; 
**Aprender encontrar prazer em viver, apesar das lutas árduas de todos os dias;
**Entrar em "sintonia" com a atual encarnação compreendendo que certas limitações físicas existem para preservá-lo de quedas morais mais graves. Em razão disso, a revolta e a inconformação não       devem encontrar guarida no coração do homem;
**Não utilizar obras de caridade como mecanismo de fuga de si mesmo.
Quanto mais o trabalhador do Cristo se aproximar dessas necessidades evolutivas acima citadas, mais apto ao trabalho de intercâmbio ele estará."

Treco do livro Consciência Emergente  - Agnaldo Paviani/José Lázaro

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Vidraça


Rubem Alves

"Algumas pessoas olham através da vidraça, discutem sobre uma c asa que estão vendo, ao longe. Uma das pessoas diz que aquela c asa é habitada por um nobre, de hábitos aristocráticos e conservadores. Uma outra diz o contrário, que lá mora um operário, membro do sindicato, revolucionário. Uma terceira diz que os dois primeiros estão errados: ninguém mora na c asa. Ela está vazia. Pedem a minha opinião. Eu me aproximo, eles apontam através do vidro, na direção da c asa. Olho, olho, e concluo que alguma coisa deve estar errada c om os meus olhos. Eu não vejo c asa alguma. O que eu vejo são os reflexos do meu próprio rosto, nos vidros da vidraça..."
*********************************************************************************
Uma coisa que pode ajudar muito no nosso processo de autoconhecimento é reconhecermos que o que vemos no próximo é apenas um reflexo do que somos e do que temos dentro de nós. Quando olhamos e vemos qualidades ou quando olhamos e vemos defeitos somos sempre nós o que vemos. Bom pensar nisso quando estamos julgando, apontando os defeitos dos outros. Incomoda, mas amadurece.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Questões do Coração


Título: Questões do Coração
Autora: Emily Giffin
Editora: Novo Conceito
Edição: 1
Ano: 2011
Páginas: 432
Tradução: Paula Gentili Bitondi

Tessa Russo é mãe de duas crianças e esposa de um renomado cirurgião pediatra. Apesar dos avisos de sua mãe, Tessa recentemente abriu mão de sua carreira pra se focar na família e na busca da felicidade doméstica. Ela parece destinada a viver uma boa vida. Valerie Anderson é advogada e mãe solteira de Charlie que tem apenas 6 anos e nunca conheceu o pai. Depois de muitas decepções, ela desistiu do amor - e até mesmo das amizades - acreditando que é sempre mais seguro não ter muitas expectativas. Embora as duas mulheres vivam no mesmo subúrbio de Boston, elas tem muito pouco em comum além do amor pelos filhos. Mas numa noite, um trágico acidente faz suas vidas se encontrarem de um jeito inesperado. Como cada capítulo é narrado por uma delas, podemos analisar dois pontos de vista para uma mesma situação que envolve uma questão de fidelidade.

A AUTORA:


Emily Giffin é advogada, formada pela Wake Forest University, mas sempre gostou de escrever. A autora best-seller pelo The New York Times vive com o marido e três filhos em Atlanta, nos Estados Unidos. Livros publicados no Brasil: Uma Prova de Amor, Laços Inseparáveis, Presentes da V e Questões do Coração.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Pense antes de desculpar-se


"Temos de ter cuidado com as palavras. Há pessoas que falam tudo o que lhes vem à cabeça, sem medir as consequências que suas palavras podem trazer. Já diz o sábio ditado popular que “palavra proferida e pedra atirada não tem volta”. Normalmente estamos envolvidos com outras pessoas, seja no lar, no trabalho, no templo religioso, enfim, em lugares diversos, mas sempre com pessoas. Uma palavra mal colocada pode trazer sérias consequências, por isso não devemos utilizá-las de forma inconsequente e leviana. Antes de emitirmos nossa opinião à respeito de algum tema, ou de falarmos sobre qualquer assunto com alguém, pensemos naquilo que vamos dizer, pois com as palavras poderemos ofender e ferir esse alguém. Com palavras mal colocadas poderemos tirar a paz de alguém, acabar com a esperança de outro, magoar outrem e assim por diante. Pedir desculpas depois que o mal está feito não resolverá a situação porque a marca ficará naquela pessoa que se sentiu ofendida ou magoada. Não há nada pior do que sentir-se culpado por causar tristeza e desilusão a alguém. Por isso, pense antes de ter de desculpar-se!"
Fonte:http://www.gotasdepaz.com.br/

Do conhecimento de si próprio


          O progresso intelectual e tecnológico da Humanidade, nos últimos séculos, têm sido bastante significativo.
          O homem compreendeu muitas das leis da natureza e passou a utilizá-las em seu benefício.
          Valeu-se da sua capacidade de raciocínio para reduzir esforços físicos e produzir máquinas que auxiliam e facilitam trabalhos repetitivos.
          Descobriu a cura de diversas doenças, fabricando remédios e criando técnicas que diminuem o sofrimento físico e salvam vidas.
          Desenvolveu projetos para aumentar a produção de alimentos e novas formas de armazenamento e conservação.
          Estabeleceu meios eficazes de comunicação que facilitam contatos e a obtenção das mais variadas informações.
          O homem alcançou a lua e ruma, agora, em direção a planetas e estrelas distantes.
          São grandes vitórias, mas não representam por si só o final da batalha.
          Isso porque as alegrias ainda são passageiras e o sentimento de insatisfação continua habitando o coração do homem.
          Resta um vazio, uma sensação de que algo importante foi deixado para trás.
          E realmente foi.
          Em meio a tantas realizações, o homem acabou esquecendo de conquistar a si mesmo, de domar sua própria essência.
          Gasta seu tempo e seu esforço, procurando, mundo afora, o que só encontrará em si mesmo.
          Seus motivos, sua razão, suas verdades.
          Deseja alcançar a felicidade e a paz.
          Crê que as encontrará em rostos, em afetos, em conquistas materiais, em paisagens paradisíacas.
          Ledo engano.
          Ninguém, nada, nem lugar algum, será capaz de satisfazê-lo real e definitivamente, enquanto ele não conhecer a si mesmo.
          Faz-se necessário que o homem empreenda a mais difícil de todas as jornadas.
         Um caminho sem medida e sem volta.
         Entender-se, respeitar-se e amar-se.
         É preciso que o homem tenha coragem de mergulhar em si mesmo e buscar conhecer-se.
         Não se trata de uma tarefa fácil.
        Afinal, muitas descobertas poderão ser não muito agradáveis.
        Porém, muitas revelações poderão ser dolorosas.
        Muito trabalho deverá ser realizado e muitos vícios deverão ser vencidos.
        Condutas deverão ser revistas e novos hábitos desenvolvidos.
        Para isso, porém, será preciso ter coragem e determinação.
        Coragem para reconhecer as próprias deficiências e falhas.
        Determinação para não desistir do bom combate.
        Para não abandonar a meta por considerá-la distante e difícil.
                                                   * * *
       Não somos perfeitos. Ainda não.
       Mas nosso destino é a perfeição.
       Quando Deus, em Sua bondade e sabedoria infinitas, criou-nos, semeou em nosso âmago o gérmen da felicidade.
       É necessário a luz da sabedoria para fazê-lo brotar e frutificar.
       O autoconhecimento é pré-requisito para que sejamos a cada dia melhores.
       Assim, pouco a pouco, conscientes de quem e como somos, seremos capazes de vencer a nós mesmos.
       Transformando o homem velho que ainda existe em nós, alcançaremos o progresso moral que nos falta.
       Somente então chegaremos ao nosso destino: a verdadeira felicidade.
Redação do Momento Espírita.Em 03.10.2011.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ética no uso da internet

Caros estudantes e servidores, na era da internet cada vez mais o assunto cibernética ganha espaço na mídia.

(Apresentação ciberetica)

O que é certo ou errado no uso da internet?

Tenho refletido sobre o assunto e entendo que esse é um tema de interesse cada vez maior dos gestores.

Inicialmente é preciso ter clareza que não é possível se falar em ética na internet como algo descolado do conceito de ética que já conhecemos. A ética da reciprocidade continua valendo.

De forma muito simples, ética trata da forma como as pessoas se relacionam.

E internet é mais uma forma desse relacionamento ocorrer.

Há pessoas que não fazem diretamente certos comentários, mas têm coragem de postar ofensas e agressões nas redes sociais.

A sensação de anonimato e de invisibilidade no uso da internet é falsa, pois por meio do IP (PROTOCOLO DE INTERNET) é possível se descobrir de que máquina uma determinada ofensa foi publicada. Os especialistas reconhecem que isso dá trabalho, mas que é possível se chegar ao local de onde houve a publicação.

E isso dá trabalho porque, apesar das legislações existentes, há pouca fiscalização. Como exemplo, lembro que há uma lei que obriga as LAN HOUSES a solicitarem a identificação dos usuários das máquinas. E sabemos que há milhares de LAN HOUSES no país.

Mas nem sempre o atendente confere a autenticidade do documento apresentado. Essa falha de segurança faz com que muitas vezes o anonimato seja garantido.

O IP da máquina será rastreado, mas nem sempre será possível alcançar o mau usuário.

Muitas ofensas são originadas de e-mails falsos.

Ou ainda utilizando-se de e-mails válidos, mas roubados por meio de programas espiões em máquinas disponíveis em locais de uso público como bibliotecas e LAN HOUSES.

Por isso é importante a troca frequente das senhas como uma política de TI. Por isso é preciso manter os programas antivírus atualizados. Também é recomendável a formatação dos computadores periodicamente.

Abrir mensagens de origem duvidosa ou fazer downloads de arquivos em determinados sites são atitudes de alto risco.

Segundo a ONG SaferNet, de 2007 para 2008, houve aumento de 238% em infrações cometidas na web. Os crimes que mais crescem são os de racismo, homofobia e pornografia infantil.

Os crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) também não param de crescer. Junto destes há ainda crimes como furtos, extorsão, ameaças, violação de direitos autorais, estelionato, fraudes com cartão de crédito e desvio de dinheiro de contas bancárias.

O mundo virtual não é um mundo sem lei como alguns podem pensar. Há a Lei que trata das interceptações de comunicações em sistemas de telefonia, informática e telemática.

Há ainda a Lei 9609 que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programas de computador.

Além dessas leis, o Código Penal pode ser amplamente aplicado para combater os crimes na internet. Por exemplo: insultar a honra de alguém (calúnia – artigo 138), espalhar boatos eletrônicos sobre pessoas (difamação – artigo 139), insultar pessoas com apelidos grosseiros (injúria – artigo 140), desvio ou saque indevido de dinheiro (furto – artigo 155), comentários negativos sobre raças e religiões (preconceito ou discriminação – artigo 20 da Lei 7716/89), enviar fotos de crianças nuas (pedofilia – artigo 247 da Lei 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente), usar cópia de software sem licença (crime de pirataria – artigo 12 da Lei 9609/98).Fonte: Olhar digital

No campo ético, o mais importante é não fazer com as outras pessoas o que não gostaríamos que fizessem conosco.

Às vezes um comentário pode parecer inocente, mas pode macular a honra de outra pessoa. E isso pode trazer consequencias danosas de difícil reparação posterior.

O uso de textos de outras pessoas pode parecer algo corriqueiro (plágio), mas sabemos que não é certo. Atualmente a prática do CONTROL C e CONTROL V (copiar e colar) vem ganhando da conhecida “cola”.

Todos gostamos que nossas idéias sejam disseminadas. Para isso existe a possibilidade de se citar as referências bibliográficas. Ninguém gosta quando suas idéias são literalmente roubadas por outras pessoas.

Falar mal dos professores e demais servidores pela internet pode parecer engraçado para os estudantes. Mas já tomei conhecimento de casos em que esses comentários levaram pessoas à depressão.

Agora imagine se essa pessoa fosse nossa mãe ou nosso pai. Ninguém ficaria feliz com isso não é mesmo?

Há muitas formas de se faltar com ética no uso de redes sociais. Há pessoas que criam perfis falsos para prejudicar outras. Há pessoas que postam vídeos comprometedores de ex-namoradas. Há pessoas que utilizam a internet para praticar bullying.

Por isso vale a reflexão.

Além dos problemas éticos, o mundo virtual está cheio de perigos e de criminosos.

Conhecer esses riscos é muito importante para estudantes e servidores.

Atenciosamente,
Prof. Jesue Graciliano da Silva 
Fonte: http://eticaegestao.ifsc.edu.br/ideias-e-reflexoes/etica-no-uso-da-internet/

Ética e Moral

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.

Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.

Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade.
Fonte:http://www.significados.com.br/etica-e-moral/

O jardim do velhinho


por Rubem Alves

Era uma vez um velhinho simpático que morava numa casa cercada de jardins. O velhinho amava o seu jardim e cuidava dele pessoalmente. Na verdade fora ele que pessoalmente o plantara – flores de todos os tipos, árvores frutíferas das mais variadas espécies, fontes, cachoeiras, lagos cheios de peixes, patos, gansos, garças. Os pássaros amavam o jardim, faziam seus ninhos em suas árvores e comiam dos seus frutos. As borboletas e abelhas iam de flor em flor, enchendo o espaço com as suas danças. Tão bom era o velhinho que o seu jardim era aberto a todos: crianças, velhos, namorados, adultos cansados. Todos podiam comer de suas frutas e nadar nos seus lagos de águas cristalinas. O jardim do velhinho era um verdadeiro paraíso, um lugar de felicidade.

O velhinho amava todas as criaturas e havia sempre um sorriso manso no seu rosto. Prestando-se um pouco de atenção, era possível ver que havia profundas cicatrizes nas mãos e nas pernas do velhinho. Contava-se que, certa vez, o velhinho, para salvar uma criança, lutou com o cão e foi nessa luta que ele ganhou suas cicatrizes.

Os fundos do terreno da casa do velhinho davam para um bosque misterioso que se transformava numa mata. Era diferente do jardim, porque a mata, não tocada pelas mãos do velhinho, crescera selvagem como crescem todas as matas. O velhinho achava as matas selvagens tão belas quanto os jardins. Quando o sol se punha e a noite descia, o velhinho tinha um hábito que a todos intrigava: ele se embrenhava pela mata e desaparecia, só voltando para o seu jardim quando o sol nascia.

Ninguém sabia direito o que ele fazia na mata e estranhos rumores começaram a circular. Os seres humanos têm sempre uma tendência para imaginar coisas sinistras. Começaram, então, a espalhar o boato de que o velhinho , quando a noite caía, se transformava num ser monstruoso, parecido com lobisomem, e que na floresta existia uma caverna profunda onde o velhinho mantinha, acorrentadas, pessoas de quem ele não gostava, e que o seu prazer era torturá-las com lâminas afiadas e ferros em brasa. Lá – assim corria o boato –, o velhinho babava de prazer vendo o sofrimento dos seus prisioneiros.

Outros diziam, ao contrário, que não era nada disto. Não havia nem caverna, nem prisioneiros e nem torturas. Essas coisas existiam mesmo era só na imaginação de pessoas malvadas que inventavam boatos. O que acontecia era que o velhinho era um místico que amava as florestas e entrava no seu escuro para ficar em silêncio, em comunhão com o mistério do universo. Quem era o velhinho na realidade? Você decide. Sua decisão será um reflexo do seu coração.

 Do universo à jabuticaba. São Paulo: Planeta, 2010
********************************************************************************************
Para começarmos o ano de 2015 analisando o reflexo do nosso coração.
Que possamos amar mais, amar com mais leveza, liberdade e "compaixão", para que o nosso coração reflita cada vez mais o amor incondicional de Jesus.
Feliz 2015!!!!