quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Vidraça


Rubem Alves

"Algumas pessoas olham através da vidraça, discutem sobre uma c asa que estão vendo, ao longe. Uma das pessoas diz que aquela c asa é habitada por um nobre, de hábitos aristocráticos e conservadores. Uma outra diz o contrário, que lá mora um operário, membro do sindicato, revolucionário. Uma terceira diz que os dois primeiros estão errados: ninguém mora na c asa. Ela está vazia. Pedem a minha opinião. Eu me aproximo, eles apontam através do vidro, na direção da c asa. Olho, olho, e concluo que alguma coisa deve estar errada c om os meus olhos. Eu não vejo c asa alguma. O que eu vejo são os reflexos do meu próprio rosto, nos vidros da vidraça..."
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Uma coisa que pode ajudar muito no nosso processo de autoconhecimento é reconhecermos que o que vemos no próximo é apenas um reflexo do que somos e do que temos dentro de nós. Quando olhamos e vemos qualidades ou quando olhamos e vemos defeitos somos sempre nós o que vemos. Bom pensar nisso quando estamos julgando, apontando os defeitos dos outros. Incomoda, mas amadurece.

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