“Muitas mulheres
me contam que, quando crianças, frequentemente se sentiam impotentes e
apavoradas quando estavam sozinhas, longe de onde estava o movimento, deixadas
no gelo, por assim dizer, como a criança infeliz da história de Hans Christian Anderson, o conto infantil
intitulado A peque vendedora de fósforos. Uma das fábulas infantis mais
inquietantes, que conta a história de uma garotinha órfã residente de uma vila,
onde ninguém lhe dá atenção. Para sobreviver ela vende fósforos na rua. Numa
noite terrivelmente fria de inverno, ela vagueia pelas ruas pedindo a estranhos
que comprem seus fósforos, mas ninguém compra. Seu consolo é olhar o calor da lareira de uma
família bem alimentada, através da janela da sala. Mais tarde, naquela noite, a
garotinha dos fósforos morre congelada de frio. Não existe uma história infantil
de exclusão mais angustiante do que essa.
A ausência de
uma ligação de amor durante a infância irá assombrar os anos de nossa vida
adulta: o terrível sentimento de não ter sido querido pelos pais amados, mais tarde
se tornará medo de não ser querido por um amigo ou desejado por uma amante. Às
vezes, o medo do abandono é suficiente
para nos estimular a permanecer em relacionamentos insatisfatórios ou danosos;
ou, por outro lado, a nos isolar, antecipadamente, contra a dor esperada pela
rejeição.”
Trecho do livro: A arte de viver só – Florence Falk - Editora Planeta
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