terça-feira, 7 de abril de 2015

Quando Fores Velha


William Butler Yeats[i]

Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,

Dormitando junto à lareira, toma este livro,

Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar

Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;



Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,

Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,

Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,

E amou as mágoas do teu rosto que mudava;



Inclinada sobre o ferro incandescente,

Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou

E em largos passos galgou as montanhas

Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.


 [i] Poeta e dramaturgo irlandês (13/6/1865-28/1/1939), Prêmio Nobel de Literatura em 1923. De tendências místicas, é um exemplo raro de poeta que produz na velhice suas obras mais expressivas.

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