sábado, 8 de fevereiro de 2014

O primeiro terror que conhecemos


“A presença da mãe – de nossa mãe -  representa segurança. O primeiro terror que conhecemos é o medo de perdê-la. “Não existe nada semelhante a um bebê”, escreve o pediatra e psicanalista D.W. Winnicott, observando que na verdade os bebês não podem existir sem suas mães. A ansiedade da separação é provocada pela verdade literal de que, sem alguém para tomar conta de nós, morreremos.

Contudo, somos todos abandonados pela mãe. Ela nos deixa antes de sermos capazes de entender que vai voltar. Ela nos abandona para trabalhar, para fazer compras, para sair de férias, para ter outro filho – ou simplesmente estando ausente quando precisamos dela. Ela nos abandona para ter uma vida à parte, a sua vida – e precisamos aprender a ter a nossa vida particular também. Mas, nesse ínterim, o que fazemos quando precisamos de nossa mãe – precisamos de nossa mãe! – e ela não está presente?

O que fazemos, sem dúvida, é sobreviver. É claro que sobrevivemos às ausências temporárias. Mas essas ausências nos ensinam um temor que pode nos marcar para toda vida. E quando nos primeiros anos, especialmente nos seis primeiros anos de vida, somos privados constantemente da mãe que precisamos, e cuja presença desejamos, podemos ser tão prejudicados emocionalmente quanto o garoto encharcado com álcool e queimado. Na verdade, essa privação nos primeiros anos de vida tem sido comparada a uma queimadura ou a um ferimento extenso. A dor é inimaginável. A cicatrização é difícil e lenta. O prejuízo, embora não fatal, pode ser permanente.

Essas separações prematuras da primeira infância podem desviar nossas expectativas e nossas respostas, podem desviar nosso modo de enfrentar futuras perdas necessárias das nossas vidas.

A perda pode conviver conosco durante todo nossa vida.”

Trechos do livro Perdas Necessárias de Judith Viorst


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