RYOKAN devotou sua vida ao estudo do Zen. Um dia soube que seu sobrinho, apesar dos conselhos dos parentes, estava gastando dinheiro com uma cortesã. Pelo fato de haver tomado o lugar de Ryokan na administração dos bens familiares e de a propriedade estar correndo o risco de ser perdida, os parentes pediram a Ryokan para fazer alguma coisa a respeito.
Ryokan teve de viajar um longo percurso para visitar seu sobrinho, que não via há muitos anos. O sobrinho pareceu feliz de encontrar seu tio novamente e o convidou para passar a noite.
Durante toda a noite Ryokan sentou-se em meditação. De manhã, quando estava para partir, disse ao jovem: "Devo estar ficando velho, minha mão treme muito. Você pode me ajudar a amarrar o cadarço da minha sandália de palha?"
O sobrinho o ajudou de bom grado. "Obrigado", concluiu Ryokan, "sabe, um homem se torna mais velho e mais fraco a cada dia. Cuide bem de você mesmo." Então Ryokan partiu, nunca mencionando uma única palavra sobre a cortesã ou as reclamações dos parentes. Mas, daquela manhã em diante, as dissipações do sobrinho terminaram.
Extraído do Livro "Histórias Zen", de Paul Repps
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Cada um de nós tem um jeito próprio de resolver seus problemas. Essa pretensão nossa de querer resolver os problemas dos outros à nossa maneira é um sinal claro do quanto trazemos de orgulho e prepotência em nós. Pensamos que possuímos os outros e somos capazes e dirigir a vida de cada um que está ao nosso redor. Pensamos que o nosso olhar sobre problemas do outro ou sobre o outro de uma forma geral é o único verdadeiro. Ninguém conhece melhor um problema do que aquele que está passando por ele. Podemos até sinalizá-lo sutilmente, mas jamais podemos querer que as coisas sejam resolvidas do nosso jeito. Cada um tem o seu ritmo, o seu jeitinho de resolver suas questões no seu próprio tempo e quando não consegue vai no tempo de Deus, mas nunca no tempo do outro. Essa invasão na vida alheia pode causar muitos prejuízos para o nosso próximo e comprometimento nosso perante a Lei de Deus. Quando acreditamos realmente em Deus e vivemos em paz conseguimos observar como até as pequenas coisas acontecem no Universo, porque o ele é todo harmonia e tudo nele acontece no ritmo de Deus. Tudo acaba bem. Só não acaba bem quando interferimos nos processos de aprendizado nossos e dos outros, porque aí queremos brincar de Deus e aplicar Suas Leis aos outros e a nós mesmos de acordo com a nossa interpretação.
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