Certa feita, em um grupo de desenvolvimento humano que eu participava, comentávamos sobre um caso, acontecido naquela ocasião, em que uma mulher tinha matado e esquartejado o marido. Perguntávamos como uma pessoa podia fazer uma barbaridade desta por tão pouco e a terapeuta que nos acompanhava colocou que o fato apenas desencadeou a ação, que era resultado da soma de muitos outros fatos que se acumularam ao longo do relacionamento. Nos últimos dias tenho lembrado muito disto.
Não sei se o que me assusta mais se é a intensidade do ódio que as
pessoas são capazes de sentir, aparentemente, por quase nada ou a capacidade
que elas têm de dissimular esse ódio ao longo de uma vida inteira, para expressá-lo
de uma só vez em um determinado momento. Desconfio que a dissimulação é bem
mais terrível, porque nos deixa sem
saber com quem estamos lidando e consequentemente ficamos se defesa. O fato é
que quando não existe amor as razões do outro são esquecidas e por qualquer
coisa a criatura se toma de ódio e passa
a perseguir e tentar destruir o outro. Só quando observamos sem nos identificar
é que podemos ver o quanto fica cega a pessoa que odeia. Ela perde a capacidade
de raciocínio completamente!
Nós espíritas vivemos tão
envolvidos com essa proposta de mudança,
com essa proposta de crescimento espiritual, vivemos nos cobrando tanto e
cobrando tanto dos outros uma postura cada vez mais voltada para o bem que
esquecemos completamente de como é a postura real da maioria das pessoas, que
vivem afastadas desses destes propósitos, e vez por outra somos apanhados de surpresa.
Enquanto o ser humano não resolver investir o máximo em
autoconhecimento, para chegar mais próximo de sua essência e conquistar maior
autenticidade vamos viver à mercê de pessoas hipócritas, superficiais e perigosas, que
vivem apenas de aparências e são boazinhas apenas para fazer seu show
particular para sociedade, sem se preocupar nem mesmo com as pessoas que chamam
de família.
Áurea Ribeiro
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