sexta-feira, 14 de março de 2014

Círculo vicioso


Machado de Assis
Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:

"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume"!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vagalume!
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É assim é a alma humana.

Como incomoda as conquistas dos outros... como incomoda a felicidade dos outros!

Alguém falou que o bom amigo é aquele que suporta a nossa felicidade. Mas só conseguimos identificá-lo se tivermos uma capacidade de observação bem desenvolvida, porque temos uma tendência de ver com o coração ou só vemos no outro o que existe dentro de nós. E, decididamente, não podemos conhecer nem todas as nossas máscaras imagine as dos outros. Se observarmos as reações dos outros diante das nossas conquistas, sem nos identificarmos com a situação,  podemos ver o quanto de maldade carrega o coração humano. As vezes se entristecer não basta, mas é preciso destruir  o outro. Sinto uma curiosidade imensa de saber o sente um coração capaz de fazer algo assim. O que sente depois de ter conseguido destruir o outro. Quero acreditar que apenas um grande vazio. O vazio do coração que não sabe amar.

Quanto mais vivo mais reconheço a importância do silêncio não só como uma ferramenta para nosso crescimento humano, mas também como defesa pessoal. Calar e observar sempre, sempre e cada vez mais
Áurea Ribeiro

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