“A presença da mãe – de nossa
mãe - representa segurança. O primeiro
terror que conhecemos é o medo de perdê-la. “Não existe nada semelhante a um
bebê”, escreve o pediatra e psicanalista D.W. Winnicott, observando que na
verdade os bebês não podem existir sem suas mães. A ansiedade da separação é
provocada pela verdade literal de que, sem alguém para tomar conta de nós,
morreremos.
Contudo, somos todos
abandonados pela mãe. Ela nos deixa antes de sermos capazes de entender que vai
voltar. Ela nos abandona para trabalhar, para fazer compras, para sair de
férias, para ter outro filho – ou simplesmente estando ausente quando
precisamos dela. Ela nos abandona para ter uma vida à parte, a sua vida – e precisamos
aprender a ter a nossa vida particular também. Mas, nesse ínterim, o que
fazemos quando precisamos de nossa mãe – precisamos de nossa mãe! – e ela não
está presente?
O que fazemos, sem
dúvida, é sobreviver. É claro que sobrevivemos às ausências temporárias. Mas
essas ausências nos ensinam um temor que pode nos marcar para toda vida. E quando
nos primeiros anos, especialmente nos seis primeiros anos de vida, somos
privados constantemente da mãe que precisamos, e cuja presença desejamos,
podemos ser tão prejudicados emocionalmente quanto o garoto encharcado com
álcool e queimado. Na verdade, essa privação nos primeiros anos de vida tem sido
comparada a uma queimadura ou a um ferimento extenso. A dor é inimaginável. A
cicatrização é difícil e lenta. O prejuízo, embora não fatal, pode ser permanente.
Essas separações
prematuras da primeira infância podem desviar nossas expectativas e nossas
respostas, podem desviar nosso modo de enfrentar futuras perdas necessárias das
nossas vidas.
A perda pode conviver
conosco durante todo nossa vida.”
Trechos do livro Perdas
Necessárias de Judith Viorst
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